quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Até Sempre José Manuel Constantino!


 

segunda-feira, 12 de agosto de 2024

PORTUGAL PERDEU JOSÉ MANUEL CONSTANTINO


Considero uma honra ter sido Mandatário de José Manuel Constantino nas suas três candidaturas a Presidente do Comité Olímpico de Portugal.

Durante estes 11 anos da sua presidência tive a oportunidade — até porque fui por si convidado para o cargo de membro da Comissão Consultiva de Treinadores de diversas conversas com ele e das quais guardo o ganho de conhecimento que melhorou o meu conhecimento sobre os mais diversos factores da mútua paixão do Desporto.

Nos 11 anos em que presidiu ao COP,  teve a responsabilidade da Equipa de Portugal nos Jogos do Rio, de Tóquio e Paris, deixando o legado de 9 Medalhas — 2 de Ouro, 3 de Prata e 4 de Bonze — totalizando 25% das 32 medalhas conquistadas por atletas portugueses a que se juntam 40 diplomas olímpicos. Um marco! A que se junta o facto de, pela primeira vez, as atletas femininas (37), terem mais um elemento do que o conjunto masculino (36)… e sabe-se como o Presidente do Comité Olìmpico de Portugal se bateu para que o desporto feminino atingisse o valor da cidadania.

O seu falecimento, onde podemos perceber a demonstração da resiliência que o acompanhou nos últimos tempos na realização de uma missão a que se tinha imposto, para além de representar uma enorme perda quer para Portugal quer para o seu Desporto, junta-se ao Encerramento dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 onde a Equipa Portugal da sua responsabilidade, conseguiu os melhores resultados desportivos olímpicos de sempre. Honremos a sua memória, garantindo o descanso do seu espírito. Até sempre, José Manuel Constantino!


segunda-feira, 20 de maio de 2024

VISÃO E CORAGEM

Antigo atelier de João Braula Reis na Rua Visconde da Luz, nº 13, Cascais

 Texto lido na sede da Ordem dos Arquitectos  em 23 de Abril de 2024 num encontro “As Brigadas de Abril” de homenagem a Nuno Teotónio Pereira e Nuno Portas e em que lembrei João Braula Reis, nosso colega e que emprestou o seu atelier de Cascais para o plenário de 5 de Março de 1974 em que participaram cerca de 200 militares representantes do então Movimento dos Capitães. A lembrança representa a nossa justa homenagem a um arquitecto, também ele contribuiu para o 25 de Abril de 1974.

Nesta conversa sobre “As Brigadas de Abril” que servirá para homenagear Nuno Teotónio Pereira e Nuno Portas, gostaria de lembrar um outro arquitecto que tem uma história relacionada com o início da revolução que nos trouxe até aqui.


Co-autor com Nuno Teotónio Pereira do Franginhas e porque aí existia a única empresa lisboeta — a Sinase— que alugava espaços para reuniões, foi por muito pouco que não viram realizar-se no seu edifício uma das mais importantes e decisivas reuniões do Movimento dos Capitães. Tudo estava preparado com as regras de segurança necessárias a uma reunião clandestina, com os participantes espalhados por 18 cafés e pastelarias da cidade de Lisboa e prontos, naquele dia 5 de Março de 1974, para, à hora conveniente, se dirigirem ao edifício da esquina Braancamp/Castilho. Mas algo fez desconfiar os responsáveis Vasco Lourenço e Otelo Saraiva de Carvalho que, reorganizando as tropas, decidiram ir reunir-se para outras paragens.


O recurso foi o Major de Engenharia Sanches Osório que, em paredes-meias do Estado-Maior, mantinha a amizade com o seu antigo capelão do Colégio Militar, Padre Braula Reis, Tenente-Coronel Graduado. Conversa sobre salão paroquial daqui e dali e a lembrança surgiu: o irmão, o arquitecto João Braula Reis, tinha um atelier em Cascais. Feito! E, num instante, a palavra passou: atelier do arquitecto Braula Reis no número 13 da Visconde da Luz em Cascais!


Foram cerca de 200, representando uns outros 600, que chegaram ao 1º andar do atelier. E enquanto uns tinham receio que o piso, com tanta gente, abatesse, outros, como Vasco Lourenço, Vítor Alves e Nuno Pinto Soares, subiam para os estiradores para dizerem ao que estavam ali. E se nem tudo correu da melhor forma, ouvindo-se por tudo quanto era lado a enorme vozearia por discordâncias de pormenores (embora a palavra independência fosse um pormaior…), os objectivos, neste plenário de 5 de Março de 1974 que, segundo Vasco Lourenço, terá definido o avançar para o derrube da ditadura, foram atingidos com a aprovação de três posições fundamentais como foram as decisões de derrube do regime por acção da força, de elaboração de um programa político, delegando em Melo Antunes a responsabilidade da sua elaboração para que definisse as linhas futuras com base no texto “O Movimento, as Forças Armadas e a Nação” então aprovado pela assinatura, em papel selado, de 111 dos presentes e ainda, que fossem escolhidos, desde que aceitassem o futuro Programa do Movimento das Forças Armadas, Costa Gomes e Spínola para futuros Chefes.


Dias depois as consequências ressaltaram: 4 capitães foram compulsivamente transferidos 2 para os Açores, 1 para a Madeira e outro para Bragança.  Mas, apesar dos avisos e dos riscos, o Movimento mostrava-se imparável.


O nosso colega arquitecto João Braula Reis, ao permitir a utilização do seu atelier para o plenário de 5 de Março de 1974 do Movimento dos Capitães, sabia bem os riscos que poderia correr — o seu parceiro Nuno Teotónio Pereira continuava preso em Caxias… — e cabe a nós, neste momento de Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, lembrar, com o devido agradecimento e homenagem, a abertura de portas que permitiu a passagem do Movimento de Capitães para o agregador Movimento das Forças Armadas, o MFA, que, possibilitando a enorme vitória do 25 de Abril, acabou também por abrir, para todos nós, as portas da Liberdade e da Democracia em que hoje vivemos. Obrigado caríssimo colega, João Braula Reis! A sua memória está connosco e estamos-lhe gratos pela sua visão e coragem! 


Lembrá-lo nestes 50 anos, nesta casa e neste Auditório Nuno Teotónio Pereira, é um acto de justiça. 

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