sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

BOM ANO!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Natal 2010

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Tomada de posse na Ordem dos Arquitectos

Tomada de posse dos eleitos nacionais para a Ordem dos Arquitectos para o triénio 2011/2013. Tomei posse do meu lugar de membro do Conselho Nacional de Delegados e fizeram-me uma fotografia.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Jantar da Mesa Dois

O jantar da Mesa Dois do Procópio - habitual na época do Natal - realizou-se hoje (18) no restaurante da Ordem dos Engenheiros (nada mau, bem servido e com boa vista sobre o Eduardo VII). Momento especial de encontro de amigos de longa data. Risos, altas teorias, notícias, perspectivas, assim vai o mundo e etc. e tal. Do melhor como sempre e mantendo a tradição de tratar do mundo - já que de nós parece cada vez mais difícil. Na mesa onde fiquei - ao lado da dos senhores embaixadores e senhoras (ainda sobravam embaixadores espalhados pela sala...) - lembrei-me, a propósito de qualquer coisa, dum enorme e belíssimo verso da poesia portuguesa, o resignado "tão fora de esperar bem" de Joam Roiz de Castelo Blanco. O João Paulo Guerra, porque o disse há anos (muitos) numa récita organizada pela Natália Correia, lembrava-se mais ao menos de todo o poema. Conseguimos, em esforço de toda a mesa, (re)compô-lo integralmente. É de uma beleza extraordinária: na métrica, no jogo de palavras, nas imagens que permite. Assim:


CANTIGA, PARTINDO-SE

Senhora partem tam tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tam tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.

Tam tristes, tam saudosos,
tam doentes da partida,
tam cansados, tam chorosos
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.

Partem tam tristes os tristes
tam fora d'esperar bem,
que nunca tam tristes vistes
outros nenhuns por ninguém

Joam Roiz de Castelo Branco
Segunda metade do sec. XV
Contador de D.Afonso V


sábado, 11 de dezembro de 2010

PPP a favor de quem?

Nunca fui adepto das Parcerias Público-Privadas. Nunca compreendi as vantagens de misturar dois conceitos não miscíveis: a prestação obrigatória de um serviço aos cidadãos com a necessidade da obtenção de lucros para responder aos interesses dos accionistas. Aliás sempre pensei que este conjunto, pela lógica do lucro, tende muito mais à redução da qualidade do serviço do que ás vantagens da mítica eficiência privada. Parece-me evidente: as PPP traduzirão mais lucros e não necessariamente melhor serviço.

Há anos, depois de ter participado nas negociações em Bruxelas para a obtenção de verbas para aplicar nas infra-estruturas desportivas – que de zero passaram a 80 milhões – tive que me confrontar, em reuniões para aprovação de regulamentos, com a imposição dos enviados de Bruxelas – um deles português, irritante e cheio de prosápia do centro da civilização contra os pré-históricos da periferia – para aceitação das PPP. Fiz o que pude: disse que não concordava, que me parecia prejudicial aos interesses dos dinheiros públicos, que no Desporto já havia uma espécie, embora mitigada, de PPP, na relação Estado/ Federações de Utilidade Pública Desportiva. Enfim, para que as parcerias fossem aceitáveis seria necessário uma monitorização e controlo tais que garantissem a defesa sem lacunas do interesse público dos projectos. Não serviu para nada: os meus cerca de trinta companheiros alinhavam no modismo PPP, achavam até interessante dar cobertura ao mito de gerir a administração pública como empresas privadas ou acreditavam, com aquele entendimento pio que caracteriza o imobilismo, estar a alinhar Governo e interesse público. Ninguém esteve para se maçar. Na imagem de troglodita fiquei sozinho.

Curioso, hoje tudo é contra as PPP. Nomeadamente a direita que já se esqueceu da defesa que lhes fez. Mas são-no também ex-membros do Tribunal de Contas, ex-ministros, ex-isto e aquilo e até actuais liberais como Luis Campos e Cunha que defende “que há que separar as águas do Estado do sector privado. A mancebia entre o Estado e os negócios conduz a que o Estado fique ao serviço dos interesses económicos.”

Como é que caíram na esparrela?

domingo, 5 de dezembro de 2010

E nós?

E nós, os vizinhos do Jardim das Amoreiras, não temos direito a um subsídio que nos compense os cortes determinados pelo Governo?

É que também queríamos…

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Ordem dos Arquitectos

A lista A – Arquitectura para todos: enfrentar a crise, construir o futuro - presidida pelo João Rodeia ganhou as eleições para os Órgãos Nacionais do Triénio 2011-2013 da Ordem dos Arquitectos. E ganhou bem porque, representando a continuação de um bom trabalho realizado ao longo dos últimos 30 meses – direito à arquitectura (Revogação do 73/73); sustentabilidade e credibilidade da Ordem – prepara a continuação da intervenção por melhores condições do exercício da profissão, acompanhando o reconhecimento internacional, regulando melhor a admissão e o exercício profissional, promovendo a melhoria de benefícios profissionais e sociais, a criação de nova Tabela de Honorários para Projectos de Arquitectura, bem como a sustentabilidade financeira e orgânica da Ordem. Num período nada fácil, a nova direcção da Ordem propõe-se também – e por isso reuniu diferentes sectores e sensibilidades numa “única equipa” – conjugar esforços para encontrar as respostas acertadas e adequadas para a construção do futuro da profissão. O que em época de crise não é desafio menor ou inútil.

Integrando esta lista fui eleito – já o tinha sido, mas por outra lista, no mandato anterior - para o Conselho Nacional de Delegados. E sei que vamos conseguir cumprir o que nos propusemos.

No que me parece ser uma óbvia vantagem para os arquitectos e para o seu futuro exercício profissional, apenas uma preocupação: o baixo número de votantes. Será que a maioria dos arquitectos apenas pretende – não lhe encontrando mais potencialidades – que a sua Ordem não seja mais do que uma caixa receptora de quotas e emissora de credenciais? Não há, ou haverá, outras ideias colectivas para o exercício profissional?

A dimensão da crise vai exigir que a Ordem se disponibilize para outras respostas, exigindo a atenção e o empenho de muitos mais do que aqueles que quiseram votar.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Austeridade

Mark Blyth, professor de ciências políticas na Brown University
youtube.com
O bolo é o mesmo e as mesmas são as pessoas. O que significa que não há retórica que altere esta realidade:
se poucos ficarem com muito, sobrará pouco para muitos

e por isso resulta que:
aqueles que mais sofrerão são os que menos podem.
E não há retórica neo-liberal que o inverta.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Três secos

Há duas características, também essenciais, nos campeões:
- capacidade de aprender com os próprios erros;
- capacidade para não cometer duas vezes o mesmo erro.

Por falta evidente destas capacidades o Benfica saiu da Champions e está com 10 pontos de atraso em relação ao primeiro do campeonato interno.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

IMPROVISO

Não há improvisos – nós gostámos, achamos que é uma nossa qualidade particular que nos caracteriza e distingue, mas não passa de uma forma de preguiça, de deixar o tempo correr, de falta de previsão e de incapacidade de antecipação.
Os Óscares – o espectáculo do melhor cinema na visão americana - já nos tinham mostrado que cada um diz o que deve – pensado, escrito, antes. Ensaiado. E com muitas preparações que nunca verão a luz da ribalta.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao deixar a sua marca no Livro de Honra do Palácio de Belém, copiou a meia-dúzia de linhas da sua mensagem dum cartão que tirou do bolso e que guardou posteriormente. Sem improviso. Pensado e reflectido.

O improviso é para situações imprevisíveis. Deixar que seja o improviso a resolver o previsível representa perca de tempo, de qualidade e abre espaço ao risco desnecessário. Mas o improviso, para que não seja uma imprevisível apanhadela na curva, prepara-se e antecipa-se: como bem sabem desportistas de rendimento ou músicos de jazz.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Eu vi!

Ganhar quatro a zero aos campeões do Mundo (e da Europa) é obra. E a jogar bem. Pena é que só metade do estádio o visse – a malta não gosta de bola, só do clube é o que é! Campeões do Mundo, os tipos que nos enchem as medidas no tiki-taka e do outro uma data de portugas que jogam lá fora. Dos melhores do Mundo. E a malta a ignorar. Abençoados dos que viram. Um golo do Ronaldo em brincadeira de treino com o companheiro Casillas com a bola a dar as voltas precisas que a ganância do Nani tirou - se houvesse campainhas nas traves da baliza a bola já lá estava e o golo alinhava no youtube para o mundo ver: golaço! A malta não gosta de bola, só do clube é o que é!

Um petardo do Carlos Martins que a Luz chorará sempre que fizer falta ao Benfica, golo dobrado do Postiga, outro do Hugo Almeida a fechar. Quatro e os espanhóis da bancada a puxar e a malta a rir-se, a achincalhar com olés. Uma festa dos abençoados que lá foram. A malta não gosta de bola, só do clube é o que é!

Jogamos bem, subidos, a pressionar, sem medos, com os fantasmas do medo desinstalados do banco e atirados para as calendas da má-memória.

O mito foi-se e o Paulo Bento impôs-se com a primeira faceta que capacita um treinador: comunicar com os jogadores de maneira que possam comunicar uns com os outros. O estádio meio vazio: a malta não gosta de bola, só do clube é o que é!

Lembrei-me do António Oliveira: quem viu, viu; quem não viu, visse! Eu vi!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Siza honoris causa


11 de Novembro de 2010 -f oto de telemóvel
 A Universidade Técnica de Lisboa atribuiu, na Faculdade de Arquitectura de Lisboa, o título de Doutor Honoris Causa a Álvaro Siza.

Lisboa, depois de o ver resolver o Chiado, os Terraços de Bragança, a estação de Metro Baixa/Chiado e o deslumbrante pano de tenda que articula a passagem dos deuses com a porta dos humanos do Pavilhão de Portugal, assegurou Siza como um dos seus. Da sua comunidade académica, científica, artística. Do seu quotidiano.

A arquitectura de Siza é um enorme caderno cultural – da cidade de onde vem, do país a que pertence, dos caminhos que percorre. Passear pelas suas obras exige uma predisposição – um fascínio até – para se deixar surpreender: num pormenor do desenho, num pormenor construtivo, na junção de dois materiais, num alinhamento que abre diferentes perspectivas à interpretação da envolvente, à visão de integração urbana ou na abertura de novas vistas até então insignificantes. A arquitectura de Siza junta-nos num complexo de momentos inesquecíveis que aceleram o passado - da história e das muitas estórias do lugar - com o futuro que nos propõe.

Esperança foi a palavra que fechou a sua alocução.


Museu Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, Brasil; 1998/2008

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A Frase

"O Benfica é como eu: vai ao Porto para não fazer nada e comer bem"
                                  
Miguel Esteves Cardoso aos 72' do Porto,5-Benfica,0 em http://static.publico.pt/sites/storify/

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Salto

Golfinho
Açores, canal entre as ilhas de S. Jorge e Pico

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Uma pérola

Mais ou menos inocentes, mais ou menos bem-pensantes, eles andam aí!
"A democracia é um obstáculo à felicidade colectiva e persistir nessa teimosia obsoleta conduz-nos ao abismo." João Pinto e Castro in Jornal de Negócios
Vale, em contraposição de peso, lembrar Winston Churchill:
"A democracia é a pior forma de governo salvo todas as outras formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos." Câmara dos Comuns, 11 de Novewmbro de 1947
... nomeadamente uma qualquer iluminada ditadura.

                                                                        "Democracy is the worst form of government except from all those other forms that have been tried from time to time"

terça-feira, 2 de novembro de 2010

De então para cá

Conhecer a História tem a enorme vantagem de se poder saber como chegámos até aqui, até hoje e que caminho percorremos para o conseguir.

E assim também nos permite conhecer erros cometidos, as suas causas e consequências – fornecendo-nos dados, ferramentas, armas, capacidades, controlos, e mais tudo aquilo que a inteligência e a cultura possam retirar dessas lições para que saibamos não repetir os mesmos erros.

Em 1926, depois de ter liderado o pronunciamento militar de 28 de Maio, o golpista e general Gomes da Costa, lançou:

“O meu propósito é ir contra a ação nefasta de todos os políticos e dos partidos e de pôr fim a uma ditadura de políticos irresponsáveis”
Sabemos, apesar do pronunciador-chefe ter sido em pouco tempo exilado para os Açores, o que se seguiu: 48 anos de repressão e de atraso de que só o 25 de Abril nos libertou.

Nestas alturas em que aqueles a quem entregamos a responsabilidade têm como única preocupação o tacticismo do seu próprio interesse, seria bom que conhecessem e reflectissem sobre a nossa História recente. Para evitarem – como é seu dever – que a História se repita – não na forma, mas nas consequências.

No seu blogue “duas ou três coisas”, Francisco Seixas da Costa – embaixador, antigo governante e meu amigo – avisa e propõe:

“Os tempos estão tensos, as pessoas tendem a radicalizar posições, os antagonismos podem aumentar. É nestas alturas que temos de ser mais vigilantes sobre nós mesmos, em que devemos parar para pensar, para decidir, para optar. É nos tempos difíceis que se mede a serenidade de um país, a sua maturidade como nação. Temos quase nove séculos, passámos por crises muito mais graves e, com esforço, fomos capazes de as superar. Este é talvez um dos momentos em que se pode aplicar a frase de John Kennedy: "não perguntes o que o teu país pode fazer por ti, pergunta o que tu podes fazer pelo teu país".”
É obrigação de quem foi eleito para qualquer poder – deputados, autarcas, Presidente da República – ou responsabilidade, garantir que a situação não se transforma em puro e simples abuso dos mais fracos, dos excluídos ou desprotegidos.

Hoje, a forma usada por Gomes da Costa para derrubar o poder democrático não será tão directa como então. Contudo e embora mais sofisticada, menos visível e mais insidiosa, não deixará de pôr em causa a nossa Liberdade, o nosso Estado social, o nosso direito comum, a nossa cidadania.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Nuno Teotónio Pereira


Foto: CM Lisboa
A Ordem dos Arquitectos homenageia hoje Nuno Teotónio Pereira que, para os arquitectos da minha geração (e suponho que não só), representou sempre um exemplo da ética da prática profissional e da cidadania. No desenho da sua obra aprendemos a essência da Arquitectura: humanismo e serviço numa sempre interessante e marcante presença urbana.
O Franjinhas - prémio Valmor 1971 que projectou com João Braula Reis e aqui representado - foi motivo de acesa polémica ao aparecer nos "Mamarrachos" do Diário Popular. Perdeu o jornal que desapareceu e ganhou o edifício que hoje ainda continua a coar a luz da cidade através dos elementos exteriores - a imagem de marca - que, no aquiali que definem, abrem perspectivas insólitas, alterando as vistas a cada movimento e subvertendo o costume num diferente acesso à quarta dimensão. O desenho da esquina, deixando uma rua deslizar na outra, continua, quase quarenta anos depois, a marcar o cruzamento da Braancamp onde existe.

Mais do que merecida, a homenagem é devida.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Irresponsabilidade

"Táctica sem estratégia é o ruído antes da derrota"
Sun Tzu (544-496 A.C.)


O que penso da actual situação? Penso que representa o retrato da irresponsabilidade e que traduz pura e simplesmente um abuso. Abuso dos poderosos ou dos que se pensam poderosos. Dos inchados de importância.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Repartir a fatia

"É verdade, uma boa ética de trabalho levá-lo-á longe. Conheço diversos profissionais bem qualificados convencidos que ninguém trabalhará tão duro quanto eles... Mas conheci muitas pessoas na base da escala salarial que trabalham igualmente duro e por uma retribuição muito menor. Entre 1980 e 2005, 1% dos americanos mais ricos levaram mais de 4/5 dos proveitos do país. Será que alguém pode honestamente acreditar que os restantes 99% não mereceriam levar para casa uma fatia do bolo muito maior?"
Jonathan Cohn, jornalista americano do New Republic, argumentando a favor de um imposto sobre os ricos, Time, November 1, 2010

domingo, 24 de outubro de 2010

Estudar sempre!

Num programa de televisão - SIC, Alta definição, 23/10/2010 - ouvi do treinador de futebol e seleccionador nacional com 35 internacionalizações, Paulo Bento e que cito de ouvido:
"Ao deixar a escola cometi um erro enorme. Fiquei dependente de uma oportunidade. Tive muita sorte..."
Como sorte assim não é para todos, não anda por aí aos trambulhões nem tão pouco à mão de semear, o dizer deveria ser aproveitado para mote de uma campanha de incentivo escolar numa parceria entre Ministério da Educação e as Federações desportivas, chamando a atenção de que, se todos pretendemos mais prática desportiva, maior capacidade desportiva, maior desenvolvimento desportivo, melhores resultados desportivos, nada se pode substituir ao estudo, à continuidade dos estudos, á formação educativa.

Estudos e desporto não se excluem mutuamente deve ser o entendimento geral. Para que a vida não seja apenas um jogo de sortes e azares...

Nicht habben saken

Não há saco!
Fartam-me cada vez mais estes doutores cheios de diagnósticos, dando-se uma importância desmedida - onde já vão os quinze minutos de fama a que Wharol nos deu direito... Mas não lhes ouço qualquer proposta de solução, qualquer demonstração de capacidade de resolução dos problemas - só queixas e prosápia. E o ar pomposo de conhecedores. 
Pergunto com Karl Valentin: e não se pode exterminá-los?

Importam-se de responder?

"Alguns dos economistas eminentes que comentam a crise com um catastrofismo e uma inevitabilidade dignos de nota ocuparam funções governamentais nos últimos 30 anos. Por que razão não fazem o balanço da sua acção governativa e explicam as responsabilidades que foram tendo na acumulação da tão sacrossanta dívida pública e do sacrossanto défice?"
São José de Almeida, Algumas perguntas in Público, 23 de Outubro 2010

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Grifo

Grifo
Gyps Fulvus
Portas do Ródão

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A Frase

"ESTAMOS BIEN EN EL REFUGIO, LOS 33"
Luis Urzúa, Don Lucho, no primeiro contacto depois de 17 dias de pouca esperança

O exemplo do essencial: situação, localização, reforço da situação. Sem mais. Um atestado da capacidade de liderança que levaria à ultrapassagem de 69 dias de calor, de humidade, de escuridão, de fome e sede, numa prisão a 700 metros de profundidade .

Não vem que não tem

O mais irritante, cansativo mesmo, desta altura da crise é ter que ouvir uma série de barrigas-cheias a dar moral, plantados na pantalha em perorações cheias de si mesmo.

Que se deveria ter feito assim, que se deveria ter feito assado, sempre com a receita na ponta da sua importância e de repente – que a memória tem destas coisas – lembrámo-nos que foram ministros, responsáveis disto e daquilo, que tiveram as oportunidades necessárias e que fizeram uma qualquer outra coisa distinta daquilo que deveriam fazer – ou que dizem agora dever fazer-se.

Os brasileiros têm uma expressão notável para expressar o meu estado de espírito: não vem que não tem! Tudo dito com a inferência necessária: não tenho saco onde caiba o teu paleio!

NÃO VEM QUE NÃO TEM!

Um ex-ministro, o sr. Mira Amaral, escreveu, dias atrás, que seria a classe média a pagar a crise porque, eis a razão, “como se sabe, em Portugal, os ricos não pagam impostos”. Olímpico! E a culpa, menino, a culpazinha, a responsabilidade, é de quem? De quem por lá andou ou de quem nunca lá chegou? Pouco importa desde que não se percam os quinze minutos seguintes da fama wharoliana.

Outros, do alto da sua esplêndida presunção de senhores professores (não fixei o nome no Prós&Contras), vêem demonstrar-nos que a falta da capacidade de poupança das famílias se deve à sua liberdade de escolha – à sua quê?! Distinto e claro: à liberdade de não saber ler a linguagem ininteligível dos contratos, de não conseguirem resistir às promessas vantajosas do papel feito produção de coisa nenhuma, de acreditar na explicação cor-de-rosa dos que, marcando pontos, garantem o negócio financeiro dos bancos – dos sub-primes, das hipotecas de que se desconhece paradeiro, das promessas incumpríveis de juros impossíveis. Dessa imensa liberdade de explorar o próximo sem qualquer ética ou remorso – é a sobrevivência do mais forte, debitam na consciência para confortável alívio e doce remanso (a propósito e para que conste: Darwin, não pôs assim a questão).

NÃO VEM QUE NÃO TEM!

Como é possível ainda, aceitar uma Justiça que se mede por um dirigente sindical dos juízes que para se queixar do corte salarial – menor que o meu que nunca tive qualquer subsídio de renda – lança atoardas, numa sede conspirativa de serviço a frio, sobre putativa vingança por causa dos boys. Não há senso? Ainda por cima, como mostrou Miguel Sousa Tavares, enganando-se nas contas… e sem que os tribunais andem mais depressa e cumpram a missão que o direito da democracia exige.

NÃO VEM QUE NÃO TEM!

E que tal se esse enorme conjunto da sabichões, ordenadores de equações, pensadores da coisa feita, orientadores e servidores piedosos, fossem capazes – sendo verdade que a palavra crise pode ser associada à ideia de oportunidade – de criar oportunidades que nos tirassem da cepa torta. Com tantas ideias e tantas certezas, a coisa, pela certeza das mesmas coisas, vingaria.

NÃO VEM QUE NÃO TEM!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Gaivotas




Gaivota-argêntea
Larus argentatus

"À parte serem lindas. Elas planam, na boleia do vento, curiosas acerca de onde ele as levará. Quando aterram, recolhem as asas com pressa de mais, como se não quisessem confundir-se com aves. Depois passeiam, mais pedantes do que pomposas, até pararem quietas, num vasto colóquio onde ninguém fala mas todos se conhecem, falando para dentro, como autoridades tão pançudas como dogmáticas, que mais ninguém entende.
Chegam sempre tardias, sozinhas ou em pares. Mas quando partem, partem todas ao mesmo tempo. Voam connosco e levam-nos com elas. Por muito que ouça difamá-la, não lhes acho um único defeito"
Miguel Esteves Cardoso, Ainda ontem, "As gaivotas ciganas", Público

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Mineiros do Chile

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Bernardinho campeão

O objectivo é claro:
TRANSFORMAR SUOR EM OURO
A estratégia resume-a a uma fórmula simples:
TRABALHO+TALENTO=SUCESSO
e com estas duas "ferramentas" sempre presentes Bernardo Rezende, o Bernardinho, é, de novo e com o seu Brasil, Campeão do Mundo de Voleibol.

Tem um livro - o da imagem que me ofereceu com amiga dedicatória - que vale a pena ler, pelo lado do desporto e pelo lado da empresa. Trata do que nos preocupa: como formar equipas vencedoras. No desporto e na empresa.

Não sei se haverá alguém que tenha conquistado tantos títulos tão importantes como o Bernardinho: olímpicos, mundiais e continentais - alguns por mais de uma vez. Para além das suas qualidades humanas - criou o Instituto Compartilhar que tem como Missão o desenvolvimento humano através do desporto tendo como objectivo actuar junto das camadas mais desfavorecidas, favorecer a igualdade de oportunidades e promover a protecção da infância e adolescência - é notável o espírito de conquista que, apesar das inúmeras vitórias, este economista de formação ainda mantém intacto (e sedento...).

Ter a companhia do Bernardinho é sempre um enorme prazer  a que se acrescenta uma sempre renovada fonte de conhecimentos e de novas abordagens. Com ele - por parodoxal que pareça entendo o ataque do vólei próximo do ataque do rugby - passamos finais de jantares a mexer copos e a trocar ideias sobre novas jogadas. Ainda agora, via TV, notei no Mundial uma combinação capaz de surpreender defesas. Vai ser engraçado testá-la.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Paulo-Guilherme

Se não sabes, pergunta.
Se não te respondem, procura.
Se não encontrares, inventa.
Vais ver que descobres...


Quando o conheci perguntei-lhe se ele era o menino preguiçoso do livro do seu pai*. Disse-me que sim - achei graça porque o tinha lido na escola primária. Foi na altura de uma palestra sua sobre a paixão do dito Poliptico de S. Vicente de Fora. Já então tinha lido o seu livro "...o segredo, o poder e a chave", um tratado pleno de relações matemáticas e proporções geométricas. Absolutamente genial. Logo no propósito: um manual de instruções para a leitura da Batalha e dos seus segredos - e da descoberta do tesouro dos templários que aí colocava porque Como diria o Senhor de La Palisse/ se o tesouro dos Templários/ não se encontrou/ em parte alguma/deve continuar a estar/ em qualquer parte. As tábuas em dois tripticos - a janela gótica a desenhar-se no capacete de um guerreiro. Lá em cima, Afonso Domingues, o arquitecto cego - já viram aqueles olhos?... - com a sacola de desenhos e a cofragem de madeira. O livro é belíssimo e cheio de geometrias notáveis, a ideia excelente - pouco importando se resulta verdadeira ou não.

Repito: genial! Que o procurem e leiam.

Também o seu O Dilúvio de Quéops notável.

Faleceu sábado passado. Tenho muita pena e sinto-o profundamente. Gostava da inteligência da sua cultura e criatividade.

* História de Portugal para meninos preguiçosos, Olavo D'Eça Leal com ilustrações de Manuel Lapa

Paulo-Guilherme D'Eça Leal (1932-2010), gráfico, pintor, designer, ilustrador, escritor, cenarista, arquitecto, fotografo, poeta e o que mais a criatividade permitisse.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Anti-doping

Pese embora alguma desvalorização do problema, o Secretário do Desporto de Espanha, Jaime Lissavetsky,  acabou por reconhecer - não nos esqueçamos que perdemos [os Jogos Olímpicos de 2016 em] Madrid por causa do doping - a importância da luta contra o doping de acordo com os padrões internacionais vigentes.
Ou seja, a questão que relaciona o futebol português e a ADOP tão referida pela criação de má imagem à candidatura luso-espanhola ao Mundial de Futebol coloca-se rigorosamente nos antípodas do que alguns ilustres pretendem fazer crer: o rigor do combate anti-doping, longe de criar problemas, só marca pontos na cena desportiva internacional.

Irresponsabilidade

"De qualquer maneira, a mera teatralidade da atitude de Passos Coelho, que se já se reflecte no mercado financeiro internacional e no ambiente doméstico, não passa de um acto de irresponsabilidade",
Vasco Pulido Valente, Opinião in Público de 10/10/10

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Do Desporto à Empresa

Fui recentemente, em companhia do Manuel Pedroso Marques, convidado pela administração da EMEL – a empresa de estacionamento de Lisboa – para ir fazer uma palestra aos seus quadros sobre a construção das equipas, tendo por base a construção das equipas desportivas (Pedroso Marques falou de estratégia). Mostrar pontes entre uma equipa desportiva e uma equipa empresarial, assinalando as vantagens da relação, era o desafio que me era colocado.

O desafio não era simples – a EMEL tem uma espécie de dupla personalidade: por um lado, procura melhorar a qualidade de vida dos lisboetas (é isso que pretende mostrar na sua publicidade); por outro, não é vista como amigável por grande parte dos automobilistas que usam Lisboa – não lhes garante lugares, obriga-os a pagar por eles e multa-os sempre que pode. Comparando, poderia dizer-se que se comportam muitas vezes como Cardoso ao mandar calar a massa associativa benfiquista – desprezando, exagerando relativamente, aqueles que os sustentam.

A questão era portanto mostrar-lhes os princípios que permitem a construção de uma equipa capaz – propósitos definidos, perspectivas alinhadas e movimentos sincronizados – e como é possível aplicá-los às empresas no sentido de melhorar a sua capacidade e produtividade.

Mesmo atendendo às diferenças – numa equipa desportiva é, muitas vezes, a eficácia o factor determinante do sucesso; numa empresa a eficiência ganha uma importância relevante – há muito daquilo que se sabe, utiliza e procura nos desportos colectivos para utilizar nas empresas.

Foi divertido – eu gostei, eles gostaram (ou, porventura apenas por simpatia, assim mostraram).

Muitos dos quadros da EMEL talvez tenham percebido o funcionamento das equipas desportivas – o que, mesmo que não o tenham conseguido relacionar com a aplicação empresarial, pode permitir-lhes compreender melhor as prestações semanais das equipas dos seus clubes… – e que há um domínio na área do desporto que, por ser uma espécie de cadinho social – onde tudo se passa mais depressa e de forma mais intensa – permite ilações pertinentes para a produção empresarial.

A dificuldade do trabalho em equipa – forma complexa de organização onde se relacionam competição e cooperação – reside no facto de ser necessário articular as expectativas individuais e alinhá-las pela perspectiva dos objectos colectivos. Não é fácil mas as grandes equipas fazem-no: garantindo que o todo se torne maior do que a soma das suas partes.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

VIVÁ REPÚBLICA!



Hoje comemorámos o Centenário da República (5-10-1910/2010) cujos ideais consolidam a primazia do cidadão sobre o súbdito e do direito sobre o privilégio.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Respeitinho

Aprendi cedo que "o respeitinho é muito bonito". E só não sigo o conceito quando não quero respeitar - acontece algumas vezes e não alinho muito na ideia de dar a outra face (prefiro, à medida que idade avança, virar as costas...). Mais do que nas relações quotidianas dos círculos habituais - onde haverá uma maior "largueza" nos padrões comportamentais - as relações formais devem garantir um princípio de boa-educação evidente.
E não é isto quer temos visto nos últimos tempos. O que me incomoda e me indigna.
Parece moda: o primeiro-ministro é mentiroso! o ministro tal, mente! Bom, então provem a mentira e exijam a sua demissão; se não forem capazes, calem-se e usem a linguagem devidamente respeitosa que a cultura democrática exije. O fatinho, as risquinhas, a gravatinha, não dão qualquer previlégio - nem sequer de recorrer ao ar pretencioso de professor com fala do alto da burra.
A Democracia - que vive da discussão, do contraditório, da colocação de distintos pontos-de-vista, da troca de ideias- exije comportamentos adequados
Importam-se, portanto, de garantir a Democracia como um espaço decente? ... Para que possam ser respeitados. 

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Hora de lanche

Gaivota-de-asa-escura
Larus fuscus

Molhe

Figueira da Foz
Barra do Mondego

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Néné, meu Amigo

O meu amigo Artur, num gesto de simpatia que me tocou profundamente, ofereceu-me o livro sobre o seu pai “Artur Santos Silva, uma vida pela liberdade”. Com ele vinha um cartão que dizia onde encontrarás o Néné.
Quarenta anos depois da sua morte – aos 24 anos! - o tempo atirou a violência da notícia para uma penumbra que me permitiu, diversas vezes ao longo destes anos, rir-me das lembranças que nos são comuns: as futeboladas em Miramar, as voltas em bailes de arraial em arraial com entradas de salto, jantares aqui e ali – também no Chez Lapin que inventaste, lembras-te? – e tantas vezes em Felgueiras ou nas novidades elegantes à cinema francês do Compra Bem, a promoção do volante AJ Foyt a citado filósofo no exame do 7º ano, as passagens, em fins de tarde, para flirtar com as amigas na Arcádia ou o encontro em Coimbra na festa (dura!) da revolta de 69… tantas vezes, tantos momentos...
Ao ler o livro encontrei – como me disseste, Artur – o Néné e peço licença para retirar, de uma carta do teu pai, esta lembrança de um e outro: 
"Eu sabia que tu eras corajoso e não posso esquecer-me aquele dia em que tivemos juntos aquele incidente na Polícia, em que tu, quando me viste em luta com o monstro do agente que te agredira (homem robusto que estava a levar a melhor) saltaste e o manietaste por forma a que ele gritou por socorro, chamando aqueles vis sicários que cobardemente te agrediram com barbaridade animal na minha presença. Tenho ainda nos meus ouvidos o teu grito lancinante: Você não bate no meu Pai. Terríveis horas que passámos juntos em que pensei que ias morrer.
Esta tua atitude foi das mais corajosas que jamais vi.
Ela foi bem para mim a demonstração do amor alucinado que me tinhas. Como posso jamais esquecer-te meu amor, meu grande amor de toda a minha vida. Como é possível viver a vida sem ti, encontrar nela outra coisa para além do desconforto.”
A leitura das cartas escritas ao Néné pelo pai Artur, emocionaram-me muito. Lembraram-me a realidade do luto. A dimensão da saudade. O destempo do sofrimento.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Montemor-o-Velho: Europeu de Remo

A nova torre
Há meses escrevi sobre Montemor-o-Velho e a oportunidade que a construção de uma pista náutica estava a constituir para a cidade e sua transformação. Conforme então se dizia em Setembro estava programado um Campeonato Europeu de Remo. Parecia uma aposta exagerada - parecia que muito ainda faltava construir. O Miguel Figueira, arquitecto responsável, com o apoio permanente da Câmara e do seu Presidente, Luís Leal, e a aposta da Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto permitiram que a Federação Portuguesa de Remo - para grande felicidade e alívio do presidente Rascão Marques e da sua equipa - cumprisse o seu compromisso internacional de realizar, pela primeira vez em Portugal, uns campeonatos de remo de dimensão europeia. 

A prata portuguesa
Os elogios das delegações estrangeiras foram muitos - a infraestrutura respondeu às mil maravilhas ao pedido e necessário.

A pista de Montemor-o-Velho recebeu o seu baptismo de fogo e está lançada do mapa internacional - as portas estão abertas: amanhã a canoagem, depois o triatlo ou as águas bravas. E os atletas portugueses - e também os estrangeiros que queiram vir adaptar-se ao fuso horário dos Jogos de Londres - têm agora um espaço que lhes permite o treino ao mais elevado nível para procurar os resultados internacionais pretendidos.

A demonstração já começou e a estreia da pista não poderia ser mais auspiciosa com a conquista da medalha de prata europeia pelos remadores Pedro Fraga e Nuno Mendes do Sport Clube do Porto em double skull. 

A primeira fase da oportunidade está aproveitada, o resto virá por acréscimento e pela atenção dos homens. Um caso de estudo a levar em conta.







segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Viva a República!

A exposição sobre a história de um século da República - na Cordoaria - é muito interessante. Para quem, como eu, passou pela escola sem quase nada ouvir falar - imposições do regime Estado Novo, naturalmente - dos acontecimentos que marcaram a mudança de regime e a sua (des)construção, é um excelente momento para aprender, recordar coisas ouvidas e abrir a curiosidade para a compreensão de muitos factos. Com um desenho de percurso que muitas vezes surpreende pelas encontros que proporciona - a responsabilidade da instalação é do Henrique Cayatte e da Daniela Ermano - a exposição vale o tempo que leva a percorrê-la. E é bom, nos tempos que correm,que a História nos relembre as soluções já ingloriamente utilizadas - para que a cultura democrática não se esfume num delírio de novos salvadores. 
Uma frase, a negrito, no início da descrição da "missão histórica" a que se propunham as elites republicanas, chamou-me particularmente a atenção: PERANTE UM PÁIS ARCAICO, RURAL E ANALFABETO...
Sessenta anos depois de 1910, pensei, o país estava na mesma. Comparativamente com os outros europeus continuávamos arcaicos, rurais e analfabetos. Sessenta anos de perda de tempo e enorme desperdício pagável com juros infindáveis graças à visão salazarenta e provinciana das elites estadonovistas. Tão assim que me lembro muito bem de o meu Pai - então presidente da EDP - me ter mostrado dois mapas que tinha no seu gabinete e onde estavam desenhadas as linhas de transporte de electricidade: um, quase branco, mostrava a situação antes do 25 de Abril de 74, com a electricidade a chegar a lado nenhum; outro, cheio de linhas a construir manchas, dez anos depois. A clara distinção de perspectivas e o enorme salto do arcaísmo ao desenvolvimento. Um esforço tremendo que já então os ideais da República procuraram promover. Com exito relativo, como se sabe.
Esta exposição permite começar a perceber porquê.  

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Já lá vão 9

O arbitro foi um desastre de prejuízos no jogo de Guimarães, é certo. Mas o Benfica nada fez de especial para ganhar o jogo e de pouco servem (ou servirão) as tiradas bombásticas - somos os melhores - de Jesus. Os jogos ganham-se dentro de campo com a atitude ganhadora adequada, com a velocidade necessária e um espírito de equipa transformador. Paleio pró-mediático, desculpas e vitimização não servem os campeões - não pertencem aliás ao seu mundo. Um campeão sabe que, quando tudo começa a correr mal, retorna às bases e prepara o seu relançamento. É o que fazem as grandes equipas - com orgulho e atitude. Sem paleios.
Nove pontos já se foram e a corrida corre-se agora atrás do prejuízo. Com a meta já muito longe.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Adeus!

domingo, 5 de setembro de 2010

Salazar

Cito de Vasco Pulido Valente
“[…] A deferência – se não o respeito – por quem mandava era universal; e essa educação na humildade (e muitas vezes no vexame) fazia um povo obediente, curvado, obsequioso, que se continua a ver por aí na sua vidinha, aplaudindo e louvando os poderes do dia e sempre partidário da “mão forte” que “mete a canalha na ordem”.
[…] O preço que pagámos pela ditadura desse provinciano mesquinho é incalculável.”
In Uma biografia de Salazar, Público, 5/09/2010

Tão de acordo estou com VPV nesta matéria que há anos que penso serem necessárias gerações para o ultrapassar…

Palheiro

Palheiro
Serra Algarvia
Concelho de Tavira

JOSÉ TORRES (1938-2010)

Portugal 1966
Vi-o jogar dezenas de vezes: pelo Benfica e pela Selecção Nacional. Em ambas as equipas proporcionou-me o gozo de momentos futebolísticos de excelência. A minha homenagem de agradecimento.

Empate a quatro!?

Empatar com o Chipre - país futebolísticamente inexistente - não tem justificação possível. E por quatro - QUATRO!!!??? - golos é, positivamente, uma irresponsabilidade.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

As Tapeçarias de Pastrana

Falhar a visita à exposição das Tapeçarias de Pastrana que se encontram no Museu de Arte Antiga é imperdoável.

Pela primeira vez é possível ver as quatro tapeçarias – três sobre a Conquista de Arzila (o Desembarque, o Cerco e o Assalto) e uma sobre a Entrada em Tânger – à distância da comparação. São três peças de armar de 11x4 metros – a sobre Tânger será um pouco menor por perda de um bocado da sua parte superior – a que a possibilidade de ver a um palmo do nariz a alteração do ponto para compreender a definição de texturas e espacialidades, dá um carácter e um gozo muito especial à visita. Como terão ido parar às mãos dos Duques do Infantado é coisa de que nada se sabe – hipóteses apenas: saque da derrota de Toro? nunca terem chegado a Portugal? Quem sabe?

O título da exposição – A Invenção da Glória – é um achado e traduz desde logo a visão crítica (tão pouco comum na tradição do museu) que suporta a leitura pretendida das tapeçarias. Mandadas fazer pelo próprio rei/actor na oficina flamenga de Passchier Grenier em Tournai, expressam verdadeiramente à posteridade a visão de conto heróico do que se pretendeu ter sido a gloriosa campanha. A figura do rei Afonso V e do príncipe João estão ausentes da Entrada em Tânger por se tratar de um acto sem dignidade heróica suficiente. É fascinante a leitura – até mesmo do inverosímil - do amontoado de figuras, do número de barcos, das vestimentas, das armaduras, das construções, das paisagens, das diversas formas de exposição de riqueza que definem as diversas composições. Um espanto de preocupação de imagem futura: que me pensem bem poderia ser a legenda.

Novo mistério na História de Arte portuguesa: sabe-se quem mandou, sabe-se quem realizou, não se sabe porque estão em Espanha – em Guimarães apenas existem cópias – e diz-se saber quem pintou os cartões.

Às tapeçarias – numa expressão quase minimalista - juntam-se outras peças que as contextualizam - dois desenhos representando D. Afonso V (um deles o retrato realizado por Georg von Ehingen – o rei com chapéu de abas largas), uma chave de abóbada (do Convento de S. Francisco de Beja) retratando o rei com uma faca espetada, a cadeira do Convento de Varatojo onde os frades diziam sentar-se o rei, para além dos notáveis Painéis de S. Vicente - também um mistério de interrogações - colocados como habitualmente e de acordo com a visão que terá sido apontada por Almada Negreiros.

A presença dos Painéis – ao contrário da imposição de José de Figueiredo e Reynaldo dos Santos que, após visita à Colegiada de Pastrana e na característica ditadura de posicionamento, decretaram: quem desenhou os Painéis, desenhou o cartão das Tapeçarias – permite perceber, pela forma, pelo traço, pela perspectiva, que não: quem desenhou um, não desenhou outro. E daqui é possível ficar a saber-se que, se foi Nuno Gonçalves, pintor de D. Afonso V, autor dos cartões, não terá sido ele a pintar os Painéis – e vice-versa, claro está!

Nesta relação, a Invenção da Glória pode descobrir-se mais longe.

E se a visão dos painéis for outra? Se o políptico tratar do juramento de D. João II – afirmando o retorno à linha justa do mar abaixo contra o interesse da nobreza no aparente pouco risco e muito ganho que representaria o Norte de África? Se assim for, D. João II (1455/1495), de joelho em terra, jura perante o Livro e os cavaleiros, no painel imediato, juram a sua fidelidade perante o bastão real. No chão – representando a queda - a figuração de Portugal (visão também de Almada) embrulhado na corda de nós dos Bragança – depois de vós, nós – simbolizando uma nova ordem que a limpeza real declara e impõe. Se assim for – e consonante com o desenho de von Ehingen – o homem do chapeirão seria D. Afonso V (1432/1481) e a criança seria D. Manuel (1469/1521), filho adoptivo – e que lhe viria a suceder – de D. João II. Esta interpretação dos Painéis – que me dá algum gozo e que vale o que vale - resolve-me um problema com que sempre convivi mal e para a qual as diferentes explicações (excepto a de dois trípticos) pouco me convencem: a repetição da figura central. E que me dá sempre a sensação de que - neste arranjo que temos visto – faltará outro painel no meio dos actuais.

Várias têm sido as interpretações – com mais ou menos especulação, mais ou menos sentido patrioteiro a bem da nação , mais ou menos elegância ou talento – que este notável conjunto de Painéis tem merecido: que tal garantir que de tempos a tempos – trimestralmente, por exemplo - seria apresentado o arranjo formal de acordo com a análise e justificação dos diversos autores de trabalhos sobre o tema. Ganhávamos todos. O Museu e a invenção incluídos - seria culturalmente divertido.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O mito sidonista

Façam a República, façam-na, terá dito Miguel Bombarda (1851/1910) a Brito Camacho em cima da morte.

Morro bem. Salvem a Pátria não terá dito Sidónio Pais (1872/1918) aos que o seguraram após os tiros na lisboeta estação do Rossio – invenção afinal do Repórter X* para jornalisticamente dramatizar.

Do primeiro, pouco nos contaram – vida, obra, ideais para além do republicanismo.

Do segundo, pretende-se sempre contar mais – servindo o mito para ilustrar o exemplo da boa governança direitista e patrioteira. De verdade, verdade, nada sei dele para além do que a propaganda ditou. Por acaso, mesmo por acaso, sei que era casado com uma irmã do meu bisavô. Por razões que desconheço – mas de que tenho suspeitas – o tema nunca foi falado lá em casa.

Mas o mito impera: Morro bem. Salvem a Pátria.

Com curiosidade espero a leitura do livro de José Jorge Letria para ficar a saber mais.
*Reinaldo Ferreira

domingo, 22 de agosto de 2010

Games da treta

Não tenho qualquer paciência para essa pacovice a que deram o pomposo nome de mind games – que, na versão séria, serão esquemas que inseridos numa determinada estratégia pretendem induzir os adversários ao erro. O recurso pacóvio a que assistimos no espaço futebol não passa, em mostras de se dar ares, de bravatas da treta a julgar que, por ditas, assustam e tiram capacidades aos seus pretensos alvos. O que é ridículo… mas fomentado pelo sistema: diz-se, publica-se, vende-se, explica-se e, embora despido de qualquer conteúdo interessante, dá a volta e segue até à próxima.
De manhã li em A BOLA: “Sabemos que vamos ser bicampeões.”, atribuído a Jesus, falando do Benfica. À noite, no game a sério, viu-se a mind, o valor da bravata e a qualidade da conversa…

O Roberto será o bombo de festa. E pode sê-lo: não tem classe, sai mal dos postes, é um susto para os adeptos. Roberto não é o bom guarda-redes – bom guarda-redes é o que evita golos, não o que os consente – que o Benfica precisa. Mas não pode servir para encobrir todo o mau restante. Porque a culpa não é só dele.

A defesa é constituída por Maxi Pereira (internacional uruguaio a jogar no último Mundial), pelo Luisão e David Luiz (internacionais brasileiros) e por Fábio Coentrão (que jogou no último Mundial e aí se mostrou como um dos melhores laterais). Na frente do quarteto, Javi Garcia que na época passada dava para encher o campo todo. É preciso melhor? A culpa é só do guarda-redes? E destes? E dos outros? E de quem comanda e tem a responsabilidade de fazer, do grupo, uma equipa?

E por falar em comando, quem – dentro do campo – tem essa tarefa? Quem sossega, quem altera, quem levanta responsabilidades, impõe respeito e exige a aplicação plena de eficácia? E os golos? Não haverá melhor maneira de lá chegar? Forma mais rápida? Mais eficaz? Sem rodriguinhos, tempos de espera e quase adivinhas?

Ser bicampeões? Pode ser… mas sem conversa porque certo, certo, é assim: conversa não marca golos. E no adro desta procissão já arderam seis pontos!

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Como é possível?

A ideia do antes do ser já o era que marcou o início da época benfiquista alertou-me para a dúvida instintiva do treinador: somos nós assim tão bons ou são os outros apenas assim-assim?
foto de telemóvel
Vi o Tottenham, na Luz, e achei mau; vi, na TV, contra o Porto e achei pior; vi, também na TV, contra a Académica e achei péssimo. Afinal os outros não passavam de assim-assins. Como é possível?

Uma boa equipa define-se pela consistência de resultados positivos, pela maioria de vitórias contra os seus iguais, pela qualidade do seu jogo e do espectáculo que proporciona e pela capacidade de não se deixar surpreender – de não perder com qualquer um… Nada disto está a acontecer com o Benfica: nem a equipa nem os jogadores - com a excepção Coentrão - deixam marcas de diferença.

Um médio e um bom jogador farão o mesmo. Com uma enorme diferença: o bom faz esse mesmo a uma velocidade superior. “Depressa e bem há pouco quem”, diz o ditado a marcar a diferença entre os bons e os razoáveis. Para uma equipa, a regra é a mesma: a diferença faz-se na velocidade. Aliás existe um conceito desportivo de oposição táctica que diz que “em desporto há resposta para tudo, excepto para a velocidade”. De tudo isto é retirável uma regra universal: uma considerada boa equipa, constituída por jogadores considerados bons jogadores, mostra a sua mais-valia jogando a velocidade tal que o mediano adversário não a pode acompanhar.

Jogar a baixa velocidade como o Benfica está a fazer é igualar-se aos razoáveis. Que cada jogador do Benfica – considerados, até pelo salário, como dos melhores jogadores – não seja capaz de executar a velocidade superior à de um jogador mediano é demonstração de uma de duas: ou estão sobreavaliados ou andam a pensar noutras coisas.

Um bom jogador é aquele que – recorro a Valdano citando-o numa das minhas definições preferidas – “encontra soluções para os companheiros e cria problemas para os adversários”. Quem se lembra disto no espaço do terreno de jogo? E por onde andam os golos – esse objectivo único do jogo? A garantia de qualidade de um ponta-de-lança mede-se – um guarda-redes também tem medida própria embora mais subjectiva – não pelo número de golos que marca, mas sim pela relação entre o número de oportunidades concretizadas e o número de oportunidades disponíveis – é esta taxa de eficácia (ou de desperdício se lida ao contrário) que dita o nível do ponta-de-lança. E se misturarmos a eficácia com a velocidade percebemos depressa que a lentidão exasperante de um Cardoso não faz o ponta-de-lança que uma equipa, que pretende ser campeã de Portugal e fazer figura na Champions, precisa.

A equipa não mostra carácter, os jogadores parecem triviais…Será Jesus capaz de lidar com este mundo – de prever, analisar, compreender, decidir e transformar – e afirmar-se como mais do que treinador ocasional? Clube, plantel e adeptos tem, veremos se cria o restante. Em tempo útil porque certo, certo, é assim: conversa não marca golos.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Pequenos?! Com 10 milhões?

Os resultados da selecção portuguesa de atletismo nos Europeus de Barcelona não foram nada maus. Quatro medalhas – 20º lugar -  com 45 pontos conseguidos a colocar-nos na 10ª posição entre os países presentes e dois recordes nacionais. E se é verdade que ninguém chegou ao ouro, também é verdade que a Naide Gomes saltou tanto como a primeira e o Francis Obikwellu ficou rés-vés o segundo. As medalhas, com estes ou outros actores, mais falhanço ou mais superação foram as esperadas: quatro. Parabéns a atletas e treinadores.

Segui, como pude e através da TV, os campeonatos. E se fui vibrando com algumas provas e resultados também me irritei com a insuportável mania – dita e escrita - da justificação calimera de contentinhos: a prestação portuguesa foi excepcional porque somos pequenos … só 10 milhões… que formidável…

Claro que não somos pequenos. Somos médios quando comparados com os outros países conforme demonstra Manuel Lima numa excelente exposição de evidências – O Síndrome da Pequenez, O Fim de uma desculpa injustificada – no seu blogue shapesofportugal.com e de onde retiro alguns dos seus gráficos. Entre 196 países do Mundo, demonstra, a dimensão de Portugal situa-o na 108ª posição (se for entre os 245 possíveis países, Portugal é o 110º equivalente a médio-grande). Na Europa, Portugal tem o dobro da dimensão da Dinamarca, da Holanda ou da Estónia e vale três vezes a Bélgica.


Em população, Portugal – recorro de novo a Manuel Lima – tem a 75ª posição no mundo e na Europa tem, entre os 45 países, a 13ª posição, ou a 10ª dentro da União Europeia.


Portugal país pequeno?! Nem por sombras.

Somos, isso sim, um país periférico que agarrado ainda a laços de herança salazarista - fascismo aldeão e religiosidade vingativa e castradora - ainda hoje nos mantemos num orgulhosamente sós de lições ao mundo que não deixa que a Escola faça, convenientemente, aquilo que deveria: ensinar a ler, escrever, contar, a explicar uma ideia e a compreender o mundo.

Pequenos, não. Apenas periféricos e sem capacidade educativa que nos leve ao salto necessário à aproximação que as novas tecnologias deveriam permitir. E é por sabermos isso que nos excedemos em justificações.

Melhor, para remate, é seguir Agustina Bessa-Luís: Portugal não é coisa para comentar. Ou se gosta ou não se gosta! Ela gosta, diz.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Pega Azul

Pega Azul ou Charneco
Cyanopica, cyanus 

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Calor

- À praia?! Com este calor?! Só à noite...

Manta Rota, Algarve

terça-feira, 27 de julho de 2010

Na prática...

Juntamente com alguns amigos, poucos, tenho usado no quotidiano da vida profissional o conceito de que:
Não me tenho dado mal e lembro-o muitas vezes quanto é preciso encarar as coisas e encontrar soluções.
"Na prática, a teoria é outra!".


Recentemente encontrei uma citação atribuída a duas pessoas - Jan L. A. van Snepscheut (1953/1994), cientista de computadores, e Lawrence Peter "Yogi" Berra (1925/..), americano, jogador, treinador e manager na American Major League de Baseball  - que significa o mesmo:
"Em teoria, não há diferença entre teoria e prática. Mas, na prática, há."
A conclusão é simples: sendo na prática outra a teoria, é preciso conhecer teoria para o perceber.

Coração em Miramar

                                Miramar, casa anexa ao atelier de José Oliveira Ferreira, escultor e autor, com o irmão arquitecto Francisco de Oliveira Ferreira, do Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular em Entrecampos

O amargo da derrota

“Se o meu casamento mudou alguma coisa?! Não, a derrota continua a ter o mesmo sabor amargo de sempre…"
Andy Roddick, tenista americano, 9º lugar ATP

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Indicadores de Ambiente

Pernilongos (Himantopus himantopus), Herdade da Abegoeira, Mourão
"As aves são indicadoras do estado do ambiente. Se estiverem em dificuldades, então saberemos que também nós em breve o estaremos"
                                         Roger Tory Peterson, ornitólogo americano (1908-1996) in Público
Colhereiros (Platalea  leucorodia), Finca da Tapadinha, Mourão

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Nabuco de Verdi

foto de telemóvel

No mesmo dia que o antigo Prince cantava na Praia do Meco - excelente concerto, garantiram-me os meus filhos - safei-me do caótico engarrafamento (como é que se pode levar uma multidão para aquele sítio?) e, com a Ana, fui para o Largo de S. Carlos ouvir Verdi. Excelente concerto - só possível por se tratar de uma Instituição Pública, lembro, e que proporcionou a muitos que nunca entraram no Teatro o acesso ( e talvez o vício) a um espectáculo musical diferente (palco composto, de vestimenta elegante, comando de uma maestrina, com diferentes rituais e uma explicação cuidada a contextualizar).

Terminou o espectáculo - e terminou muito bem - com o Nabuco. Não foi a vez mais impressiva que o ouvi. A audição mais impressionante a que assiste foi em Viena... no Prater - um estádio de futebol em Maio de 1990.

Preparava-se o Milan-Benfica para a final da Taça dos Campeões - do lado italiano jogavam as tulipas holandesas: Gullit, Van Basten e Rikjaard. A Cidade de Lisboa, por decisão do Jorge Sampaio, tinha ido em peso para Viena - cozinha com Michel, fados com Luz Sá da Bandeira, musica com Olga Prats e Heróis do Mar, José Mário Branco para surpreender a mulher do 1º Ministro austríaco que tinha vivido em casa dele refugiada da guerra, mais isto e mais aquilo, aproveitando o futebol para mostrar a austríacos que existíamos. Viena admirava-se - como é que vocês têm esta música? - com o que ignorava  e nós, benfiquistas e lisboetas, enchíamos o peito de fezada. Nas bancadas do estádio, lançamo-nos... cantou-se o cheira bem, cheira a Lisboa. Contentes aplaudimo-nos a aquecer para a certeza de um fartote de golos encarnados.

A resposta veio de imediato. Muitos mais do que nós - quase o triplo - responderam com  o Nabuco de Verdi, essa espécie de hino italiano.

O momento foi inesquecível.... e também a certeza que o jogo se começara aí a perder.

domingo, 18 de julho de 2010

Se o Mundial de Futebol fosse de Rugby...

… o Gana teria ido à meia-final do Mundial e o Uruguai teria ido para casa mais cedo. Se fosse rugby também não haveria assembleias de mandar vir a envolver o árbitro cada vez que fosse marcada uma falta com paragem do jogo. Se fosse rugby tão pouco se ganharia alguma coisa com as ditas faltas inteligentes feitas a meio-campo para cortar a vantagem do adversário. Se fosse rugby qualquer agressão não detectada pelo árbitro levaria ao castigo do prevaricador pelas entidades que superintendem à modalidade. Se fosse rugby, as bolas entradas na baliza seriam golos e o aproveitamento do fora-de-jogo deixaria de ser possível.
O Gana teria passado porque, se fosse rugby, a falta do uruguaio Suarez – defendendo sobre a linha de golo com as mãos – daria um golo de penalidade; não haveria assembleias porque, a cada mandar vir, o local da falta avançaria 10 metros no terreno; nada se ganharia com faltas inteligentes porque iria haver cartão amarelo com saída do faltoso por 10 minutos, marcação de falta com conquista de terreno e de novo direito á posse da bola; os golos eram golos e os fora-de-jogo seriam fora-de-jogo porque haveria recurso imediato às novas tecnologias que informariam árbitros e espectadores da realidade dos factos.

Ou seja: existe uma enorme diferença entre o entendimento do jogo de rugby e o jogo de futebol. No primeiro, toda a construção do sistema de leis do jogo tem por objectivo jogar de acordo com a lei, dando oportunidades idênticas a ambas as equipas; no segundo, a construção do sistema de leis do jogo permite o recurso constante à sua subversão e – pode-se mesmo dizê-lo – incentiva-o, permitindo vantagens ao dissimulador.

Se fosse rugby, o futebol era um jogo mais interessante com menos fanatismo e dando maior protagonismo aos melhores jogadores.

Se fosse rugby não seria possível pensar-se – como alguém anda por aí a pensar – que o jogador expulso deve ser substituído. Porquê? Porque diminuiria a violência, dizem. Com certeza. Principalmente porque seria possível montar uma equipa com o objectivo de baixar o pau sobre o mais perigoso adversário…

Se fosse rugby, os golos entrados seriam golos e os golos marcados em fora-de-jogo seriam anulados.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

24

Terminou o 24 de Jack Bauer. Durante anos segui os episódios que pude e gostei sempre daquele esquema simplesmente dramático: defesa patriótica de vale tudo, Presidentes abaixo do nível crítico, tensão torturante, tiro, faca, tecnologias, espionagem, toque e fuga e da fidelíssima O’Brian. O esquema era muito simples e o grande gozo era perceber quando iria entrar em acção a Lei de Murphy* para levar qualquer momento de vantagem à pior das situações. O truque era quase elementar mas suficientemente elaborado para funcionar sempre – mesmo nos últimos episódios de cada série em que o herói se tinha que safar. Série de culto diz-se.

                                       * Lei de Murphy numa das suas expressões: “Se alguma coisa pode correr mal, correrá e da pior maneira possível no pior momento possível.”

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