domingo, 24 de novembro de 2013

Quem deixa subir, ganha

Segundo o publicado nos jornais, o ministro responsável pelas polícias exigiu responsabilidades sobre o que se passou na escadaria de S.Bento. Demissões até. O Director Nacional da PSP, em vez de procurar responsáves na sua corporação, apresentou a sua demissão. Resolveu um problema, demonstrou o que pensava sobre a situação e manteve intacta a sua verticalidade em relação aos membros da sua corporação que, óbviamente, o considerarão como homem digno.
O ministro das polícias, principal responsável pelo seu controlo, direcção e superintência aceitou, com alívio suponho, a demissão e manteve-se no seu lugar, passando ao lado de qualquer responsabilidade própria.
Pronto! É assim nesta forma de governar - a culpa, a responsabildade, pertence aos outros, nada fica em casa.
E espanto! segundo os jornais, foi nomeado Director Nacional da Polícia o anterior responsável da Unidade de Segurança da Polícia. Se li bem e percebi melhor, o responsável pelo corpo policial que permitiu a subida da escadaria parlamentar será o novo Director Nacional da PSP. Ou seja e se assim for: nem o soneto se aproveita; tão pouco o ar engravatadamente solene como se anuncia a capacidade de resolver os problemas. 
Maldita frequência do sítio...

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Salto de escadaria

A Polícia, num repente, trepou a escadaria de S. Bento - as escadas do Parlamento sempre proibidas aos normais manifestantes - contra a própria Polícia. O que significa?
Significa que a Polícia quis demonstrar aos governantes que devem ter cuidado e que não podem pensar contar com eles eternamente. Que as defesas serão, depois do salto do primeiro degrau e subida ao limite, relativas.
Ou seja, a Polícia levantou a ponta do véu do significado dos avisos de Mário Soares: isto pode tornar-se perigoso!
Claro que pode! E o ar de peito-feito às balas - a fazer-se de engravatada coragem - feito em frente às câmaras de televisão não fará o mundo andar para trás. Nem será salvaguarda de coisa alguma.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

2013:Ronaldo=Bola de Ouro

Finalmente! Finalmente foi dada a possibilidade a Ronaldo de jogar como o faz no clube e o resultado viu-se: três golos e o transporte da Selecção - como o L'Equipe designa a nossa equipa - para o Mundial do Brasil.
Para além de ser um grande atleta, Ronaldo tem características óbvias que fazem dele um futebolista fora-de-série: velocidade com bola acima de uma enorme maioria de jogadores e uma capacidade acima da média dos melhores no um-contra-um, o que lhe permite ganhar a maior parte dos duelos. Isto sabido e vista a forma como marca golos atrás de golos leva a que, quando se pensa em utilizar Ronaldo numa equipa, se encontre a melhor maneira de explorar essas capacidades. E naturalmente que a primeira resposta é relativamente simples: pôr a equipa a jogar para ele. E como pô-la? Da forma que pode tirar mais partido das suas características e daquela em que ele, Ronaldo, se sente mais confortável - alguém não tira partido, em jogo ou na vida profissional de um enorme trunfo que possa ter à sua disposição? 
E desta vez foi isso que a Selecção fez, preparou-se para jogar para Ronaldo sem lhe exigir outras tarefas que o desposicionassem do caminho letal.
Sabendo, como qualquer saberia, que a Suécia teria, em posse da bola, que subir e que deixar espaço livre no seu meio-campo, o primeiro caminho estava descoberto: passes em profundidade que permitissem utilizar a velocidade de Ronaldo e colocá-lo num um-contra-um contra defesa mais guarda-redes na pior das hipóteses - e alguém teria que aparecer em apoio finalizador - ou, no melhor dos casos, só guarda-redes. E se fossem a rasgar, melhor. E foi o que se viu: recuperação e posse da bola, dois passes e Ronaldo na cara do guarda-redes a fazer golo! (só não percebo é porque andamos sempre em sofrimento quando temos as ferramentas capazes para fazer outros resultados e garantir o sossego aos adeptos...)
Não sei, nem me interessa, se Ronaldo é absolutamente o melhor do mundo. É muito bom jogador de futebol e estará sempre na meia-dúzia de super eleitos. Mas o que sei é que, este ano, a Bola de Ouro lhe deve ser atribuída: porque se fartou de marcar golos - o sal da magia do futebol - e porque levou ao colo, num hat-trick memorável, Portugal ao Mundial do Brasil.
A equação é simples: 2013:Ronaldo=Bola de Ouro

sábado, 16 de novembro de 2013

Francisco Salgado Zenha

Os meus Dois Presidentes
Fundação Mário Soares, fotografia em iPhone
Há cinquenta anos olhava para o "Chico" Zenha, homem do "reviralho" como dizíamos, num misto de profunda admiração e curiosidade. Conheci-o em Soutelo, próximo de Braga, onde passavamos Setembro. Com os amigos era de manhã no Rio Homem - às vezes à conversa com a paciência do Szabo - e à tarde, no clube que lá existia, entre um pequeno rectangulo relvado cheio de futeboladas e um campo de ténis de cimento. E lá apareciam também o "Chico" Zenha e a mulher Maria Irene com as raquetas. Eles passavam e nós a olhar: contra o Salazar? já esteve preso? e levou porrada lançava algum mais conhecedor.
E nós a olhar... até que um dia a Graça, minha parceira tenística, de olhos a brilhar e a dizer-me: eles querem jogar connosco. O Chico e a Maria Irene querem jogar connosco.
Nós, a Graça e eu, não fazíamos mau par-misto - durante alguns anos, entre juniores e seniores ganhamos alguns títulos e diversas taças. Mas jogar contra o "Chico" Zenha e a mulher... era, naquele tempo, uma responsabilidade.
Lá fomos e aquilo tornou-se um hábito de fins-de-tarde. De retorno anual. Grandes jogatanas.
Estive há dias na Fundação Mário Soares a ouvir, no ciclo "Vidas Com Sentido", os meus dois Presidentes - Soares e Sampaio - a falarem sobre Francisco Salgado Zenha e sobre o que nós e a Democracia portuguesa lhe devemos. E foi bom recordar a personalidade de Salgado Zenha e as suas qualidades humanas e políticas. Com ele percebi a perigosidade (e o objectivo) da Unicidade Sindical - explicou-a de forma clara e  inequívoca. Com ele também percebi - no exemplo prático da sua passagem pelo Ministério das Finanças - que a política comanda, deve comandar.
Pela posição que tomou junto à prisão de Caxias nos dias seguintes ao 25 de Abril, levou a que milhares de pessoas - entre os quais eu - nos mantivessemos dia e noite na exigência de libertação dos presos políticos sem qualquer das reservas que os militares pretendiam, então, impor.
Após a conferência dos Dois Presidentes, Mouta Liz explicou a generosidade e grandeza de Salgado Zenha quando os defendeu em tribunal contra a acusação de "terrorismo". Foi também lembrada - por alguém que lhe agradeceu a sua própria libertação - a responsabilidade de Zenha na libertação das grilhetas da Concordata na questão da aceitação do divórcio civil.
Falada foi também a ruptura com Soares e a sua candidatura à Presidência da República: questão de visões distintas sobre o papel dos militares na Democracia. Naquela altura o campo dividiu-se e eu, como outros, coloquei-me, com muito custo pela admiração e respeito que tinha por Salgado Zenha,  ao lado de Soares - fui, a convite de Gomes Mota, o director executivo da Imagem do MASP I. E se ambos me davam a garantia do traçado de uma linha que não deixariam ultrapassar, a visão que Soares apresentava, nomeadamente sobre o papel dos militares na Democracia, estava mais conforme com o meu entendimento das coisas.
Mas não esqueço Francisco Salgado Zenha, o "Chico" Zenha da minha juventude, nem o que lhe conheci de carácter, de ombridade ou coerência. Ou de defesa dos Valores Democráticos.
E nunca esqueci - repito-as com frequência - duas suas estórias. A primeira sobre Sines: "Devíamos continuar, já lá gastamos muito dinheiro.", avisavam os tecnocratas da altura. "É por isso mesmo: por já lá termos gasto muito dinheiro que não gastaremos lá mais nenhum.". Ficou-me a lição que me serviu em diversas decisões: o jágorismo não é forma de gerir. A outra: estava Zenha numa entrevista televisiva quando o jornalista lhe perguntou qualquer coisa sem ponta de interesse. Sem qualquer hesitação Zenha respondeu, falando sobre um outro tema, politicamente relevante e que nada tinha a ver com a pergunta. "Mas não foi isso que lhe perguntei" disse, atónito, o jornalista. E Zenha, olímpico:" Pois não, mas foi o que lhe quis responder."

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Formas da Cidade


Lisboa, fotografia iPhone

Formas da Cidade


Lisboa, fotografia em iPhone. 

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Nem tudo o que vale é para valer

Os gatos cá de casa - o Percy, o Knight e a Nina - estão agora muito mais descansados depois de terem ouvido os passos atrás da ministra quando veio que afinal aquela coisa de gatos e cães não era para valer. Que era para desaparecer, como se nunca tivesse existido (que era apenas uma brincadeira, terá dito?). Ficaram sossegados e, pr isso, muito contentes.
Como muito contente deve também ter ficado a ministra que, seguindo as pisadas do seu chefe político que pôs cá fora a nuvem de fumo sobre o orçamento de um documento cheio de nada, fez o disparate - num sacrifício pela causa - de uma lei para distrair as atenções do Orçamento. Pelo fumo deve ter levado umas confortáveis palmadinhas de apoio...
... e os gatos cá de casa ficaram absolutamente gatos porque nada sabem de orçamentos...


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