sexta-feira, 30 de julho de 2010

Pega Azul

Pega Azul ou Charneco
Cyanopica, cyanus 

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Calor

- À praia?! Com este calor?! Só à noite...

Manta Rota, Algarve

terça-feira, 27 de julho de 2010

Na prática...

Juntamente com alguns amigos, poucos, tenho usado no quotidiano da vida profissional o conceito de que:
Não me tenho dado mal e lembro-o muitas vezes quanto é preciso encarar as coisas e encontrar soluções.
"Na prática, a teoria é outra!".


Recentemente encontrei uma citação atribuída a duas pessoas - Jan L. A. van Snepscheut (1953/1994), cientista de computadores, e Lawrence Peter "Yogi" Berra (1925/..), americano, jogador, treinador e manager na American Major League de Baseball  - que significa o mesmo:
"Em teoria, não há diferença entre teoria e prática. Mas, na prática, há."
A conclusão é simples: sendo na prática outra a teoria, é preciso conhecer teoria para o perceber.

Coração em Miramar

                                Miramar, casa anexa ao atelier de José Oliveira Ferreira, escultor e autor, com o irmão arquitecto Francisco de Oliveira Ferreira, do Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular em Entrecampos

O amargo da derrota

“Se o meu casamento mudou alguma coisa?! Não, a derrota continua a ter o mesmo sabor amargo de sempre…"
Andy Roddick, tenista americano, 9º lugar ATP

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Indicadores de Ambiente

Pernilongos (Himantopus himantopus), Herdade da Abegoeira, Mourão
"As aves são indicadoras do estado do ambiente. Se estiverem em dificuldades, então saberemos que também nós em breve o estaremos"
                                         Roger Tory Peterson, ornitólogo americano (1908-1996) in Público
Colhereiros (Platalea  leucorodia), Finca da Tapadinha, Mourão

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Nabuco de Verdi

foto de telemóvel

No mesmo dia que o antigo Prince cantava na Praia do Meco - excelente concerto, garantiram-me os meus filhos - safei-me do caótico engarrafamento (como é que se pode levar uma multidão para aquele sítio?) e, com a Ana, fui para o Largo de S. Carlos ouvir Verdi. Excelente concerto - só possível por se tratar de uma Instituição Pública, lembro, e que proporcionou a muitos que nunca entraram no Teatro o acesso ( e talvez o vício) a um espectáculo musical diferente (palco composto, de vestimenta elegante, comando de uma maestrina, com diferentes rituais e uma explicação cuidada a contextualizar).

Terminou o espectáculo - e terminou muito bem - com o Nabuco. Não foi a vez mais impressiva que o ouvi. A audição mais impressionante a que assiste foi em Viena... no Prater - um estádio de futebol em Maio de 1990.

Preparava-se o Milan-Benfica para a final da Taça dos Campeões - do lado italiano jogavam as tulipas holandesas: Gullit, Van Basten e Rikjaard. A Cidade de Lisboa, por decisão do Jorge Sampaio, tinha ido em peso para Viena - cozinha com Michel, fados com Luz Sá da Bandeira, musica com Olga Prats e Heróis do Mar, José Mário Branco para surpreender a mulher do 1º Ministro austríaco que tinha vivido em casa dele refugiada da guerra, mais isto e mais aquilo, aproveitando o futebol para mostrar a austríacos que existíamos. Viena admirava-se - como é que vocês têm esta música? - com o que ignorava  e nós, benfiquistas e lisboetas, enchíamos o peito de fezada. Nas bancadas do estádio, lançamo-nos... cantou-se o cheira bem, cheira a Lisboa. Contentes aplaudimo-nos a aquecer para a certeza de um fartote de golos encarnados.

A resposta veio de imediato. Muitos mais do que nós - quase o triplo - responderam com  o Nabuco de Verdi, essa espécie de hino italiano.

O momento foi inesquecível.... e também a certeza que o jogo se começara aí a perder.

domingo, 18 de julho de 2010

Se o Mundial de Futebol fosse de Rugby...

… o Gana teria ido à meia-final do Mundial e o Uruguai teria ido para casa mais cedo. Se fosse rugby também não haveria assembleias de mandar vir a envolver o árbitro cada vez que fosse marcada uma falta com paragem do jogo. Se fosse rugby tão pouco se ganharia alguma coisa com as ditas faltas inteligentes feitas a meio-campo para cortar a vantagem do adversário. Se fosse rugby qualquer agressão não detectada pelo árbitro levaria ao castigo do prevaricador pelas entidades que superintendem à modalidade. Se fosse rugby, as bolas entradas na baliza seriam golos e o aproveitamento do fora-de-jogo deixaria de ser possível.
O Gana teria passado porque, se fosse rugby, a falta do uruguaio Suarez – defendendo sobre a linha de golo com as mãos – daria um golo de penalidade; não haveria assembleias porque, a cada mandar vir, o local da falta avançaria 10 metros no terreno; nada se ganharia com faltas inteligentes porque iria haver cartão amarelo com saída do faltoso por 10 minutos, marcação de falta com conquista de terreno e de novo direito á posse da bola; os golos eram golos e os fora-de-jogo seriam fora-de-jogo porque haveria recurso imediato às novas tecnologias que informariam árbitros e espectadores da realidade dos factos.

Ou seja: existe uma enorme diferença entre o entendimento do jogo de rugby e o jogo de futebol. No primeiro, toda a construção do sistema de leis do jogo tem por objectivo jogar de acordo com a lei, dando oportunidades idênticas a ambas as equipas; no segundo, a construção do sistema de leis do jogo permite o recurso constante à sua subversão e – pode-se mesmo dizê-lo – incentiva-o, permitindo vantagens ao dissimulador.

Se fosse rugby, o futebol era um jogo mais interessante com menos fanatismo e dando maior protagonismo aos melhores jogadores.

Se fosse rugby não seria possível pensar-se – como alguém anda por aí a pensar – que o jogador expulso deve ser substituído. Porquê? Porque diminuiria a violência, dizem. Com certeza. Principalmente porque seria possível montar uma equipa com o objectivo de baixar o pau sobre o mais perigoso adversário…

Se fosse rugby, os golos entrados seriam golos e os golos marcados em fora-de-jogo seriam anulados.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

24

Terminou o 24 de Jack Bauer. Durante anos segui os episódios que pude e gostei sempre daquele esquema simplesmente dramático: defesa patriótica de vale tudo, Presidentes abaixo do nível crítico, tensão torturante, tiro, faca, tecnologias, espionagem, toque e fuga e da fidelíssima O’Brian. O esquema era muito simples e o grande gozo era perceber quando iria entrar em acção a Lei de Murphy* para levar qualquer momento de vantagem à pior das situações. O truque era quase elementar mas suficientemente elaborado para funcionar sempre – mesmo nos últimos episódios de cada série em que o herói se tinha que safar. Série de culto diz-se.

                                       * Lei de Murphy numa das suas expressões: “Se alguma coisa pode correr mal, correrá e da pior maneira possível no pior momento possível.”

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Espanha campeã mundial

A Espanha ganhou o Mundial de futebol e confesso que gostei. Para além da afinidade ibérica, aquele futebol agrada-me - embora goste mais da acutilância da sua forma na expressão do Barcelona. A equipa espanhola jogou mais, foi melhor e mereceu ganhar o jogo - até porque a Holanda, sendo embora uma também boa equipa, recorreu com demasiada intensidade - para resistir e disfarçar fraquezas - ao baixar de pau.

Curioso é que o grande vencedor futebolístico deste Mundial é Johan Cruyfft, o holandês genial que encorporava a representação da laranja mecânica e que, como treinador, deu ao Barcelona - de que é Presidente Honorário - os princípios da dimensão futebolística que tem hoje.

Sempre gostei de Cruyfft - foi um prazer vê-lo jogar e quando o vi como treinador passei a ter em atenção o seu trabalho. Aprendi bastante com ele: conceitos e métodos. Não o conhecendo pessoalmente de lado algum tenho, enquanto treinador, afinidades comuns - para além de termos nascido no mesmo dia...

A vizinha Espanha ganhou o Campeonato do Mundo sem vedetas, apostando no colectivo, no espírito de equipa, na capacidade do todo se superiorizar à soma das partes - não seria altura de aprendermos alguma coisa com eles? Afinal, estão aqui mesmo ao lado...

(ET: e a vitória espanhola dará uma outra dimensão à candidatura mista ao Mundial de 2018)
(ET2: esta vitória da Espanha aumentou-me o amargo de boca que me ficou do EURO 2004)

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Lições do Mundial

A principal lição que o Mundial da África do Sul nos dá é simples: o colectivo é o mais de uma equipa. Pouco importa o número de vedetas, pouco importam as frases do cheios de vontade, estamos determinados, do queremos vencer etc. e tal. Importante, importante é a capacidade colectiva – a tal que transforma um todo numa soma superior à soma das suas partes. Por uma razão simples e mais do que conhecida – mas muito esquecida: não basta querer, é preciso poder. E poder, nos desportos colectivos, significa, no mínimo, ser capaz de ultrapassar os protagonismos individuais e alinhar um conjunto de normas que se traduzam num espírito de equipa capaz de fazer face aos momentos de pressão e às contrariedades inerentes ao jogo.

Os quatro semi-finalistas do Mundial são equipas que baseiam o seu jogo – as suas capacidades – no colectivo. A Espanha, agora finalista, mostrou-se exemplo maior desse espírito – o golo de Puyol só veio premiar um dos seus mais coerentes seguidores – dando uma enorme lição daquilo que pode hoje ser o Football Association. No Barcelona sempre me admirou a capacidade – claramente aprendida nas suas escolas – do movimento dos jogadores, libertando novas linhas de passe, e da exposição do conceito de que o movimento não termina no momento do passe. E esta Espanha mostra disso – naturalmente – grandes influências. Um gozo para a vista de quem gosta de futebol – e se bem percebi o que me explicaram há anos, um futebol que Mestre Cândido Oliveira não desdenharia.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Paul Krugman sobre a actualidade económica

"Apregoam a necessidade de apertar o cinto, quando o problema real é a despesa inadequada. [...]

[...] Diante deste quadro sombrio, podíamos esperar que os decisores políticos percebessem que ainda não fizeram o suficiente para promover a recuperação. Mas não: ao longo dos últimos meses tem havido um ressurgimento impressionante da defesa da moeda forte e da ortodoxia do equilíbrio orçamental. [... ]

[...] O que está em causa é a vitória de uma ortodoxia que tem pouco a ver com análise racional, e cuja principal doutrina reside em impor sofrimento aos outros como forma de mostrar liderança em tempos difíceis.

E quem vai pagar o preço deste triunfo da ortodoxia? A resposta é: dezenas de milhões de trabalhadores desempregados, dos quais muitos ficarão anos sem trabalho e alguns nunca conseguirão voltar a trabalhar."

Paul Krugman (Nobel Economia 2008), A terceira depressão, New York Times, Junho 2010

Retorno dos ais e dos quase

Ponto prévio: pese embora a tese da minha filha nunca estive muito convencido que a nossa selecção fosse capaz de chegar muito longe. Faltava-lhe liderança e talento para construir um colectivo capaz de ultrapassar os obstáculos de um Campeonato do Mundo. Portanto a minha decepção foi muito reduzida: era o esperado. Mas não deixo de ficar espantado com aqueles que julgam que temos uma das melhores equipas do mundo (dessas, só a de 66 que a TV deixa recordar) .

Desde que vi, no pior vivo que me lembre, o desperdício que representou a derrota contra a Grécia na final do Euro 2004 - era um povo inteiro a empurrar para a vitória - que não tenho grandes ilusões sobre a capacidade futebolística da selecção nacional. Há sempre muita vaidade, muito antes de o serem já o eram, muito convencimento e pouca exigência.

Desta vez a minha ilusão também não era grande. Ainda não tínhamos ganho nada e já eramos campeões. E assim fomos aos saltos, passando pelo play-off, até à África do Sul. Sem grande glória e com o entusiasmo de um 3º lugar no ranking que não consigo entender (no Rugby os pontos do ranking só contam com resultados contra equipas do mesmo nível ou superior, nunca contra os mais fracos).

Como se este estado de espírito - traduzível em atitudes passivas, mais de espera que de procura - não bastasse, a continuidade da entrega da braçadeira de capitão a Cristiano Ronaldo foi um claro e previsível erro de casting. Que contribuiu ainda mais para uma atitude errada e incapaz de transformar um grupo num conjunto superior à soma das suas partes.

Com a visita de Piennar - o grande capitão do XV Springbok que venceu o Mundial de Rugby em 95 e que foi capaz de liderar uma equipa de fracos resultados até então e transformá-la em campeã, sabendo sempre encontrar a palavra justa para puxar os seus companheiros do fundo do poço dos momentos críticos - ainda pensei que alguma coisa se iria alterar. Mas o que disse, a experiência que contou, os aspectos que focou, ou não foram percebidos ou foram dados como menores. A oportunidade perdeu-se, tudo ficou na mesma e o resultado, foi-se.

Como se sabe (ou deveria saber), as palavras não vencem jogos; a atitude, sim.

                                   Em tempo: escrevi este texto depois do jogo contra a Espanha; a sua publicação hoje permitiu condensá-lo e torná-lo de leitura mais simples. 

Arquivo do blogue

Seguidores