quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Nuno Teotónio Pereira


Foto: CM Lisboa
A Ordem dos Arquitectos homenageia hoje Nuno Teotónio Pereira que, para os arquitectos da minha geração (e suponho que não só), representou sempre um exemplo da ética da prática profissional e da cidadania. No desenho da sua obra aprendemos a essência da Arquitectura: humanismo e serviço numa sempre interessante e marcante presença urbana.
O Franjinhas - prémio Valmor 1971 que projectou com João Braula Reis e aqui representado - foi motivo de acesa polémica ao aparecer nos "Mamarrachos" do Diário Popular. Perdeu o jornal que desapareceu e ganhou o edifício que hoje ainda continua a coar a luz da cidade através dos elementos exteriores - a imagem de marca - que, no aquiali que definem, abrem perspectivas insólitas, alterando as vistas a cada movimento e subvertendo o costume num diferente acesso à quarta dimensão. O desenho da esquina, deixando uma rua deslizar na outra, continua, quase quarenta anos depois, a marcar o cruzamento da Braancamp onde existe.

Mais do que merecida, a homenagem é devida.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Irresponsabilidade

"Táctica sem estratégia é o ruído antes da derrota"
Sun Tzu (544-496 A.C.)


O que penso da actual situação? Penso que representa o retrato da irresponsabilidade e que traduz pura e simplesmente um abuso. Abuso dos poderosos ou dos que se pensam poderosos. Dos inchados de importância.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Repartir a fatia

"É verdade, uma boa ética de trabalho levá-lo-á longe. Conheço diversos profissionais bem qualificados convencidos que ninguém trabalhará tão duro quanto eles... Mas conheci muitas pessoas na base da escala salarial que trabalham igualmente duro e por uma retribuição muito menor. Entre 1980 e 2005, 1% dos americanos mais ricos levaram mais de 4/5 dos proveitos do país. Será que alguém pode honestamente acreditar que os restantes 99% não mereceriam levar para casa uma fatia do bolo muito maior?"
Jonathan Cohn, jornalista americano do New Republic, argumentando a favor de um imposto sobre os ricos, Time, November 1, 2010

domingo, 24 de outubro de 2010

Estudar sempre!

Num programa de televisão - SIC, Alta definição, 23/10/2010 - ouvi do treinador de futebol e seleccionador nacional com 35 internacionalizações, Paulo Bento e que cito de ouvido:
"Ao deixar a escola cometi um erro enorme. Fiquei dependente de uma oportunidade. Tive muita sorte..."
Como sorte assim não é para todos, não anda por aí aos trambulhões nem tão pouco à mão de semear, o dizer deveria ser aproveitado para mote de uma campanha de incentivo escolar numa parceria entre Ministério da Educação e as Federações desportivas, chamando a atenção de que, se todos pretendemos mais prática desportiva, maior capacidade desportiva, maior desenvolvimento desportivo, melhores resultados desportivos, nada se pode substituir ao estudo, à continuidade dos estudos, á formação educativa.

Estudos e desporto não se excluem mutuamente deve ser o entendimento geral. Para que a vida não seja apenas um jogo de sortes e azares...

Nicht habben saken

Não há saco!
Fartam-me cada vez mais estes doutores cheios de diagnósticos, dando-se uma importância desmedida - onde já vão os quinze minutos de fama a que Wharol nos deu direito... Mas não lhes ouço qualquer proposta de solução, qualquer demonstração de capacidade de resolução dos problemas - só queixas e prosápia. E o ar pomposo de conhecedores. 
Pergunto com Karl Valentin: e não se pode exterminá-los?

Importam-se de responder?

"Alguns dos economistas eminentes que comentam a crise com um catastrofismo e uma inevitabilidade dignos de nota ocuparam funções governamentais nos últimos 30 anos. Por que razão não fazem o balanço da sua acção governativa e explicam as responsabilidades que foram tendo na acumulação da tão sacrossanta dívida pública e do sacrossanto défice?"
São José de Almeida, Algumas perguntas in Público, 23 de Outubro 2010

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Grifo

Grifo
Gyps Fulvus
Portas do Ródão

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A Frase

"ESTAMOS BIEN EN EL REFUGIO, LOS 33"
Luis Urzúa, Don Lucho, no primeiro contacto depois de 17 dias de pouca esperança

O exemplo do essencial: situação, localização, reforço da situação. Sem mais. Um atestado da capacidade de liderança que levaria à ultrapassagem de 69 dias de calor, de humidade, de escuridão, de fome e sede, numa prisão a 700 metros de profundidade .

Não vem que não tem

O mais irritante, cansativo mesmo, desta altura da crise é ter que ouvir uma série de barrigas-cheias a dar moral, plantados na pantalha em perorações cheias de si mesmo.

Que se deveria ter feito assim, que se deveria ter feito assado, sempre com a receita na ponta da sua importância e de repente – que a memória tem destas coisas – lembrámo-nos que foram ministros, responsáveis disto e daquilo, que tiveram as oportunidades necessárias e que fizeram uma qualquer outra coisa distinta daquilo que deveriam fazer – ou que dizem agora dever fazer-se.

Os brasileiros têm uma expressão notável para expressar o meu estado de espírito: não vem que não tem! Tudo dito com a inferência necessária: não tenho saco onde caiba o teu paleio!

NÃO VEM QUE NÃO TEM!

Um ex-ministro, o sr. Mira Amaral, escreveu, dias atrás, que seria a classe média a pagar a crise porque, eis a razão, “como se sabe, em Portugal, os ricos não pagam impostos”. Olímpico! E a culpa, menino, a culpazinha, a responsabilidade, é de quem? De quem por lá andou ou de quem nunca lá chegou? Pouco importa desde que não se percam os quinze minutos seguintes da fama wharoliana.

Outros, do alto da sua esplêndida presunção de senhores professores (não fixei o nome no Prós&Contras), vêem demonstrar-nos que a falta da capacidade de poupança das famílias se deve à sua liberdade de escolha – à sua quê?! Distinto e claro: à liberdade de não saber ler a linguagem ininteligível dos contratos, de não conseguirem resistir às promessas vantajosas do papel feito produção de coisa nenhuma, de acreditar na explicação cor-de-rosa dos que, marcando pontos, garantem o negócio financeiro dos bancos – dos sub-primes, das hipotecas de que se desconhece paradeiro, das promessas incumpríveis de juros impossíveis. Dessa imensa liberdade de explorar o próximo sem qualquer ética ou remorso – é a sobrevivência do mais forte, debitam na consciência para confortável alívio e doce remanso (a propósito e para que conste: Darwin, não pôs assim a questão).

NÃO VEM QUE NÃO TEM!

Como é possível ainda, aceitar uma Justiça que se mede por um dirigente sindical dos juízes que para se queixar do corte salarial – menor que o meu que nunca tive qualquer subsídio de renda – lança atoardas, numa sede conspirativa de serviço a frio, sobre putativa vingança por causa dos boys. Não há senso? Ainda por cima, como mostrou Miguel Sousa Tavares, enganando-se nas contas… e sem que os tribunais andem mais depressa e cumpram a missão que o direito da democracia exige.

NÃO VEM QUE NÃO TEM!

E que tal se esse enorme conjunto da sabichões, ordenadores de equações, pensadores da coisa feita, orientadores e servidores piedosos, fossem capazes – sendo verdade que a palavra crise pode ser associada à ideia de oportunidade – de criar oportunidades que nos tirassem da cepa torta. Com tantas ideias e tantas certezas, a coisa, pela certeza das mesmas coisas, vingaria.

NÃO VEM QUE NÃO TEM!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Gaivotas




Gaivota-argêntea
Larus argentatus

"À parte serem lindas. Elas planam, na boleia do vento, curiosas acerca de onde ele as levará. Quando aterram, recolhem as asas com pressa de mais, como se não quisessem confundir-se com aves. Depois passeiam, mais pedantes do que pomposas, até pararem quietas, num vasto colóquio onde ninguém fala mas todos se conhecem, falando para dentro, como autoridades tão pançudas como dogmáticas, que mais ninguém entende.
Chegam sempre tardias, sozinhas ou em pares. Mas quando partem, partem todas ao mesmo tempo. Voam connosco e levam-nos com elas. Por muito que ouça difamá-la, não lhes acho um único defeito"
Miguel Esteves Cardoso, Ainda ontem, "As gaivotas ciganas", Público

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Mineiros do Chile

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Bernardinho campeão

O objectivo é claro:
TRANSFORMAR SUOR EM OURO
A estratégia resume-a a uma fórmula simples:
TRABALHO+TALENTO=SUCESSO
e com estas duas "ferramentas" sempre presentes Bernardo Rezende, o Bernardinho, é, de novo e com o seu Brasil, Campeão do Mundo de Voleibol.

Tem um livro - o da imagem que me ofereceu com amiga dedicatória - que vale a pena ler, pelo lado do desporto e pelo lado da empresa. Trata do que nos preocupa: como formar equipas vencedoras. No desporto e na empresa.

Não sei se haverá alguém que tenha conquistado tantos títulos tão importantes como o Bernardinho: olímpicos, mundiais e continentais - alguns por mais de uma vez. Para além das suas qualidades humanas - criou o Instituto Compartilhar que tem como Missão o desenvolvimento humano através do desporto tendo como objectivo actuar junto das camadas mais desfavorecidas, favorecer a igualdade de oportunidades e promover a protecção da infância e adolescência - é notável o espírito de conquista que, apesar das inúmeras vitórias, este economista de formação ainda mantém intacto (e sedento...).

Ter a companhia do Bernardinho é sempre um enorme prazer  a que se acrescenta uma sempre renovada fonte de conhecimentos e de novas abordagens. Com ele - por parodoxal que pareça entendo o ataque do vólei próximo do ataque do rugby - passamos finais de jantares a mexer copos e a trocar ideias sobre novas jogadas. Ainda agora, via TV, notei no Mundial uma combinação capaz de surpreender defesas. Vai ser engraçado testá-la.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Paulo-Guilherme

Se não sabes, pergunta.
Se não te respondem, procura.
Se não encontrares, inventa.
Vais ver que descobres...


Quando o conheci perguntei-lhe se ele era o menino preguiçoso do livro do seu pai*. Disse-me que sim - achei graça porque o tinha lido na escola primária. Foi na altura de uma palestra sua sobre a paixão do dito Poliptico de S. Vicente de Fora. Já então tinha lido o seu livro "...o segredo, o poder e a chave", um tratado pleno de relações matemáticas e proporções geométricas. Absolutamente genial. Logo no propósito: um manual de instruções para a leitura da Batalha e dos seus segredos - e da descoberta do tesouro dos templários que aí colocava porque Como diria o Senhor de La Palisse/ se o tesouro dos Templários/ não se encontrou/ em parte alguma/deve continuar a estar/ em qualquer parte. As tábuas em dois tripticos - a janela gótica a desenhar-se no capacete de um guerreiro. Lá em cima, Afonso Domingues, o arquitecto cego - já viram aqueles olhos?... - com a sacola de desenhos e a cofragem de madeira. O livro é belíssimo e cheio de geometrias notáveis, a ideia excelente - pouco importando se resulta verdadeira ou não.

Repito: genial! Que o procurem e leiam.

Também o seu O Dilúvio de Quéops notável.

Faleceu sábado passado. Tenho muita pena e sinto-o profundamente. Gostava da inteligência da sua cultura e criatividade.

* História de Portugal para meninos preguiçosos, Olavo D'Eça Leal com ilustrações de Manuel Lapa

Paulo-Guilherme D'Eça Leal (1932-2010), gráfico, pintor, designer, ilustrador, escritor, cenarista, arquitecto, fotografo, poeta e o que mais a criatividade permitisse.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Anti-doping

Pese embora alguma desvalorização do problema, o Secretário do Desporto de Espanha, Jaime Lissavetsky,  acabou por reconhecer - não nos esqueçamos que perdemos [os Jogos Olímpicos de 2016 em] Madrid por causa do doping - a importância da luta contra o doping de acordo com os padrões internacionais vigentes.
Ou seja, a questão que relaciona o futebol português e a ADOP tão referida pela criação de má imagem à candidatura luso-espanhola ao Mundial de Futebol coloca-se rigorosamente nos antípodas do que alguns ilustres pretendem fazer crer: o rigor do combate anti-doping, longe de criar problemas, só marca pontos na cena desportiva internacional.

Irresponsabilidade

"De qualquer maneira, a mera teatralidade da atitude de Passos Coelho, que se já se reflecte no mercado financeiro internacional e no ambiente doméstico, não passa de um acto de irresponsabilidade",
Vasco Pulido Valente, Opinião in Público de 10/10/10

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Do Desporto à Empresa

Fui recentemente, em companhia do Manuel Pedroso Marques, convidado pela administração da EMEL – a empresa de estacionamento de Lisboa – para ir fazer uma palestra aos seus quadros sobre a construção das equipas, tendo por base a construção das equipas desportivas (Pedroso Marques falou de estratégia). Mostrar pontes entre uma equipa desportiva e uma equipa empresarial, assinalando as vantagens da relação, era o desafio que me era colocado.

O desafio não era simples – a EMEL tem uma espécie de dupla personalidade: por um lado, procura melhorar a qualidade de vida dos lisboetas (é isso que pretende mostrar na sua publicidade); por outro, não é vista como amigável por grande parte dos automobilistas que usam Lisboa – não lhes garante lugares, obriga-os a pagar por eles e multa-os sempre que pode. Comparando, poderia dizer-se que se comportam muitas vezes como Cardoso ao mandar calar a massa associativa benfiquista – desprezando, exagerando relativamente, aqueles que os sustentam.

A questão era portanto mostrar-lhes os princípios que permitem a construção de uma equipa capaz – propósitos definidos, perspectivas alinhadas e movimentos sincronizados – e como é possível aplicá-los às empresas no sentido de melhorar a sua capacidade e produtividade.

Mesmo atendendo às diferenças – numa equipa desportiva é, muitas vezes, a eficácia o factor determinante do sucesso; numa empresa a eficiência ganha uma importância relevante – há muito daquilo que se sabe, utiliza e procura nos desportos colectivos para utilizar nas empresas.

Foi divertido – eu gostei, eles gostaram (ou, porventura apenas por simpatia, assim mostraram).

Muitos dos quadros da EMEL talvez tenham percebido o funcionamento das equipas desportivas – o que, mesmo que não o tenham conseguido relacionar com a aplicação empresarial, pode permitir-lhes compreender melhor as prestações semanais das equipas dos seus clubes… – e que há um domínio na área do desporto que, por ser uma espécie de cadinho social – onde tudo se passa mais depressa e de forma mais intensa – permite ilações pertinentes para a produção empresarial.

A dificuldade do trabalho em equipa – forma complexa de organização onde se relacionam competição e cooperação – reside no facto de ser necessário articular as expectativas individuais e alinhá-las pela perspectiva dos objectos colectivos. Não é fácil mas as grandes equipas fazem-no: garantindo que o todo se torne maior do que a soma das suas partes.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

VIVÁ REPÚBLICA!



Hoje comemorámos o Centenário da República (5-10-1910/2010) cujos ideais consolidam a primazia do cidadão sobre o súbdito e do direito sobre o privilégio.

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