terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Votos 2014

Bom Ano!

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Ciência da transformação

"Os factos são teimosos, mas as estatísticas são mais flexíveis"
Mark Twain


Benditos sejam os deuses que nos proporcionam o conhecimento destas mentes superiores que nos governam. Sem eles - os mentes superiores - nunca nós, comuns mortais, perceberíamos as vantagens da transformação. Já não apenas a transformação de paēs em rosas mas, muito mais do que isso, toda a excelência de transformações a que nos sujeitam como resultado de elevada expressão científica. Não fora eles, julgaríamos que o que ouvimos dizer seria erro, mentira, jogo de interesses. Mas não, tudo assenta no rigor da aplicação científica. Como se demonstra, nesta notável equação de transformação de 22 mil empregos na realidade de 120 mil. Muito saber.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Tão bom quanto nos deixam...


segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A excelente

Uma das minhas netas está na 1ª classe e teve notas oficiais pela primeira vez. Telefonei-lhe para saber das qualificações.
- Que notas teve?, perguntei pelo telemóvel.
- Dois Excelente e dois Muito Bom, respondeu.
- Formidável! A menina é formidável. Muitos parabéns! Que notas formidáveis, disse-lhe totalmente babado.
- Obrigada, avô, agradeceu-me formal mas satisfeita.
- Diga-me lá, a que disciplinas teve Excelente?, perguntei e ouvi um berro para o presumível fundo da casa:
- Mããããe!!!? Mãe!? A que é que eu tive Excelente?



sábado, 21 de dezembro de 2013

Incompetentes

Se, como arquitecto, os meus projectos apresentassem erros por não cumprimento das leis ou regulamentos em vigor, era natural que o nome porque me chamariam seria, no mínimo, de incompetente. Se me tornasse um especialista no erro por abuso regulamentar repetido, o incompetente seria certo, se não algo muito pior.
Se assim é, que nome se pode dar a um Governo que não adequa a sua vontade com as leis vigentes? Incompetente?! E se o Governo for um abusador de erros legais repetidos? Incompetentíssimo?!
E aos incompetentes...

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Prémio Secil de Arquitectura 2012


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Nelson Mandela, 1918-2013



Há anos - em tempo pós-abril mas de apartheid - fui convidado para participar numa digressão rugbística portuguesa à África do Sul. Recusei o convite, não fui e, numa altura que o rugby mundial tinha boicotado o contacto com o rugby sul-africano, dessas razões dei então notícia pública.
Recusei essa ida por óbvia oposição ao racismo mas também porque outra qualquer atitude violentaria sobremaneira o respeito e amizade pela minha tia Júlia, negra, moçambicana, irmã do meu pai e muito querida. Mas a base que sustenta a atitude de antiracismo que defendi e que defendo assenta em muito no conhecimento das posições de Nelson Mandela. No conhecimento que fui tendo das suas ideias e da justeza da sua luta contra o racismo.
"Todos os homens e mulheres que renunciem ao apartheid serão bem-vindos na nossa luta por uma África do Sul democrática e não racista; temos de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para persuadir os nossos compatriotas brancos de que uma nova África do Sul sem racismo será um lugar melhor para todos." (Autobiografia, Nelson Mandela, Um longo caminho para a Liberdade.)
E assim transformou o rugby e, no simbolismo de vestir a camisola do "capitão" springbok na final do Mundial de 1995, permitiu-nos olhar a modalidade sem a repugnância de ícone da supremacia rácica e com o interesse que a expressão do jogo springbok sempre suscita.
Homem ímpar, extraordinário, que, com a sua partida, nos deixa mais pequenos mas também com a esperançosa certeza - em realização prática do pedido de Maio de 68 - que o impossível, porque dependendo de nós, é possível.

domingo, 24 de novembro de 2013

Quem deixa subir, ganha

Segundo o publicado nos jornais, o ministro responsável pelas polícias exigiu responsabilidades sobre o que se passou na escadaria de S.Bento. Demissões até. O Director Nacional da PSP, em vez de procurar responsáves na sua corporação, apresentou a sua demissão. Resolveu um problema, demonstrou o que pensava sobre a situação e manteve intacta a sua verticalidade em relação aos membros da sua corporação que, óbviamente, o considerarão como homem digno.
O ministro das polícias, principal responsável pelo seu controlo, direcção e superintência aceitou, com alívio suponho, a demissão e manteve-se no seu lugar, passando ao lado de qualquer responsabilidade própria.
Pronto! É assim nesta forma de governar - a culpa, a responsabildade, pertence aos outros, nada fica em casa.
E espanto! segundo os jornais, foi nomeado Director Nacional da Polícia o anterior responsável da Unidade de Segurança da Polícia. Se li bem e percebi melhor, o responsável pelo corpo policial que permitiu a subida da escadaria parlamentar será o novo Director Nacional da PSP. Ou seja e se assim for: nem o soneto se aproveita; tão pouco o ar engravatadamente solene como se anuncia a capacidade de resolver os problemas. 
Maldita frequência do sítio...

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Salto de escadaria

A Polícia, num repente, trepou a escadaria de S. Bento - as escadas do Parlamento sempre proibidas aos normais manifestantes - contra a própria Polícia. O que significa?
Significa que a Polícia quis demonstrar aos governantes que devem ter cuidado e que não podem pensar contar com eles eternamente. Que as defesas serão, depois do salto do primeiro degrau e subida ao limite, relativas.
Ou seja, a Polícia levantou a ponta do véu do significado dos avisos de Mário Soares: isto pode tornar-se perigoso!
Claro que pode! E o ar de peito-feito às balas - a fazer-se de engravatada coragem - feito em frente às câmaras de televisão não fará o mundo andar para trás. Nem será salvaguarda de coisa alguma.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

2013:Ronaldo=Bola de Ouro

Finalmente! Finalmente foi dada a possibilidade a Ronaldo de jogar como o faz no clube e o resultado viu-se: três golos e o transporte da Selecção - como o L'Equipe designa a nossa equipa - para o Mundial do Brasil.
Para além de ser um grande atleta, Ronaldo tem características óbvias que fazem dele um futebolista fora-de-série: velocidade com bola acima de uma enorme maioria de jogadores e uma capacidade acima da média dos melhores no um-contra-um, o que lhe permite ganhar a maior parte dos duelos. Isto sabido e vista a forma como marca golos atrás de golos leva a que, quando se pensa em utilizar Ronaldo numa equipa, se encontre a melhor maneira de explorar essas capacidades. E naturalmente que a primeira resposta é relativamente simples: pôr a equipa a jogar para ele. E como pô-la? Da forma que pode tirar mais partido das suas características e daquela em que ele, Ronaldo, se sente mais confortável - alguém não tira partido, em jogo ou na vida profissional de um enorme trunfo que possa ter à sua disposição? 
E desta vez foi isso que a Selecção fez, preparou-se para jogar para Ronaldo sem lhe exigir outras tarefas que o desposicionassem do caminho letal.
Sabendo, como qualquer saberia, que a Suécia teria, em posse da bola, que subir e que deixar espaço livre no seu meio-campo, o primeiro caminho estava descoberto: passes em profundidade que permitissem utilizar a velocidade de Ronaldo e colocá-lo num um-contra-um contra defesa mais guarda-redes na pior das hipóteses - e alguém teria que aparecer em apoio finalizador - ou, no melhor dos casos, só guarda-redes. E se fossem a rasgar, melhor. E foi o que se viu: recuperação e posse da bola, dois passes e Ronaldo na cara do guarda-redes a fazer golo! (só não percebo é porque andamos sempre em sofrimento quando temos as ferramentas capazes para fazer outros resultados e garantir o sossego aos adeptos...)
Não sei, nem me interessa, se Ronaldo é absolutamente o melhor do mundo. É muito bom jogador de futebol e estará sempre na meia-dúzia de super eleitos. Mas o que sei é que, este ano, a Bola de Ouro lhe deve ser atribuída: porque se fartou de marcar golos - o sal da magia do futebol - e porque levou ao colo, num hat-trick memorável, Portugal ao Mundial do Brasil.
A equação é simples: 2013:Ronaldo=Bola de Ouro

sábado, 16 de novembro de 2013

Francisco Salgado Zenha

Os meus Dois Presidentes
Fundação Mário Soares, fotografia em iPhone
Há cinquenta anos olhava para o "Chico" Zenha, homem do "reviralho" como dizíamos, num misto de profunda admiração e curiosidade. Conheci-o em Soutelo, próximo de Braga, onde passavamos Setembro. Com os amigos era de manhã no Rio Homem - às vezes à conversa com a paciência do Szabo - e à tarde, no clube que lá existia, entre um pequeno rectangulo relvado cheio de futeboladas e um campo de ténis de cimento. E lá apareciam também o "Chico" Zenha e a mulher Maria Irene com as raquetas. Eles passavam e nós a olhar: contra o Salazar? já esteve preso? e levou porrada lançava algum mais conhecedor.
E nós a olhar... até que um dia a Graça, minha parceira tenística, de olhos a brilhar e a dizer-me: eles querem jogar connosco. O Chico e a Maria Irene querem jogar connosco.
Nós, a Graça e eu, não fazíamos mau par-misto - durante alguns anos, entre juniores e seniores ganhamos alguns títulos e diversas taças. Mas jogar contra o "Chico" Zenha e a mulher... era, naquele tempo, uma responsabilidade.
Lá fomos e aquilo tornou-se um hábito de fins-de-tarde. De retorno anual. Grandes jogatanas.
Estive há dias na Fundação Mário Soares a ouvir, no ciclo "Vidas Com Sentido", os meus dois Presidentes - Soares e Sampaio - a falarem sobre Francisco Salgado Zenha e sobre o que nós e a Democracia portuguesa lhe devemos. E foi bom recordar a personalidade de Salgado Zenha e as suas qualidades humanas e políticas. Com ele percebi a perigosidade (e o objectivo) da Unicidade Sindical - explicou-a de forma clara e  inequívoca. Com ele também percebi - no exemplo prático da sua passagem pelo Ministério das Finanças - que a política comanda, deve comandar.
Pela posição que tomou junto à prisão de Caxias nos dias seguintes ao 25 de Abril, levou a que milhares de pessoas - entre os quais eu - nos mantivessemos dia e noite na exigência de libertação dos presos políticos sem qualquer das reservas que os militares pretendiam, então, impor.
Após a conferência dos Dois Presidentes, Mouta Liz explicou a generosidade e grandeza de Salgado Zenha quando os defendeu em tribunal contra a acusação de "terrorismo". Foi também lembrada - por alguém que lhe agradeceu a sua própria libertação - a responsabilidade de Zenha na libertação das grilhetas da Concordata na questão da aceitação do divórcio civil.
Falada foi também a ruptura com Soares e a sua candidatura à Presidência da República: questão de visões distintas sobre o papel dos militares na Democracia. Naquela altura o campo dividiu-se e eu, como outros, coloquei-me, com muito custo pela admiração e respeito que tinha por Salgado Zenha,  ao lado de Soares - fui, a convite de Gomes Mota, o director executivo da Imagem do MASP I. E se ambos me davam a garantia do traçado de uma linha que não deixariam ultrapassar, a visão que Soares apresentava, nomeadamente sobre o papel dos militares na Democracia, estava mais conforme com o meu entendimento das coisas.
Mas não esqueço Francisco Salgado Zenha, o "Chico" Zenha da minha juventude, nem o que lhe conheci de carácter, de ombridade ou coerência. Ou de defesa dos Valores Democráticos.
E nunca esqueci - repito-as com frequência - duas suas estórias. A primeira sobre Sines: "Devíamos continuar, já lá gastamos muito dinheiro.", avisavam os tecnocratas da altura. "É por isso mesmo: por já lá termos gasto muito dinheiro que não gastaremos lá mais nenhum.". Ficou-me a lição que me serviu em diversas decisões: o jágorismo não é forma de gerir. A outra: estava Zenha numa entrevista televisiva quando o jornalista lhe perguntou qualquer coisa sem ponta de interesse. Sem qualquer hesitação Zenha respondeu, falando sobre um outro tema, politicamente relevante e que nada tinha a ver com a pergunta. "Mas não foi isso que lhe perguntei" disse, atónito, o jornalista. E Zenha, olímpico:" Pois não, mas foi o que lhe quis responder."

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Formas da Cidade


Lisboa, fotografia iPhone

Formas da Cidade


Lisboa, fotografia em iPhone. 

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Nem tudo o que vale é para valer

Os gatos cá de casa - o Percy, o Knight e a Nina - estão agora muito mais descansados depois de terem ouvido os passos atrás da ministra quando veio que afinal aquela coisa de gatos e cães não era para valer. Que era para desaparecer, como se nunca tivesse existido (que era apenas uma brincadeira, terá dito?). Ficaram sossegados e, pr isso, muito contentes.
Como muito contente deve também ter ficado a ministra que, seguindo as pisadas do seu chefe político que pôs cá fora a nuvem de fumo sobre o orçamento de um documento cheio de nada, fez o disparate - num sacrifício pela causa - de uma lei para distrair as atenções do Orçamento. Pelo fumo deve ter levado umas confortáveis palmadinhas de apoio...
... e os gatos cá de casa ficaram absolutamente gatos porque nada sabem de orçamentos...


quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Agradecimento, senhora ministra

A rogo de Percy Vale d'Asseca, Knight do Campo de Ourique e Nina da Ria Formosa por incapacidade de teclar separadamente de maneira a resultarem palavras feitas letra-a-letra e frases feitas de sequência de palavras  - estão mais calhados numa mancha confusa de letras desordenadas de estiradas sobre o teclado - venho por este meio agradecer à senhora ministra a simpatia com que lhes permite continuarem a viver juntos num apartamento. De início temeram - embora acreditando, insistem - sempre na sua superior inteligência, que pudessem ser prejudicados e acabassem separados por lhe impingirem o disparate de uma relação de ocupação por metro quadrado ou pela exigência de análise da capacidade financeira dos seus cuidadores (minha mulher e eu no caso). Felizmente que o que ouviram os deixa sossegados! Podem então, dizem, continuar descansados: casa de espaço já conhecido, gente que deles cuida e alimenta e de quem conhecem as manias, cantos habituais para dormir, as mesmas almofadas estrategicamente colocadas, o mesmo sítio para comer. Enfim, um sossego!
Muito obrigado, senhora ministra, agradecem unânimes e reconhecidos.
Ficar-lhe-ão eternamente gatos, os seus

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Reflexos na Cidade


Amoreiras, Lisboa
iPhone, jpbessa

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Visão instantânea


Foto iPhone enquadrada
jpbessa

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Cortina de fumo

O Colégio Militar está a ser utilizado como cortina de fumo para destruir, longe do olhar da opinião pública, o Instituto de Odivelas.
Cúpula com capote
Jacinto  Luís
.
Esta é a verdade das coisas e a questão do género, posta a correr como centro do conflito Colégio Militar/Ministério da Defesa Nacional, não passa de um artifício usado pelos estrategos ministeriais para levar a carta a um qualquer Garcia. 
No início era a justificação económica que, como se viu, não passava da vulgaridade economicista. Agora surge o género como elemento central do conflito. Sempre para focar atenções e com o mesmo objectivo: permitir a destruição do Instituto de Odivelas longe do conhecimento da opinião pública. E com um mesmo método: utilizar o Colégio Militar e a sua oposição ao processo.
Se a Igualdade de Género fosse a questão central, o processo teria outra forma. Explico-me:
Para resolver este problema do género uma de duas soluções é possível:
- na primeira, o Colégio Militar e o Instituto de Odivelas mantinham-se como são desde sempre. A existência de duas escolas com finalidades e objectivos similares e sendo uma de frequência masculina e outra feminina, resolvem a questão da igualdade de género ao possibilitar o acesso de qualquer dos sexos à essência de um mesmo programa escolar. Ficando assim a questão do género resolvida com as vantagens e inconvenientes da homogeneidade;
- na segunda, os dois estabelecimentos abririam as suas portas ao género contrário, o Colégio Militar a raparigas, o Instituto de Odivelas a rapazes. Fazendo então sentido especializar cada um dos estabelecimentos em programas de estudo diferentes e a questão do género ficaria resolvida com as vantagens e inconvenientes da heterogeneidade.
Em qualquer das situações, não sendo necessário qualquer destruição mas apenas as mudanças exigidas pela adaptação aos tempos, nada impediria a procura de sinergias que fizessem um todo superior às partes.
E como se decidiria por uma ou outra forma? Enumerando, de uma e outra, vantagens e inconvenientes para, recorrendo a um conselho de pedagogos, encontrar o sistema que forneça melhores garantias de êxito futuro.  
Como nada disso foi ou será feito, percebe-se que a questão do género não passa de uma habilidosa fumaça dirigida aos olhos da opinião pública. Para esconder objectivos e disfarçar intenções. 
Porque o conflito é outro. O que directamente nos opõe assenta na forma descuidada, ignorante, leviana e irresponsável como o sr. ministro Aguiar Branco tem dirigido, num facilitismo oportunista, todo o processo, ignorando o carácter bissecular da instituição ao impor o externato como forma e possibilitando entradas até ao 10º ano (Despacho 4785/2013). O que, hoje, acrescentamos na oposição é o abuso de poderoso ao utilizar-nos, ao utilizar o Colégio Militar, para encobrir os seus interesses. 
A pretensão é evidente: fazer verdade da mentira mil vezes repetida. Repeti-la à exaustão para que encontre o caminho do mito e se estabeleça na opinião pública, justificando e escondendo e levando-a ao desinteresse das coisas sem importância
E que nos resta? A denúncia, obviamente.
Denunciar os jogos de interesses, avisando a opinião pública que o objectivo deste jogo é destruir o Instituto de Odivelas para entregar o seu património físico aos interesses de privados. Denunciar que esta estratégia é da responsabilidade do sr. Aguiar Branco porque feito ministro da Defesa Nacional. E que a questão de género não é para aqui chamada: não faz parte da questão.
E porque é que a destruição do Instituto de Odivelas nos diz respeito? Antes do mais, por razões de solidariedade - pertencemos ao mesmo mundo - depois porque, se distraídos e como avisa Brecht, já não teremos tempo, caído que esteja, de lutar pela nossa defesa.



quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Tomados de assalto

A forma leviana com que se discutem números que interferem violentamente na vida das pessoas - no quotidiano real da vida das pessoas - é chocante. Muito pior: é obsceno! 
O facilitismo com que se encontram soluções - sempre as mais fáceis por mais à mão - é demonstração clara de incapacidade, de ignorância, de pesporrência, de estupidez. De redução estratégica. E demonstra mais: demonstra abuso de poder! Abuso que é apanágio dos fracos, dos incapazes, dos cobardes. Mesmo se mascarados no fato que julgam traduzir a certeza dos bravos. Puro engano, não há fato que os mascare nem tamanho que os engrandeça.
O ataque feito pelo governo áqueles que não tem defesas disponíveis, que são obrigados a reduzir, sem quaisquer soluções, a sua - e dos seus - capacidade de enfrentar a vida é mesquinhamente cobarde. Tão cobarde que é imperdoável.
Afivelados nos seus nós de gravata em camisas de colarinho alargado vêem-se com a história a dar-lhes razão. Não dará: porque, sem outra estratégia que não seja seguir a voz do dono, irão desaparecer do tempo, fugindo a coberto de justificativas nuvens de fumo do esforço incompreendido. Que, de facto, não é incompreendido, é incompetente. E interesseiro. Incompetente na relação com o povo que lhes deu o mandato e interesseiro no apoio à agenda dos poderosos. Mercados, financeiros, especuladores... a tralha desta tralha.
Ouvir os senhores que na Assembleia da República fazem a defesa do Governo e das suas acções é pungente. Ouvir os senhores Menezes e Almeida - de quem não se conhece outra experiência que não seja o perorar do parlatório - na defesa do indefensável, ouvir-lhe o primarismo dos argumentos ou a convicção afectada, teatral, de tribunos pelo povo é demasiado penoso. Ao contrário do que pensarão estes e os outros senhores que pelo interesse de uma côdea de importância se vendem na acrobacia das palavras, eles não são respeitáveis. Não há respeito que os cubra. Não temos que lhes ter qualquer respeito. Eles não são respeitáveis. Ponto!
E é inadmissível que a casa da nossa Democracia esteja tomada de assalto pelo interesse.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Estupidez e pesporrência


Da Escola do Ted Cruz
desenho iPad a ponta de borracha

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Cores da cidade

Lisboa, Praça das Flores, iPhone
Lisboa, S.Mamede, iPhone
Lisboa, Mercado da Ribeira, iPhone

Propaganda sem vergonha

Passei a correr pelos canais televisivos e vi o sr. Primeiro a responder a perguntas de uma plateia encantada por dar nas vistas, julgando que no final pertencerão aos 10% dos que ganham com a crise à custa dos outros. O marqueteer de serviço e o poder sobre a televisão pública criaram o monstro: o sr. Primeiro num reality-show propagandístico. Demasiado para o meu gosto de decência, passei para as séries do AXN. Mas a senhora de óculos e engalanada a encher-se de satisfação numa pergunta que não ouvi, deu-me o clima.
Presumo? Duvido.
A questão é esta: como é que um Primeiro-Ministro que apenas encontra como soluções para os problemas o assalto a indefesos reformados, a diminuição da capacidade de ensino das escolas, a diminuição da qualidade do Serviço Nacional de Saúde para que, tal como os republicanos americanos, seguros e clínicas privadas medrem agradecidas, o aumento estúpido e desmesurado das rendas de habitação, as decisões permanentes de que desconhecem as consequências, o aumento constante disto e daquilo a diminuir o pouco que há, vai responder para a televisão aquilo que os marketeeers prepararam antes? Com ar de quem presta um serviço à Nação? Investido de uma missão?!
Por julgar que somos todos parvos? Todos amnésicos?
O sr. Primeiro é responsável pelo péssimo estado em que o país - por favor não me responda que não é verdade porque as evidências são óbvias - e, a continuar assim, um dia haverá que as coisas não se passarão na santa paz do senhor. Serão duras e deixarão marcas. E a responsabilidade será dos senhores actuais governantes a comando do sr. Primeiro.
E então não valerá a pena chorar.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Cores urbanas

Lisboa, Avenida 24 de Julho

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O óbvio

A Saúde é um super negócio que oferece enormes dividendos - todos queremos viver mais tempo, não é? E se alguém tiver dúvidas sobre o interesse desse negócio que pretende tratar das pessoas - não de todas mas, fundamentalmente, das que possam pagar os preços procurados pelos "privados" - pode procurar a resposta na actual situação nos Estados Unidos: os republicanos - a direita americana - não querem um sistema de saúde público.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Indemnização?!


Valeu-nos a juíza para que o disparate não ganhasse foro de cidadania. E claramente não nos valeu o Ministério Público que terá da legítima defesa um conceito de educada - presumo - submissão. Com tapete vermelho?

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Ainda não perceberam?

Quadro negro escolar
A realidade é óbvia e elementar: vitória larga do PS, desastre enorme para o PSD. 
E por mais que uns aprendizes de feiticeiro - e alguns feiticeiros menores - tentem distorcer o óbvio para poderem continuar a responder à agenda da finança internacional com que se encontram comprometidos, a realidade é esta: os portugueses estão fartos da política do Governo! E querem mudança!
Não o perceber é de uma estupidez brutal. Ou de um comprometimento absurdo.
E os portugueses não parecem muito dispostos a suportá-lo por muito mais tempo. 


sábado, 7 de setembro de 2013

Crendices

Foto iPhone - João Paulo Bessa

Chegou-se ao espelho, viu-se heroína e proclamou: “Nesse dia passarei a ter uma coisa em comum com os alunos do Colégio Militar: nesse dia estaremos a fazer história.”(1). Como do reflexo não viesse sinal de alarme desta abusiva imposição de partilha de vontades, excedeu-se e definiu cronologicamente um Setembro de 2013 com uma desmedida justificação: “O ano em que será extinta a ultima limitação de género da república portuguesa.”(2).

Ó senhora Berta Cabral, a última limitação de género na República Portuguesa?! Não o faz por menos?! Em que mundo vive, para onde olha e o que vê? A última limitação?!… 

Pensei que o argumento surgisse mais cedo – era imperdível, não era? Nada como justificar uma fusão apressada, cara e arruinadora de património com uma causa nobre – Igualdade de Género e Direitos da Mulher - e que serve simultaneamente de acusação: os Antigos Alunos do Colégio Militar não passam de um bando de machistas empedernidos. Condição, afirma-se aos sete ventos, que é a única e verdadeira razão da oposição dos Antigos Alunos: “Garantir que as mulheres continuariam sem entrar no Colégio Militar.”(3)

Tenho, senhora Secretária de Estado Adjunta e da Defesa Nacional, experiência suficiente de vida e bom conhecimento das questões de género – aprendo em casa: sou casado com Ana Coucello, feminista, presidente (2000/05) da Association des Femmes de l’Europe Méridionale (AFEM), vice-presidente (2002/04) do Lobby Europeu de Mulheres, presidente (2006/2008) da Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres e antiga aluna (nº68/59) do Instituto de Odivelas – para não cair na primeira aparência só porque alguém se lembra de chamar o assunto à colação para melhor servir os interesses que conduz. E, claramente, não aceito o argumento. 

Porque se fosse uma questão de direito de acesso a solução seria simples: abria-se o Colégio Militar à frequência de raparigas – solução que não obrigaria a dar cabo – como pretendem dar - do secular Instituto de Odivelas. Que tem pergaminhos históricos. Patrimoniais. Inimitáveis. 

E não é assim. A Igualdade de Género só é aqui chamada como bengala de argumentário coxo. Porque tudo isto navega contra a sedimentação da História acobertado no disfarce da pretensiosa inovação da marca de Estabelecimentos Militares de Ensino e na insinuação, em promária caça de elogios, de que o peso da tomada de decisão está no rompimento de um inventado Clube do Bolinha onde menina não entra, mistificando e usando o que dá jeito para ignorar o que incomoda e criando contas, sem profundidade e confronto. para justificar a mais fácil das soluções: acabar com tudo e reduzir a História a zero. Assim, neste quadro que me impuseram, assiste-me o direito de perguntar: a quem vai interessar o Forte de Santo António da Barra sobre o mar que toca o Tejo? e a qualidade das instalações de Odivelas? e o Monumento Nacional do Mosteiro de S. Dinis? e o Claustro da Moura? e a Torre da Madre Paula? e a Sala do Tecto Bonito? A quem vão servir? quem ficará com eles, para que uso e a troco do quê? 

Aliás se o problema fosse uma verdadeira preocupação para encontrar soluções de acordo com os méritos da Igualdade de Género, também o Instituto de Odivelas abriria as suas portas a rapazes. Ah! Mas isso era impossível por causa dos custos, imagino-a a responder, senhora Secretária de Estado, num aqui d’el-rei de primeira-linha. Mas será?! 

Por favor, senhora Berta Cabral, não me venha com a pomposidade da estrutura de custos: há mais de dez anos que a Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar tem vindo a fornecer aos responsáveis de mais alto nível pela instituição, soluções que, se aplicadas, já teriam feito do Colégio Militar uma unidade autossustentável. E sem alteração do seu carácter fundamental. 

As razões da fusão destruidora – destruindo num despacho aquilo que levou séculos a construir - só podem ser outras…que valerão o exagero do custo da operação. 

Como já o disse mais do que uma vez não é o género feminino e a sua eventual frequência do Colégio Militar que me preocupa ou me faz espécie – a adaptação ao sentido dos tempos a isso levaria. O que me faz espécie é esta avidez, esta insustentável leveza de solução pretensiosa onde tudo parece valer para impor um duvidoso interesse já decidido. A que se acrescenta a perigosa vaidade de Fazer História. E para o garantir nada como ouvidos de mercador em contraponto à demagogia de argumentos falaciosos. 

O que continua em causa é a incapacidade de proceder às reformas que garantam que o carácter das instituições caminha sempre no sentido da excelência: escolar, desportiva e da aprendizagem de liderança baseada em valores perenes. Fazendo destas instituições de ensino uma demonstração cada vez mais qualificada da extensão do serviço público prestado pelo Exército Português. 

O que me incomoda, o que me indigna, senhora Secretária de Estado Adjunta e da Defesa Nacional, é o desplante da escolha cega e surda de um caminho desastroso para o carácter futuro destas instituições de ensino, nomeadamente – e para o caso que mais me diz respeito – do Colégio Militar. Melhor prova?! O facto de Marçal Grilo, conceituado especialista e convidado pelo seu actual Ministério da Defesa para estudar e propor as hipóteses de reforma, ter assinado a petição enviada ao senhor Presidente da República para pôr fim ao despacho ministerial que formaliza a fusão. 

Fazer História. Porque o titula, julga-se no direito a pretendê-lo. Está feita, diz a senhora Berta Cabral e o mundo curva-se. Curvar-se-á?! Deixá-la-á sonhar com a referência, na memória dos tempos, do seu nome na cronologia de sempre da luta – essa sim, quantas vezes heroica - pela Igualdade de Género? 

Fará História?! Ficará na História?! Só se for, senhora Secretária de Estado Adjunta e da Defesa Nacional, num rodapé a lembrar abuso consumado de uma operação infeliz e prejudicial ao património de Portugal. E que mais não é do que ofensa gratuita à memória de muitos. 
(Antigo Aluno 200/57)

(1) Fazer História, Berta Cabral in Diário de Notícias de 2/9/2013
(2) idem
(3) ibidem

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A Volta no Rossio

Desenho em iPad a ponta de borracha e dedo

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O carrego



      
   



quarta-feira, 7 de agosto de 2013

QUE LHE BATE FORTE

Diz que lhe bate forte no coração, o ministro. É natural, o senhor Aguiar Branco - não é que não perceba o erro da aposta - tem uma agenda. Uma agenda de destruição de instituições de ensino seculares - Colégio Militar, Instituto de Odivelas e Pupilos do Exército - a favor de qualquer coisa, no interesse de alguma coisa que, confesso, ainda não percebi.
Mas qualquer coisa existe de interesseiro neste poder governamental - cada vez que os ouço, no despudor das intervenções, na pesporrência das suas afirmações, na visão que demonstram, mais me convenço que assim é. Traição à Pátria?! Assim é para quem, na desculpa de mau pagador, usa e abusa - José Gil, o filósofo, lembrava Sartre para acrescentar em definitivo: "Canalha é aquele que usa e abusa do seu direito." - pior, do que lhe deram como poder. E destruir, com ar triunfal de alquimista do futuro, património secular e transmiti-lo adulterado às novas gerações pode ser assim chamado, pode ter o nome de traição. À Pátria?! Claro, porque é à Pátria, a Portugal, que este património pertence!
E estas coisas do património, escrutinam-se - tirando as devidas conclusões e impondo as necessárias obrigações.
Eminência parda, à marca secular, ao nome feito e reconhecido, prefere a sua inovação: "Estabelecimentos Militares de Ensino". 
"Estabelecimentos Militares de Ensino", a marca do senhor ministro que ninguém conhece, que ninguém sabe a que se refere mas que pretende substituir na história as marcas que o tempo vincou. A substituição que o marketeer de serviço lhe impingiu. E que, num deslumbre, gostou. Que lhe bate forte, diz embevecido. São assim os recém-chegados, de nada sabem mas são serviçais na vaidade que os interesses lhes descobrem. 
E abusa das caras, das imagens - os mais letrados as reconhecerão - e abusando da nossa memória, afirma o seu objectivo: mostrar-nos o poder de que desfruta.
É preciso ter lata: que a fusão é necessária, afirma, por razões económicas pela situação do país, etc. e tal, e, portanto, gasta-se dinheiro numa campanha sem sentido: estupidamente elitista e provocadoramente fora de tempo - AS INSCRIÇÕES JÁ FECHARAM!!!
Aqui e ali o senhor ministro e a sua equipa pretendem, num truque de extensão da parte ao todo, passar a mensagem -  não falando já da amálgama de números para influenciar a opinião pública menos conhecedora ou atenta - de que o problema, a razão de ser, da oposição dos antigos alunos do Colégio Militar se centra na instituição mista. Disparate! Abuso! Pretensão de nos fazer passar - a mim e a outros ex-alunos como eu - por nostálgicos tontos passadistas. 
O problema não está na eventualidade de uma abertura de género do Colégio Militar. O problema de base não é a questão de algum clube do Bolinha onde menina não entra. Não! O problema está na pressa, no desvario, com que se pretende fazer uma reforma destruindo o carácter institucional que levou 200 anos a construir mas que a varinha mágica ministerial levará meia-hora a destruir. E que define a diferença entre, no caso, o Colégio Militar e as outras instituições de ensino nacionais. O problema está no disparate, não numa qualquer guerra de sexos.
Que é necessária uma reforma?! Claro que é, di-lo há anos a Associação dos Antigos Alunos.
Aquilo que queremos, aquilo que pretendemos, é que a necessária reforma potencie as capacidades colegiais para um mundo actual e futuro de tal forma que o torne tão exemplar como o foi sempre. Com inteligência e sentido estratégico.

                                                                                                         Ex-aluno 200 de 1957

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Segundo as autoridades

sábado, 3 de agosto de 2013

Nuvem negra


sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Moinho de vento


Moinho de vento, S.Jorge, Açores
Foto em Nikon D300, JPBessa

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Ocupação?!


Carros em actividade desportiva?
Lisboa, foto em iPhone, JPBessa

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Florista


Florista, S.Mamede, Lisboa, foto em iPhone

quarta-feira, 24 de julho de 2013

A las cinco de la tarde


terça-feira, 23 de julho de 2013

Acabou o 100º Tour de France

Desenhado com dedo em iPad

E agora, acabado o Tour, que posso eu fazer nas tardes de calor? perguntava um telespectador no último dia aos comentadores da Eurosport. Durante três semanas a melhor prova de ciclismo do mundo - essa modalidade que teimam em chamar individual mas que só vive com o colectivo das equipas - mostrou-nos a capacidade de superação destes forçados da estrada, chamando a atenção para o nível de treino necessário à realização da prova. Para os mais cépticos, a conferência de imprensa pós-prova de Froome é elucidativa sobre o seu trabalho e da sua equipa - a SKY - de preparação para a boa prestação na prova - no ano passado o vencedor foi um dos seus, Wiggins, com Froome em segundo - lembrando que o passaporte biológico e os diversos exames antidopagem, para além da possibilidade de guardar os líquidos orgânicos durante os próximos anos, são a garantia necessária da sua "limpeza" e por isso terá, ainda no podium e com convicção, afirmado: eis uma amarela que resistirá à passagem do tempo. Espero bem que assim seja porque quero guardar, sem qualquer azedume, as memórias do que vi.

Para além de todo o fantástico domínio de Froome e das duas vitórias - de se lhe tirar o chapéu - de Rui Costa, ver o Tour pela transmissão televisiva é deliciarmo-nos com magnificas paisagens rurais ou urbanas - há vistas aéreas urbanas soberbas - a que se acrescentam instalações, feitas com os materiais mais inesperados e algumas delas de notável criatividade, comemorativas do centenário e localizados num qualquer espaço livre a que os helicópteros de serviço não deixavam de chamar a atenção.

Nas montanhas, o esforço mata-nos, nas planícies o deslizar cansa-nos, nas descidas - houve quem atingisse 100 quilómetros à hora - a velocidade assusta-nos. O Tour de France é uma das mais interessantes provas desportivas mundiais.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Conclusão após 21 dias

Melhor valera estar quedo
da sabedoria secular

sexta-feira, 19 de julho de 2013

San Fermines 2013



Capote de S.Fermín
Fotos tiradas da Internet
 Os encierros das festas de S. Fermín em Pamplona são um espectáculo que tento não perder, manhã cedo, nas excelentes transmissões directas da TVE. Nas ruas do casco histórico da cidade milhares de pessoas - cada vez mais mulheres - correm com touros e cabresto num percurso tradicional que os leva até aos curros da praça onde serão corridos à tarde. O objectivo não é correr por correr, é correr à frente e na cara do touro e há quem o faça de forma soberba - ao fim de anos a ver já reconheço os históricos - e é notável a forma como, no meio de toda aquela confusão onde não são poucos os que só atrapalham, conseguem manter a frieza e, com um toque de jornal ou de mão nas hastes, conseguem impedir cornadas nos que se deixaram encurralar. E não deixa de admirar, dadas as circunstâncias, o escasso números de feridos que, ao fim e ao cabo, acontecem. Magia do capote de San Fermín, dizem - e, bem vistas as coisas, deve ser verdade. Para isso os três pedidos iniciais e diários de protecção...
O que os touros podem vir a fazer é incontrolável, a reacção dos corredores menos experimentados também, o que nem sempre dá bom resultado. Mas faz parte.
O que já não faz parte é o erro daquilo que é controlável. E foi o que aconteceu no dia 13 de Julho. Por estúpida subserviência  - para deixar entrar uns "policias forales" para a trincheira como se fazia há vinte anos - uma porta foi demasiado e desnecessariamente aberta num espaço de quase dois lado a lado e acabou por tapar metade do espaço de entrada na praça, provocando assim um montón. Corredores a aumentar o monte, abafando os primeiros caídos e - para receio geral - com os touros a chegar e a encontrar, na sua frente, um tampão humano que não os deixavam continuar para a arena. 
Sorte, sorte foi que os touros bateram e ficaram e os cabrestos não tentaram trepar pelo monte humano acima. E alí se ficou, com a cobertura do capote do santo, até que a inteligência voltou: os touros foram levados por dentro da trincheira para entrar na arena um-quarto de volta depois.
Momentos de enorme ansiedade, momentos de pânico de quem tinha que suportar toneladas de peso em cima, momentos de pavor para muitos que viam e nada podiam fazer. O capote de S. Fermín limitou o número de feridos - um apenas com séria gravidade - a vinte e três, a maioria ligeiros. Uma sorte, um alívio.
Na sua tese, Cipolla tinha toda a razão: a estupidez tem péssimas consequências. Mas porque o capote não estará sempre atento - o diabo tece-as - aquelas portas nunca mais se abrirão: ordem definitiva do consejal. 
Mais vale tarde que nunca, diz-se.

sábado, 13 de julho de 2013

Maioral

Nas Galerias da Assembleia da República a malta gritava "Demissão!".

A senhora da Assembleia, qual dona, qual maioral, e num faz-de-conta de boa educação, berrou-lhes: "Façam o favor de se retirar!". Berrou de novo: "Façam o favor de se retirar!". E insistiu berrando outra vez: "Façam o favor de sair!"

Saída a malta, teorizou sobre o medo como se tivesses estado sob imenso perigo e citou a despropósito Simone de Beauvoir: "Não podemos deixar que os nossos carrascos nos criem maus costumes". Carrascos?! Maus costumes?! Ou desnorte de arrependimento pelos berros e do querer, posso e mando desajustado? Nem por isso, não terá sido isso, porque, muito senhora do seu nariz, concluiu que haveria que tomar providências para alterar futuras possibilidades de acesso às Galerias.

Depois do recente discurso do Presidente e desta inútil expressão de autoritarismo da Segunda Figura, a memória trouxe-me a Alexandra Alfa do José Cardoso Pires: "Isto não é um país. É um sítio... e mal frequentado".

Por isso anda tão torto...

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Plano A

"Espelho, espelho meu, diz-me se há salvador nacional melhor do que eu?" e o espelho respondeu-lhe com o reflexo de um sorriso de leve satisfação. O homem saiu corredores fora a repetir: "Este é o Plano A! O Plano A!! Vou dar uma lição, uma estalada mesmo, a esse aprendiz e ao pretencioso do outro. Vou passar-lhes uma certidão de óbito disfarçada de alto patrocínio. E tudo vai melhorar para mim: os portugueses que me elegeram e que me andam a fugir, vão perceber que o único salvador sou eu. Que sou o único político que os pode salvar!"

"Coxo?! O Plano A?" interrogou-se quando o espelho lhe chamou a atenção num prolongado psssst. Se o B trata, com o tempo necessário a lição de cura, de despachá-los para eleições, de os colocar a prazo e que se desenrasquem, o que faltará para que o Plano A seja um sucesso, perguntou-se então: "Entalar o PS? Mas não tenho feito outra coisa com a mãozinha que tenho dado ao Governo e os discursos em que lhes arreio forte e feio...que poderei fazer mais?"

Como é sabido, passeios de corredor são sempre bons conselheiros. Rodou, fez a esquina e ouviu-se: "Vou entalá-los...vou exigir-lhes a participação na solução, exigir-lhes um compromisso com os outros... e deixar o resto da esquerda de fora. Para os entalar mais... vão ver os apoiantes a pirarem. Vão ficar à rasca, não vão conseguir explicar aos eleitores porque não participam. Vão perder o pio. E no fim vão ter que ir a eleições..." elaborou quase a rir.

"Estão feitos! Todos!" e até uma gargalhada caiu no reposteiro de disfarce da porta, "Os três nunca mais se vão entender, não vai haver compromisso nenhum, não haverá acordo e eu vou criar um governo de minha incidência que governará acima desta maltosa e que me tratará com o respeito devido. E terá o apoio da troika que me verá como grande salvador dos interesses dos credores e com o apoio dos portugueses que me julgarão o metedor-na-ordem-mor dos líderes dos partidos."

"Sou genialmente o salvador, vou subir na popularidade, vou ficar em grande. Em palmas!"

terça-feira, 9 de julho de 2013

Decência

Leio numa edição do jornal Público e junto aos qualificados de recortes da gaveta que o senhor Ministro da Presidência, Luís Marques Guedes, com certeza com a pomposidade requerida na circunstância do cenário do Poder, declarou, para que, boquiabertos e reconhecidos perante quem sabe, o seguissemos: "O que se exige é responsabilidade para preservação e defesa da estabilidade política."

Acontece, Excelência, que não é nada disso que precisamos, queremos ou exigimos. Saiba Sua Excelência que aquilo que precisamos se diz decência. O que exigimos é DECÊNCIA! Decência apenas, sem palavras de libra, sem efeitos para a plateia. Sem disfarces grandiloquentes. O que exigimos dos políticos não é a responsabilidade pela segurança da sua estabilidade é a responsabilidade empenhada na resolução séria, adequada e eficiente dos problemas que dizem respeito à totalidade dos portugueses de uma forma equitativa, equilibrada e socialmente justa. Como manda a responsabilidade de prestação de serviço público!

Excelência: a estabilidade política é óptima para quem tem - assim, no mínimo, mantém. Mas não para quem viu a sua qualidade de vida e as suas perspectivas de um futuro aceitável desaparecerem. 

Excelência: eleições, numa democracia, não são factor de instabilidade: são eleições!

domingo, 7 de julho de 2013

Sacrossanto Mercado

Um senhor, aparentemente russo e provável habitante do Mónaco, que assina Russian Market e escreve numa rede social que Portugal isto mais aquilo, desastroso para aqui, Gaspar para um lado, Portas para o outro, Albuquerque qualquer coisa, Coelho em tudo.

Enfim, escreveu o que lhe deu na cabeça com a irresponsabilidade do meio e do nulo conhecimento sobre o nosso jardim (ao que parece não terá grandes conhecimentos sobre nenhuns outros...). Acha apenas que não lhe dá jeito - vulgo segurança - comprar português. E que faz o sacrossanto Mercado, esse deus de adoração e preferência dos financeiramente privilegiados, perante tal demonstração de sagacidade? Reage à tontice e mostra-se prejudicial a Portugal. 

Ou seja: essa coisa denominada Mercado que se sobrepõe - por vontade de alguns - às pessoas e à sua vida e, bastas vezes, aos seus direitos, é dominada por coisa nenhuma que tenha um mínimo de racionalidade. Estamos assim no domínio de algo pior do que a sorte e azar de casino, ficando sujeitos à perigosíssima dependênca de uma qualquer estupidez. E os senhorecos vêm falar-me dos Mercados como se fossem coisa séria, fiável e confiável. Com regras. 

Mostrando, apenas e no fundo, que não querem que aprendamos nada com a crise que vivemos e que não reconheçamos o faz-de-conta que representam. Para que o saque, no seu espaço de multiplicação dos pães, continue a ter espaço de ampliação. Tornando muito mais ricos os ricos e mais pobres todos os outros.

Regulação diz-vos alguma coisa ou vamos continuar nas mãos do interesse colector do neo-liberalismo?

Infelizmente, toda esta manipulação de mãos invisíveis tresanda a obediênca estúpida. Gaspar demitiu-se declarando a política prosseguida - por ele próprio - como errada e Coelho como líder incapaz. Portas demitiu-se irrevogavelmente para levar uma sova do partido e voltar rapidinho por troca com rebuçados. O Presidente da República, dizendo mesmo nada a qualquer costume, pretende que julguemos que deu dois puxões de orelhas e meteu os meninos na ordem.

Cipolla tem a razão toda na tese (ver aqui) que defende: existem muito mais estúpidos do que possamos imaginar e são muito mais perigosos do que quaisquer outros. O quod erat demonstrandum está à vista.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Cidadãos-Arquitectos exemplares

Neste momento de irresponsável jogo de sombras donde, com a permanente falta de comparência do Presidente da República, não prevejo nada de bom - ou de melhoria - para o povo português, o Governo da República fez uma coisa decente: atribuiu aos arquitectos Nuno Teotónio Pereira, Alcino Soutinho e Nuno Portas a Medalha de Mérito Cultural.

Ordem dos Arquitectos, Sala Nuno Teotónio Pereira, foto em iPhone
Homenagem mais do que merecida, na Ordem dos Arquitectos e no dia em que se celebra o aniversário do Estatuto da Ordem dos Arquitectos, a cidadãos-arquitectos que se tornaram exemplos de cidadania e entrega profissional empenhada. Não de hoje mas desde os tempos em a vida não tinha este sopro de ligeireza irresponsável.

Na cerimónia que se traduziu nalguma emoção para quem estava presente e depois de termos ouvido, após a entrega das medalhas e respectivos diplomas, palavras marcantes de Portas e Soutinho, aconteceu o momento porventura mais marcante da cerimónia: a alma republicana de Teotónio Pereira - cego e de cadeira de rodas - impeliu-o a levantar-se e receber de pé a medalha e, ainda de pé, a dirigir-nos algumas palavras com as quais nos quis transmitir a vontade de divisão da sua distinção com quantos com ele tinham trabalhado. Dos mais conhecidos aos mais humildes como referiu. A plateia respondeu com as armas que tinha: com uma ovação de pé!

Ter tido a possibilidade de os ouvir ou ler por diversas vezes, de os conhecer, de, mais do que uma vez, ter tido oportunidade de com qualquer deles conversar sobre razões profissionais, políticas ou culturais foi para mim um enorme previlégio. Com eles aprendi sobre a profissão e sobre a cidadania. 

Qualquer deles influenciou de forma memorável a Arquitectura e a Cidadania Portuguesa. Agraciá-los foi um acto de nobreza do Governo.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Dará a perdigota com a bota?

"Isto são crimes políticos para salvar o capital financeiro e o sistema bancário",                        Manuel Alegre in SIC Notícias, 26/06/2013, sobre a situação política.

Desenhado a ponta de dedo em iPad

Nunca gostei do falar afectado do homem, do seu uso do Exel, do estilo espertinho que sempre demonstrou. Demitiu-se depois de deixar boa parte da agenda que o motivou - a venda a retalho do país - realizada. E por isso é aplaudido pelos que ganham - esse mundo cujas perspectivas detesto - com a desgraça dos portugueses. Portugueses para quem não acertou uma!  Conversados portanto em termos de competências ou capacidades. Ou da visão de sebenta sobre a realidade. Pronto: o senhor vai-se embora e o senhor primeiro-ministro não tem melhor escolha do que a segunda do mesmo. Como resultado demite-se o chefe do principal partido da coligação porque, pelos vistos e confissão, estava reduzido a papel de embrulho...

"Não me demito!!" diz no trocatintismo da sua inépcia política o senhor primeiro-ministro a olhar-se como herói de banda desenhada embora de pacotilha. E vê mais uns quantos ministros do partido coligado a demitirem-se, partindo. Excelente capacidade de liderança!...

Capacidade de liderança também foi o que não mostrou o senhor Presidente da República. Deram-lhe um poder e ele, a cada dia que passa, faz-se de conta e dá lições públicas de organização política.

Neste escandalo de jogos de escondidas onde os portugueses - as PESSOAS! - nada contam ou são tidos em atenção, este Governo que - como do próprio os próprios disseram - gosta mais de uns portugueses do que de outros, está de malas aviadas. Veremos como o senhor Presidente da República, por quem os portugueses já perderam, por inação própria, muito da consideração devida e da esperança desejada, descalçará a bota.

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