terça-feira, 30 de novembro de 2010

Austeridade

Mark Blyth, professor de ciências políticas na Brown University
youtube.com
O bolo é o mesmo e as mesmas são as pessoas. O que significa que não há retórica que altere esta realidade:
se poucos ficarem com muito, sobrará pouco para muitos

e por isso resulta que:
aqueles que mais sofrerão são os que menos podem.
E não há retórica neo-liberal que o inverta.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Três secos

Há duas características, também essenciais, nos campeões:
- capacidade de aprender com os próprios erros;
- capacidade para não cometer duas vezes o mesmo erro.

Por falta evidente destas capacidades o Benfica saiu da Champions e está com 10 pontos de atraso em relação ao primeiro do campeonato interno.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

IMPROVISO

Não há improvisos – nós gostámos, achamos que é uma nossa qualidade particular que nos caracteriza e distingue, mas não passa de uma forma de preguiça, de deixar o tempo correr, de falta de previsão e de incapacidade de antecipação.
Os Óscares – o espectáculo do melhor cinema na visão americana - já nos tinham mostrado que cada um diz o que deve – pensado, escrito, antes. Ensaiado. E com muitas preparações que nunca verão a luz da ribalta.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao deixar a sua marca no Livro de Honra do Palácio de Belém, copiou a meia-dúzia de linhas da sua mensagem dum cartão que tirou do bolso e que guardou posteriormente. Sem improviso. Pensado e reflectido.

O improviso é para situações imprevisíveis. Deixar que seja o improviso a resolver o previsível representa perca de tempo, de qualidade e abre espaço ao risco desnecessário. Mas o improviso, para que não seja uma imprevisível apanhadela na curva, prepara-se e antecipa-se: como bem sabem desportistas de rendimento ou músicos de jazz.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Eu vi!

Ganhar quatro a zero aos campeões do Mundo (e da Europa) é obra. E a jogar bem. Pena é que só metade do estádio o visse – a malta não gosta de bola, só do clube é o que é! Campeões do Mundo, os tipos que nos enchem as medidas no tiki-taka e do outro uma data de portugas que jogam lá fora. Dos melhores do Mundo. E a malta a ignorar. Abençoados dos que viram. Um golo do Ronaldo em brincadeira de treino com o companheiro Casillas com a bola a dar as voltas precisas que a ganância do Nani tirou - se houvesse campainhas nas traves da baliza a bola já lá estava e o golo alinhava no youtube para o mundo ver: golaço! A malta não gosta de bola, só do clube é o que é!

Um petardo do Carlos Martins que a Luz chorará sempre que fizer falta ao Benfica, golo dobrado do Postiga, outro do Hugo Almeida a fechar. Quatro e os espanhóis da bancada a puxar e a malta a rir-se, a achincalhar com olés. Uma festa dos abençoados que lá foram. A malta não gosta de bola, só do clube é o que é!

Jogamos bem, subidos, a pressionar, sem medos, com os fantasmas do medo desinstalados do banco e atirados para as calendas da má-memória.

O mito foi-se e o Paulo Bento impôs-se com a primeira faceta que capacita um treinador: comunicar com os jogadores de maneira que possam comunicar uns com os outros. O estádio meio vazio: a malta não gosta de bola, só do clube é o que é!

Lembrei-me do António Oliveira: quem viu, viu; quem não viu, visse! Eu vi!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Siza honoris causa


11 de Novembro de 2010 -f oto de telemóvel
 A Universidade Técnica de Lisboa atribuiu, na Faculdade de Arquitectura de Lisboa, o título de Doutor Honoris Causa a Álvaro Siza.

Lisboa, depois de o ver resolver o Chiado, os Terraços de Bragança, a estação de Metro Baixa/Chiado e o deslumbrante pano de tenda que articula a passagem dos deuses com a porta dos humanos do Pavilhão de Portugal, assegurou Siza como um dos seus. Da sua comunidade académica, científica, artística. Do seu quotidiano.

A arquitectura de Siza é um enorme caderno cultural – da cidade de onde vem, do país a que pertence, dos caminhos que percorre. Passear pelas suas obras exige uma predisposição – um fascínio até – para se deixar surpreender: num pormenor do desenho, num pormenor construtivo, na junção de dois materiais, num alinhamento que abre diferentes perspectivas à interpretação da envolvente, à visão de integração urbana ou na abertura de novas vistas até então insignificantes. A arquitectura de Siza junta-nos num complexo de momentos inesquecíveis que aceleram o passado - da história e das muitas estórias do lugar - com o futuro que nos propõe.

Esperança foi a palavra que fechou a sua alocução.


Museu Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, Brasil; 1998/2008

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A Frase

"O Benfica é como eu: vai ao Porto para não fazer nada e comer bem"
                                  
Miguel Esteves Cardoso aos 72' do Porto,5-Benfica,0 em http://static.publico.pt/sites/storify/

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Salto

Golfinho
Açores, canal entre as ilhas de S. Jorge e Pico

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Uma pérola

Mais ou menos inocentes, mais ou menos bem-pensantes, eles andam aí!
"A democracia é um obstáculo à felicidade colectiva e persistir nessa teimosia obsoleta conduz-nos ao abismo." João Pinto e Castro in Jornal de Negócios
Vale, em contraposição de peso, lembrar Winston Churchill:
"A democracia é a pior forma de governo salvo todas as outras formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos." Câmara dos Comuns, 11 de Novewmbro de 1947
... nomeadamente uma qualquer iluminada ditadura.

                                                                        "Democracy is the worst form of government except from all those other forms that have been tried from time to time"

terça-feira, 2 de novembro de 2010

De então para cá

Conhecer a História tem a enorme vantagem de se poder saber como chegámos até aqui, até hoje e que caminho percorremos para o conseguir.

E assim também nos permite conhecer erros cometidos, as suas causas e consequências – fornecendo-nos dados, ferramentas, armas, capacidades, controlos, e mais tudo aquilo que a inteligência e a cultura possam retirar dessas lições para que saibamos não repetir os mesmos erros.

Em 1926, depois de ter liderado o pronunciamento militar de 28 de Maio, o golpista e general Gomes da Costa, lançou:

“O meu propósito é ir contra a ação nefasta de todos os políticos e dos partidos e de pôr fim a uma ditadura de políticos irresponsáveis”
Sabemos, apesar do pronunciador-chefe ter sido em pouco tempo exilado para os Açores, o que se seguiu: 48 anos de repressão e de atraso de que só o 25 de Abril nos libertou.

Nestas alturas em que aqueles a quem entregamos a responsabilidade têm como única preocupação o tacticismo do seu próprio interesse, seria bom que conhecessem e reflectissem sobre a nossa História recente. Para evitarem – como é seu dever – que a História se repita – não na forma, mas nas consequências.

No seu blogue “duas ou três coisas”, Francisco Seixas da Costa – embaixador, antigo governante e meu amigo – avisa e propõe:

“Os tempos estão tensos, as pessoas tendem a radicalizar posições, os antagonismos podem aumentar. É nestas alturas que temos de ser mais vigilantes sobre nós mesmos, em que devemos parar para pensar, para decidir, para optar. É nos tempos difíceis que se mede a serenidade de um país, a sua maturidade como nação. Temos quase nove séculos, passámos por crises muito mais graves e, com esforço, fomos capazes de as superar. Este é talvez um dos momentos em que se pode aplicar a frase de John Kennedy: "não perguntes o que o teu país pode fazer por ti, pergunta o que tu podes fazer pelo teu país".”
É obrigação de quem foi eleito para qualquer poder – deputados, autarcas, Presidente da República – ou responsabilidade, garantir que a situação não se transforma em puro e simples abuso dos mais fracos, dos excluídos ou desprotegidos.

Hoje, a forma usada por Gomes da Costa para derrubar o poder democrático não será tão directa como então. Contudo e embora mais sofisticada, menos visível e mais insidiosa, não deixará de pôr em causa a nossa Liberdade, o nosso Estado social, o nosso direito comum, a nossa cidadania.

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