sábado, 31 de janeiro de 2015

Da PACC ao disparate é um salto

Nada mais assustador do que
a ignorância em acção.
Goethe

Tenho ouvido falar da PACC e das diversos antagonismos que tem criado mas nunca aprofundei o assunto. Mas ontem, no Público, dei com a notícia da prova e com o enunciado de uma das suas perguntas que, aliás, achei e desde logo, pretensiosa e duvidosamente formulada. Mas pior fiquei quando li a pretensão da resposta certa - no momento seguinte estava a escrever o texto que enviei à Directora do jornal. Assim:

Exma Senhora Directora
Li, no Público de 28 de Janeiro, que 78,9% dos professores que realizaram a Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades, não acertaram na pretendida resposta certa deste problema: 

"O seleccionador nacional convocou 17 jogadores para o próximo jogo de futebol. Destes 17 jogadores, 6 ficarão no banco como suplentes. Supondo que o seleccionador pode escolher os seis suplentes sem qualquer critério que restrinja a sua escolha, poderemos afirmar: 
(a) que o número de grupos diferentes de jogadores suplentes é inferior ao número de grupos diferentes de jogadores efectivos; 
(b) superior ao número de grupos diferentes de jogadores efectivos; 
(c) igual ao número de grupos diferentes de jogadores efectivos; ou 
(d) não se relaciona com o número de grupos diferentes de jogadores efectivos(d)?”

A resposta dada como certa é a da alínea (c): "igual ao número de grupos diferentes de jogadores efectivos". Será?! E em que pano fica o raciocínio lógico e crítico pretendido para justificar perguntas desta natureza?
Sem entrar em pormenores demasiado finos, mas notando que deveria estar escrito "seleccionador nacional de futebol" - embora podendo ter até sete suplentes o futebol é única modalidade colectiva que a generalidade dos portugueses conhece com 11 efectivos -  podemos dizer que os "grupos diferentes" de jogadores serão: guarda-redes, defesas, médios e avançados.
Sendo a designação dos "seis suplentes sem qualquer critério que restrinja a sua escolha" - friso o sem qualquer critério - porque razão é que deveria ser "igual ao número de grupos diferentes de jogadores efectivos"? De facto tanto pode como pode não ser e, aliás, pode corresponder a qualquer um dos enunciados. Exemplo: ser inferior ao grupo diferente de jogadores com apenas guarda-redes, defesa e médios - o avançado efectivo só estava em campo até ser necessário segurar o resultado; ser superior com guarda-redes, defesas, médios e avançados - dos onze que entraram como efectivos não constava qualquer avançado; ser igual, utilizando os mesmos grupos dos efectivos com guarda-redes, defesas, médios e avançados ou, ainda, não se relacionar com "o número de grupos diferentes de jogadores efectivos" por não haver nem correspondência, nem proporção.
Da maneira como está enunciado o problema a única resposta lógica é a (d) "não se relaciona com o número de grupos diferentes de jogadores efectivos" porque se trata de responder - partindo do enunciado que estabelece a inexistência de qualquer critério restringidor - apenas à estratégia estabelecida pelo seleccionador nacional (de futebol).
De facto uma equipa desportiva formada por efectivos e suplentes não corresponde ao conceito de suplentes, quer na forma, quer na função, utilizado, por exemplo, para pneus de um automóvel. Nada obriga a que os suplentes correspondam aos efectivos nas capacidades funcionais. E não sendo obrigado a nenhum critério que não os próprios, a solução será a que o seleccionador nacional melhor entenda e só por acaso igualará os "grupos diferentes de jogadores efectivos" que se define como solução e estará, de forma geral muito mais próxima do enunciado na alínea (d): "não se relaciona com o número de grupos diferentes de jogadores efectivos". Porque, repito, se relaciona exclusivamente com o entendimento do seleccionador nacional (de futebol).
E depois pretendem que tenhamos confiança...

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Da mudança à memória do horror

Os serviçais, na pesporrência do disfarce habitual de grandes senhores, aparecem a dar nas vistas para que os senhores que servem os não esqueçam. O senhor Primeiro faz-se conhecedor e atira com o disparate de "o programa é um conto de crianças, não existe", o senhor da Economia,
convencidote de profissão, mostra-se desconcertado no anúncio moralista de "é insólito que a esquerda radical tenha chegado a acordo com a direita nacionalista" numa tentativa canhestra de disfarce da evidência: a mudança que a vitória do Syrisa significa.
Às preocupações dos senhorecos prefiro, obviamente, o aviso do Prémio Nobel, Joseph Stiglitz de que "a Alemanha é o problema, não a Grécia". 
E lembro que hoje, 27 de Janeiro, passam 70 anos sobre a horrorosa descoberta da verdade de Auschwitz, o campo de concentração nazi, onde foram assassinados, humilhados, torturados e aterrorizados mais de um milhão de seres humanos. Aos sobreviventes, as minhas homenagens no respeito que a memória dos que aí sofreram e morreram me merece.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Os politicamente correctos

“O SILÊNCIO DOS SENSATOS É A MINHA GRANDE PREOCUPAÇÃO”
Martin Luther King
Li no Público de 10/01/2015 na rubrica Cartas à Directora uma carta de um qualquer sensato que vê o mundo ao contrário. Achei que devia responder. Assim fiz e enviei a carta que segue para a Directora do Público. Não foi publicada. Ela lá saberá porquê. Aqui fica:

"Não sou Charlie", pois eu sou!
Ignorando o custo do avanço civilizacional dos caminhos da História que nos trouxeram até à Declaração dos Direitos Humanos, à defesa e exercício da Liberdade e ao domínio da Democracia, JN (Cartas à Directora, 10/01/2015, "Não sou Charlie") pretende, sem o referir mas deixando-o inferido no moralismo de embrulho que lhe mascara o preconceito, que seja a censura a regular o nosso dia-a-dia.
Como resulta à evidência do escrito, JN fará parte do grupo dos "estavam mesmo a pedi-las" onde também se juntam os que entendem serem as mulheres as culpadas das suas próprias violações, as crianças culpadas das violências pedófilas, os judeus culpados dos campos de exterminação nazis e, naturalmente e como defende, os cartunistas do Charlie Hebdo como responsáveis do banditismo cobarde dos fascistas teocráticos. Estavam mesmo a pedi-las...
O autor do "Não sou Charlie" vê o mundo estupidamente ao contrário. O que é um perigo, como nos lembrou Cipolla ao avisar que a pessoa estúpida é o tipo de pessoa mais perigosa que existe."


sábado, 10 de janeiro de 2015

O que é isto? Onde estámos?

A propósito da audição, à porta fechada e na Assembleia da República, do contabilista GES/BES, escreve o Público de 9 de Janeiro:

"Negrão acusou os assessores de serem os autores da "inconfidência", e recebeu do coordenador do PSD, Carlos Abreu Amorim, uma advertência pela acusação infundada. Ainda assim, Negrão exigiu que os assessores presentes desligassem os telemóveis e os computadores."
Sob o mesmo propósito, escreve o jornal i:
"Na audição de ontem, aliás, e após algumas informações terem sido passadas para o exterior, o presidente da comissão parlamentar pediu aos deputados que desligassem os telefones."
De um lado assessores do outro deputados, a mesma causa: "bufar" para o exterior com novas tecnologias o que foi considerado interno; para uma mesma consequência: mando de desligar os telemóveis.
Sem saber se os acusados foram, verdadeiramente, os assessores ou deputados, duas coisas sei: tratava-se de uma audição parlamentar na Assembleia da República e da audição, sem testemunhas exteriores, houve passagem de "contrabando" para o exterior.
O que é isto?! Então os senhores presentes nas salas de audições de porta fechada regem-se por outros interesses que não os da Casa da República? Que gente é esta que admite no seu meio gente que tem por norma servir senhores que não conhecemos? Que raio de ética é esta em que alguém se sente importantíssimo por transmitir aquilo que não deve ou não pode? Com que retorno?
Depois admiram-se que as pessoas achem que os políticos, nomeadamente parlamentares, não passam de uma "canalha" que só está lá para se servir e nunca para servir aquilo com que se comprometeu.
E só há uma forma de limpar esta imagem: um inquérito que defina quem "contrabandeou" o que não devia porque é tempo da marca da decência estar presente em cada gesto dos eleitos da República.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

JE SUIS CHARLIE

Desenho iPad

Minuto de silêncio na Praça do Município de Lisboa  em simultâneo com Paris
foto iPhone  jpb 


Praça dos Restauradores, Lisboa
foto iphone jpb 


quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

JE SUIS CHARLIE


Desenho em iPad

sábado, 3 de janeiro de 2015

A frase de 2014

O Papa Francisco exigiu na cerimónia das Vésperas e Te Deum realizada a 31 de Dezembro de 2014 que:
"É preciso servir os mais fracos e não servirmo-nos deles”

Esta frase, que elejo a "melhor de 2014" porque é justa, clara e interventiva e define uma direcção sem ambiguidades, deveria ser lema - escrito nas paredes dos gabinetes, nos corredores de passagem, nos átrios de entrada - para 2015 para todos aqueles que têm poder de decisão. Seria bom que os emproados dos governantes - os nossos que passam a vida a fazer-se passar por tementes e outros que têm a ver com os nossos - soubessem adequar as suas decisões ao preceito papal e não ao jogo de interesses - tão importante que sou, julgam-se - de que gostam de fazer parte. Portugal, a Europa e o Mundo ficariam melhores.
Ao dizer como disse, o Papa Francisco estabeleceu um patamar onde a dignidade humana tem lugar preferencial, colocando a caridadezinha - essa forma tão ao gosto de nossos governantes e mandantes - fora de qualquer nível decente de intervenção no domínio dos direitos sociais. 

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