domingo, 31 de julho de 2011

Rico mais rico

A minoria dos portugueses mais ricos ficou, de acordo com o que podemos ler e ouvir na comunicação social, ainda mais rico, numa demonstração prática da Lei de Pareto - vinte por cento ficam com tudo e oitenta por cento pagam-no. E assim será sempre se não forem encontradas formas de regulação eficientes e que possam encontrar outra aplicação de Pareto que garanta a descoberta de vinte por cento de coisas que possam impôr uma distribuição de riqueza mais equitativa.

Porque, pelo caminho desta coisa dos ricos continuarem cada vez mais ricos, só há uma certeza: nós ficaremos cada vez pior e com pobres cada vez mais pobres. Assim reza a lei do equilíbrio da crise: todos mais pobres e ricos muito mais ricos. E a tese de Pareto, por optimista, desfaz-se numa proporção de cauda cada vez mais longa.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Arquitecturas

irmãos Aires Mateus, Centro de Artes de Sines

domingo, 24 de julho de 2011

A solidariedade é não permitir

A extrema-direita é extrema-direita! É violência, intolerância, racismo, imposição, liquidação de direitos e valores civilizacionais e tudo o mais que a História nos ensina.

Julgar que existe essa coisa de extrema direita mais pacífica ou mais política é, ignorando as lições da História, ignorar a sua génese - o porquê da sua existência - e deixar-se ficar pela ingenuidade de julgar impossível aquilo que nunca seríamos capazes. A distracção sobre a extrema-direita e seus derivados tem consequências graves. Muito graves. A democracia, os valores humanistas que nos formam e a memória da História que nos construiu, não podem dar-se a esse luxo. Porque acordar tarde de mais pode ser muito perigoso.

A única solidariedade possível com os noruegueses assassinados - neste momento de expressão de todas as mágoas - é garantir que a nossa Europa não permitirá qualquer outra repetição. Em nenhuma circunstância.

O ovo da Serpente

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Paulo Morais

Ou seja e como é óbvio: se pretendemos alterar alguma coisa neste país – nomeadamente se pretendemos combater a corrupção - é obrigatório começar por alterar as leis e o seu emaranhado.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

leisLeisleis

Produção Legislativa em Portugal é "terceiro mundista".

A frase fez título do Jornal de Negócios que se baseia no conceito citado de um especialista em direito administrativo.

E se assim é definida por um especialista a produção das leis com que vivemos, vejam bem como se sentirá o comum dos cidadãos quando tem de se confrontar profissionalmente com este emaranhado... eu torço-me!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Primeira medalha olímpica Londres 2012

O José Carlos Cruz e o filho António – meu sobrinho – ganharam, juntamente com a Inês Guedes e o Miguel Santos, o concurso internacional de ideias para um Posto de Informação dos Jogos Olímpicos de Londres de 2012 na Trafalgar Square.

Partindo do conceito dos anéis olímpicos tiraram partido da diferença dos planos da praça para com uma ligeira inclinação mostrar as cinco cores – cada uma representa um continente - e estabelecer, com subtileza, o clima concordante com o fim em vista. Um excelente ponto de partida para relacionar a escala dos espaços circulares protegidos – será uma construção efémera – com a marcante escala envolvente. Fazendo-se notar sem interferir.

A fusão espacial conseguida com o recurso ao aço polido que constrói os elementos circulares confunde o aqui e o ali num ambiente que – dada a festa olímpica – se pretende feérico mas, como todo o domínio british classic que se preza, sem perder a compostura. Muito interessante, inteligente e culto e mais uma vez a demonstração do excelente nível internacional da arquitectura portuguesa.

[não resisto: há dias fui jantar ao restaurante Darwin na Fundação Champalimaud e de novo dei por mim a pensar: com a qualidade da arquitectura portuguesa qual a necessidade de procurar um estrangeiro que, nada mostrando compreender do espírito do lugar, parece aí ter colocado um edifício que tinha outro local por destino?…]

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Sanfermines

Nos encierros de San Fermín os Miura correm sempre ao domingo: porque são nobres e há muita gente – cerca de 3500 para oitocentos metros de corrida entre o curral de Santo Domingo e a Monumental de Pamplona.
Durante uma semana todos os dias às locais 7 da manhã estala o foguete e os seis touros lançam-se na corrida acompanhados pelos mansos que os enquadram. Na frente, ao lado, atrás, os corredores – gente de todas as idades e de ambos os sexos que quer experimentar a sensação de correr à frente de um touro. Tem consciência que pode morrer? é a pergunta dos panfletos que distribuem por toda a cidade – e podem. Mas as calles estão cheias, tão cheias nalguns dias que não se percebe como correm sem ver os touros, escondidos atrás da mole de gente aos encontrões para fugir às pontas das hastes.

À medida que as ruas se vão enchendo e que as guardianas – mãe e filha que durante o ano têm a figura do santo no vestíbulo de sua casa – colocam a estátua no nicho tradicional da cuesta de Santo Domingo, uma tranquila tensão marca o tempo dos três cânticos que lhe pedem protecção.

Há, na suspensão do tempo, um misto de loucura e fé, de crença, em cada manhã da feira. E a crescente tensão, de tão tranquila parece não deixar outra hipótese que não seja a obrigação de estar ali e esperar que a sorte das coisas nos proteja – que Deus nos guarde parecem traduzir os mais conhecedores. Os outros, capazes de todo o disparate, alienados no ambiente envolvente, nem percebem que precisam de protecção – San Fermín, sem olhar a quem, distribui passes do seu capotino permitindo as tangentes milimétricas num toureio miraculoso.

Nem se compreende como não há mais feridos, mortes até: são encontrões na procura dos huecos – intervalos entre as cabeças dos touros - quedas em montóns, pisotóns, cornadas, numa corrida espectacular, de grande emoción, com as velocidades garantidas pela equipa de pastores – o recorde 2011 foi de 2 minutos e onze segundos de curral a curral para toda a manada – e que não permite distracções: De mozos (as) a touros. Durante a corrida é o silêncio dos comentadores televisivos, o silêncio dos momentos graves com os mozos corredores, no centro da rua, a safarem, porque se fazem à atenção dos touros, os que, cozidos às paredes, nem sonham o alvo que podem ser.

Mas há quem saiba muito, correndo na frente dos touros, adequando a velocidade, usando o jornal para controlar, saindo no tempo de deixar o percurso a outro – qué bién, ouve-se - fazendo corridas que vão durar nas memórias.

No final, a televisão dá a estatística dos feridos – o quê e onde. Antes da largada apresentam-nos as estatísticas das outras passagens do ferro por Pamplona: melhor e pior tempo, média de cornadas e de feridos por corrida. E claro, pesos e nomes de cada touro. Tudo organizado num suporte dedicado e orgulhoso das suas festas de San Fermín.

Em Pamplona toda a organização se subordina à menorização do risco. Há regras a cumprir e truques de segurança – nem o lenço nem a cinta devem ser presos de tal maneira que um corno possa prender e arrastar o corredor. As festas de Pamplona têm um rigoroso ritual, tudo tem uma ordem e um protocolo: os vereadores municipais fazem o percurso a garantir que tudo está conforme; polícias municipais impõem a ordem da ocupação dos espaços já limpos pelas equipas de serviço da sujidade dos delírios nocturnos; no hospital tudo está a postos para receber feridos que fazem a primeira triagem na própria rua ou nos diversos postos espalhados ao longo do percurso. Os fotógrafos ocupam, com máquinas a disparar por controlo remoto, os lugares – com a curva Mercaderes à frente - que garantam as fotografias que vão viajar pelo mundo a mostrar a diferença deste espaço de risco gratuito mas de festa. De enorme festa!

Nas casas com varandas os alugadores tomam o pequeno-almoço com os moradores e veem o encierro na privilegiada posição de se assustarem apenas com o perigo dos outros.

O vermelho domina sobre o branco da vestimenta tradicional – embora haja camisolas de clubes de futebol ou rugby – e o espírito de Hemingway tem presença permanente.

Menos grave do que se esperava é o alívio final de cada encierro. Durante uma semana Pamplona não dorme nem descansa, vive. E despede-se num mar vermelho a encher a praça do Município e a cantar Pobre de mí, pobre de mí, que se han acabado las fiestas de San Fermín. Na certeza que Ya falta menos.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Do murro

O literal murro no estômago só pode vir de um amigo: porque nos pusemos a jeito, porque o deixámos chegar próximo.

A minha avó, galesa, celta a quem a cultura anglo-saxónica deu um enorme pragmatismo, disse-nos um dia: never trust a friend. No chocado Ó avó… ainda não tínhamos percebido que apenas nos ensinava a vida. Que o perigo vem sempre dos traidores em quem confiámos.

Hoje e por aí, parece que houve quem acordasse para esta realidade (foram surpreendidos pelos amigos… queriam ser próximos, puseram-se a jeito e na troca … pum!). Porque é assim:

as gentes dos interesses não se prendem com amigos

Fora do Tempo: há Amigos, mas são outra coisa: procuram-se de candeia.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Saber dizer

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Lixo?!

domingo, 3 de julho de 2011

Os trabalhos do Gonçalo Byrne

Ouvi o Gonçalo Byrne na conferência da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva integrada no ciclo Do Conceito à Obra - uma organização da Estratégia Urbana sob a batuta do Nuno Sampaio.

Foi muito interessante e uma excelente lição sobre aquilo que eu entendo – ou seja: no significado que lhe dou – por espírito do lugar: sistema complexo de ligação de elementos tangíveis e intangíveis de um local e que admite e impõe a interpretação pessoal qualificada (dois arquitectos diferentes interpretam e desenham de forma diferente o mesmo programa para um mesmo local). Como exemplo a valer a conferência, o recente trabalho para o espaço mágico, misterioso e pousado na água de Veneza.

Aí, Byrne foi descobrir – num processo cultural de grande perspicácia analítica – uma síntese notavelmente contemporânea – lembrei-me da frase já aqui citada do italiano Francesco Dal Co a propósito da intervenção de Souto Moura em Portalegre - de elementos localmente relacionáveis pela vida quotidiana veneziana.

Pela primeira vez há a possibilidade de existir um edifício em Veneza sem o cumprimento regulamentar de telha na cobertura – porque a cobertura torna-se num espaço de passeio, num jardim, com jogos de terraços para deixar deslizar o olhar sobre o híbrido jogo dos telhados venezianos, permitindo fazer descobrir ao visitante aquilo que é previlégio particular dos iniciados.

Corto Maltese nas telhas de Veneza - Hugo Pratt
Disse-lhe no fim: Hugo Pratt iria gostar e deixaria Corto Maltese – como já o havia feito telhas fora - passear nesses teus jardins entre o suspenso e o suportado e a percorrerem o espírito dos espaços de ligação que articulam os acessos nos interiores dos edifícios.

Que esta arquitectura ganhe o edifício.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Nós também...

Alexandre Quintanilha
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