sábado, 27 de fevereiro de 2010

Dia Internacional da Mulher, 8 de Março

A Ana*, com quem sou casado, está pior que estragada com o anúncio das T-shirts com citações de poemas escritos por homens para comemorar o Dia Internacional da Mulher. De facto percebo mal a ideia. Como criatividade é curto. Como comemoração é coxo.
No fundo, pura falta de senso.
O Dia Internacional da Mulher serve para comemorar uma história de lutas pela dignificação, igualdade e afirmação, não faltando heroínas para celebrar. E para lembrar e despertar memórias.
E mesmo sabendo-se que houve sempre homens que foram aliados objectivos dessas lutas, teria sido mais inteligente encontrar uma expressão feminina para comemorar o dia.
*Ana Coucello, antiga presidente da AFEM - Association des Femmes de l'Europe Méridionale - e ex-Vice -Presidente do Lobby Europeu de Mulheres

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Outra vez os Estádios

Os Estádios do Euro voltaram à baila: que têm – alguns deles – despesas de exploração ou manutenção incomportáveis e que os municípios não conseguem aguentar a despesa. Como se fosse coisa que não se soubesse ou tivesse sido difícil de prever. Bastaria consultar o número de espectadores presentes nos anos anteriores em cada jogo dos clubes utilizadores dos novos estádios para perceber que a lotação estaria sempre muito longe dos 30.000 lugares.

O curioso é que quando se pretendeu lutar contra o preconceito de que todos os lugares teriam que ser permanentes – o cumprimento do caderno de encargos da UEFA só exigia, naturalmente, a totalidade da lotação para os jogos do Europeu, o que abria a possibilidade de bancadas amovíveis como aconteceu no Euro 2000 – as vozes de apoio foram inexistentes. Hoje, quando a habilidade é de pouca monta e só é preciso saber contar para garantir a evidência, tão pouco surgem ideias interessantes que viabilizem a sua utilização.

Há dias, o Governo informou a Federação Portuguesa de Futebol que não estaria disponível para apoiar obras nos estádios para o Mundial de 2018. E fez muito bem. O que significa que, a realizar-se em Portugal, o Mundial será disputado nos estádios da Luz, Alvalade e Dragão. O que chega e sobra e corresponde às cidades equipadas para receber adeptos e jornalistas estrangeiros sem imposição de despesas que nunca serão investimentos.

Mas existe outra mensagem subjacente nesta atitude governamental: que, para os outros estádios, devem procurar-se soluções e não aumentar os problemas. Que seriam a realidade se houvesse a tentação de fugir em frente atrás de ampliações para aumentar estádios sem públicos.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Manuel Alegre, candidato (II)

No mesmo dia em que o valor AMI era deitado fora com a água do bebé, Manuel Alegre apresentava em Coimbra – frente a uma assistência significativamente diversa (onde vi também o Manel da Quinta) – um conjunto de valores e princípios com os quais me identifico e que apoio. Disse assim:

"Não serei candidato para renegar os meus valores, a minha vida e as minhas convicções. Quem quiser apoiar-me terá de apoiar-me tal como sou.
Sou um republicano para quem a ética republicana não se funda apenas na lei, mas na consciência e no comportamento.
Sou um socialista para quem o socialismo, antes de ser uma ideologia e um projecto de poder, é uma ética e um humanismo.
Sou um democrata para quem a democracia deve ser uma vivência transparente e não um jogo obscuro de poder pelo poder.
Sou um patriota para quem Portugal não é um sítio, mas uma história, uma língua, uma cultura, uma identidade.
Não me candidato para promover a queda de governos, nem para governar por interposta pessoa, mas para inspirar o cumprimento do projecto que está inscrito na Constituição : democracia política, democracia económica, democracia social. Mas também uma cidadania moderna alargada à multiplicidade de identidades, à inclusão, ao reconhecimento da participação política aos não nacionais, à não discriminação das pessoas com incapacidades, à protecção das pessoas em situação de dependência, aos novos direitos surgidos dos avanços científicos e tecnológicos, aos novos direitos emergentes, como o direito à segurança vital (água potável, energia, alimentação), bem como o direito à protecção do ambiente, à diversidade de orientação sexual e ao desenvolvimento pessoal.
[…]
"Nós não nos enganamos de combate.
Nós não nos enganamos de adversário.
Nós não estamos aqui por azedume nem por interesse pessoal.
Estamos aqui por um ideal democrático, estamos aqui pela esquerda dos valores, estamos aqui por fidelidade ao combate de toda a vida.
A todos nós exige-se bom senso, espírito construtivo e um grande sentido da responsabilidade.
Para superarmos as nossas diferenças em nome do que é essencial.
Para construirmos a unidade que é o primeiro passo para a vitória.
Eu acredito que é possível e é por isso que estou aqui.
Tal como sou, com uma independência que não tem preço e com princípios que não são negociáveis.
Como um homem livre apoiado por homens e mulheres livres, determinado a lutar e a vencer, com todos vós, por uma nova esperança para a República e para Portugal."


Para Presidente da República quero – como quis nos outros que apoiei e que ocuparam o cargo – cidadãos capazes de traçar uma linha do direito democrático e republicano inultrapassável. Manuel Alegre dá-me essa garantia.

Ainda a Liberdade de Expressão

“Lembro-me bem de como era viver sem democracia, sem imprensa livre nem tribunais independentes, sem oposição e com a economia reduzida a meia dúzia de grupos económicos enfeudados a um só homem. Só quem não viveu esses tempos – ou não sabe o que foram esses tempos – pode afirmar que hoje não há liberdade de expressão em Portugal. Há liberdade, felizmente há liberdade.” , Manuel Alegre, 19/02/2010

“Só os que têm medo de perder lugares ou mordomias podem queixar-se da falta de liberdade – mas a cobardia nunca foi uma medida de aferição de liberdade.”, Inês Pedrosa, Revista Única, 20/02/2010


Há obviamente liberdade. Tanta liberdade que até há liberdade para a degradante figura profissional a que assisti, via TV, dos senhores jornalistas na Comissão de Ética da Assembleia da República. Os 15 minutos warholianos de fama pregaram partidas à vaidade e os garantes do domínio dos factos, deixaram-se enrolar de contentamento no acho que. Vidas…

Madeira

O que se viu da Madeira significa uma situação catastrófica que exige a solidariedade activa de todos nós. Mas também exige pensar – de uma vez por todas – em Ordenamento e Organização do Território de acordo com as condições e características específicas de cada sítio. E agir em conformidade, respeitando princípios técnicos e científicos e não cedendo ao domínio dos interesses.
Não é fácil aceitar falar ou que se fale sobre estas coisas num momento dominado pelo enorme ssentimento de perda - principalmente humana - e de injustiça, mas a natureza não terá sido a única responsável pela tragédia. A ganância teve também a sua quota parte. E é nossa obrigação perceber os erros e não os cometer - ou deixar cometer - de novo.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Boas soluções

“Aprendi há muito tempo que só se encontram boas soluções quando os problemas são bem formulados. Com lucidez, espírito crítico e um quadro de referência informado e inteligente.”
Ana Benavente, “Cinco teses para o futuro do PS e do país”, Público, 17/2/2010

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Liberdade de expressão ameaçada?

Diz Miguel Sousa Tavares no Expresso (13/02/10): “Para começo de conversa: a liberdade de imprensa não está em perigo em Portugal. Obviamente. Quem o diz, quem organiza petições online e manifs, nunca antes, quando o perigo real existiu, se fez ouvir.”

Diz Ricardo Costa também no mesmo Expresso: “[…] em Portugal a liberdade de expressão e de opinião não está em causa.”


Ainda no mesmo Expresso, Nicolau Santos: " Dizer que a liberdade de expressão está em causa em Portugal é um insulto para milhares de pessoas que, durante quarenta anos, pagaram com falta de liberdade as suas opiniões."

Haverá dúvidas?

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Manuela Moura Guedes

A srª Manuela Moura Guedes acha que existe censura em Portugal. Não a sabia tão jovem.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Ouvido ou lido

Ao que li Carlos Queirós andou ao murro com Jorge Baptista. Cena igual a tantas outras que se devem passar em dezenas de sítios de Portugal. Ou do mundo. A que não lhe viria nenhum mal especial se não fossem quem são e no sítio onde foi: no lounge vip do aeroporto lisboeta logo pelo pequeno-almoço. Notável a explicação: factos normais entre pessoas que se conhecem há vinte anos.
Olha se tinham sido apresentados ontem…

Num meio qualquer de comunicação escrita – vulgo jornal ou revista – li que alguém (o papel da nota desapareceu) surgiu com uma nova teoria para as questões urbanístico-territoriais da capital: o Tejo é o centro da metrópole! Foram dadas algumas parangonas ao assunto como se houvesse pólvora na dissertação. Inovação como agora se diz e procura.
Curioso. Há mais de vinte anos que o Vasco Massapina disse (e publicou) o mesmo, propondo uma nova visão para a integração e relação da área metropolitana. Ninguém lhe passou cartão. Nem estes que agora o seguem.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Por Desporto

Nós portugueses, temos uma enorme dificuldade em perceber o significado do conceito Desporto. De tal maneira que usamos a palavra para referir actividades de conteúdos muito diversos. Iliteracia apenas ou resquícios da culturização britânica mal assimilada? Ou ambos?
Há tempos li, num jornal de referência desportiva e a propósito de um torneio de ténis realizado em Portugal, uma legenda de fotografia que rezava assim: "umas mais à séria, outras só por desporto, todas as apanha-bolas do evento jogam ténis". O desporto portanto como mera ocupação de tempos livres, na boa, iá, podes crer.

O hábito, não fazendo o monge, cria enormes confusões que tendem a repetir-se. Com espanto li agora afirmações públicas de uma nadadora de Alto Rendimento - 17º lugar nos Jogos Olímpicos de Pequim - que, justificando a suspensão da sua carreira mas procurando mostrar que não tinha parado, disse: "entretanto continuo a nadar, embora sem grandes preocupações, apenas na desportiva."

Maneiras de falar, dir-se-á. Mas fica-me a dúvida: que nome se dará ao que fazia anteriormente a atleta nos seus programas de excelência? Actividade física? Lazer?

Utilizámos o conceito na desportiva ou por desporto para referir comportamentos sem responsabilidade e sem objectivos. Curiosamente o contrário daquilo que exige a prática desportiva que, segundo Istvan Balyi - iniciador do conceito programático de Long Term Athlete Development e na senda do psicólogo, prémio Nobel, Herbert Simon - exige, para atingir o nível do maior desenvolvimento das capacidades de cada um, 10.000 horas ou 10 anos de trabalho. Maneiras de falar, dir-se-á.

Salvou o desalento uma aluna da Escola Secundária de Amarante. Que depois de uma corrida de atletismo, disse para a televisão:"Gosto de correr mas não sou federada... é mais por lazer." Maneira de falar,dir-se-á. Pode ser, mas com uma enorme diferença de entendimento das coisas. Ou não?

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Haiti

Ouvi o que disse a jornalista Cândida Pinto recente regressada do Haiti. É de verdadeira calamidade que se trata. Sem saída a curto prazo. Que perspectivas? Que estratégia internacional para além da solidária ajuda actual?
No Haiti a vida não será fácil nos próximos anos

Excelência

“Quem nunca viu a excelência, não reconhecerá a excelência”, disse-o, há dias, um treinador de futebol americano ouvido no canal ESPN.
Dito de outra maneira para dizer o mesmo: "A gente só enxerga o que está preparado para ver", Bernardo Carvalho, escritor brasileiro, in P2, Público.

E se a escola percebesse que é para esse reconhecimento, para essa forma de ver, que serve o ensino e a educação. Não andaria tudo melhor? A saber mais?

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