quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

O MELHOR DE 2020

autor desconhecido
 

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

540 ASSASSINADOS POR 16

Na Herdade da Torre Bela, 16 energúmenos mataram 540 - 540! - entre veados, gamos e javalis. Não contenho a minha indignação contra este acto bárbaro e sem sentido. Que formação cívica podem ter os autores de tão indigna proeza? E no fim, estendidos os animais mortos não há nada como, sorridentes, aposto, tirar uma fotografia para a posteridade. Não há ética que resista nem conceitos privados que o permitam. Esta mortandade é indecente! É uma bestialidade!

Nada pode justificar uma mortandade destas. É um crime civilizacional e como tal tem que ser tratado. 

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

POR MAIS NATAIS, RESGUARDEM-SE




 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

JOHN LE CARRÉ (1931/2020)


De John Le Carré li tudo o que pude. Diverti-me com o mero prazer de o ler e aprendi muito sobre maneiras de olhar o Mundo. Desde que a descobri - e já não sou capaz de a situar - que a frase “ Uma secretária é um sítio muito perigoso para analisar o Mundo.” tem-me acompanhado sempre, tendo estado pendurada nas paredes dos gabinetes que fui tendo para lembrar que, ali sentados, a pensar que o mundo começa e acaba numa folha A4 ou num bloco de notas e que assim o podemos comandar, não iríamos longe. Porque a realidade é outra coisa, mais complexa e com interligações e conexões que, dali, de barriga encostada ao rampo, não se detectam.

Que fique em paz que continuarei a abrir os seus livros para relembrar meia-dúzia de folhas já uma e outra vez rabiscadas. Só tenho a agradecer-lhe.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

RAZÕES PONDEROSAS...

a um passo do desastre...
mas ponderosas razões o provocam...😂

 

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

COMUNICAÇÃO SOBRE TERRITÓRIO E DESPORTO



 No final de Novembro fui convidado pela associação Teia d'Impulsos de Portimão para participar numa vídeo-conferência sobre o tema "O Ordenamento do Território enquanto condição para a Prática Desportiva". Este vídeo é composto pelos slides que então apresentei.

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

EDUARDO LOURENÇO [1923-2020] UM PENSADOR EXEMPLAR

Tive a sorte de conhecer Eduardo Lourenço e só ganhei com isso. Aprendi sempre na sua companhia O facto de sermos ambos antigos alunos do Colégio Militar e com a tradição cultural que nos une, permitia-me um acesso mais fácil de linguagem e, por isso, uma mais fácil conversa a que ele ajudava sempre com o seu sentido de humor. O seu falecimento vai deixar-nos mais pobres na compreensão do nosso mundo, na criatividade de o interpretar, na imaginação de o descrever. E Portugal, perdendo o seu maior pensador, perdeu aquele que dava sentido ao seu passado, perspectivando-o num futuro que queria muito mais risonho do que o actual e a nossa vida fica mais pobre. Resta-nos o preito activo à sua memória, lendo e relendo a sua obra, meditando sobre os seus conceitos, seguindo o seu exemplo, agindo.
Há dias como este que, por mais que o sol brilhe, fica-nos a tristeza dos nevoeirentos dias de cinzento carregado que não nos deixam ir a lado algum. São dias muito incómodos estes, difíceis de ultrapassar numa infinidade de horas que parecem não acabar mais. Sirvo-me da boa memória de só ter tido a ganhar por o ter conhecido e ter tido a oportunidade de o ouvir para eliminar as sombras do seu desaparecimento. Até sempre, Eduardo!



terça-feira, 10 de novembro de 2020

EDUARDO LOURENÇO E ÁLVARO SIZA UNIDOS NA ARQUITECTURA

Foi com enorme orgulho que recebi a notícia que a Eduardo Lourenço, filósofo, ensaísta, escritor, pensador, professor, Membro do Conselho de Estado, ex-aluno do Colégio Militar com o número 92 de 1934, tinha sido atribuído o título de Membro Honorário da Ordem dos Arquitectos. Por um lado porque gosto muito da sua pessoa, do seu carácter, da sua postura cidadã e, também, do seu sentido de humor, por outro, porque a sua presença como membro da Ordem só valoriza a nossa casa profissional.

Conheci Eduardo Lourenço há muitos anos. Encontrámo-nos em Nápoles num Congresso (1990?) onde éramos os dois únicos portugueses e onde o Professor apresentou o tema sobre a importância da Europa em ajudar o Norte de África a atingir um nível aceitável de riqueza, criando condições de emprego e de decente qualidade de vida, para que não fosse acontecer - e disse-o nessa altura - uma enorme invasão por gente a fugir das péssimas condições de vida que atravessavam e que tendencialmente iriam piorar sem o apoio europeu.

Com o decorrer das sessões o interesse foi decrescendo com muita conversa e muito umbigo dos oradores. Conhece Capri? Quer lá ir amanhã? perguntou-me Eduardo Lourenço. Respondi-lhe-lhe que sim e lá fomos no dia seguinte apanhar o barco de ligação à ilha.

Num mar mediterrâneo de pouca agitação, mantivemos-nos ao ar livre e de pé no convés a olhar a amplitude das formas napolitanas à medida que nos afastávamos. Num instante, sem aviso prévio, o Eduardo mudou de bordo.

Dei-lhe um tempo e fui ver o que se passava.

- Já viu isto, Bessa?! atirou enquanto se debruçava para deitar carga ao mar. Nos intervalos, olhava para mim com cara de enjoada como pescada cortada por um sorriso trocista: Já viu isto ?! E sou eu filho de um país de marinheiros e estou para aqui a vomitar neste lago de mar. Que vergonha! E ria-se para vomitar mais.  

Sempre que nos encontrámos, para além da atenção devida à sapiência com que nos faz ver as coisas, que fico sempre atento ao seu fino e aguçado sentido de humor. E sempre agradecido pela riqueza que ganho.

A cerimónia da Ordem dos Arquitectos teve como ponto alto o brilhante diálogo - no filme "O Labirinto da Saudade" de Miguel Gonçalves Mendes - entre Eduardo Lourenço e Álvaro Siza que, por pura coincidência, marcou a grandeza da simultaneidade dos dois momentos que prestavam a devida homenagem a estes dois vultos maiores da Cultura Portuguesa. Um em Lisboa e outro em Madrid.

Álvaro Siza e Eduardo Lourenço no Bar da Eternidade do "Labirinto da Saudade"

Á mesma hora, Álvaro Siza recebia, em cerimónia realizada no Palácio Zurbano de Madrid, com a presença de Pedro Sanchéz, Primeiro -Ministro espanhol, com a comunicação vídeo de António Costa, Primeiro-Ministro português e a intervenção de fundo da escultora Eva Lootz para além de uma intervenção do laureado, o Prémio Nacional de Arquitectura de Espanha 2019, pela primeira vez atribuído a um arquitecto não espanhol.

Um dia formidável para a Arquitectura Portuguesa este 30 de Outubro de 2020.





  


sábado, 7 de novembro de 2020

JOE BIDDEN PRESIDENTE ELEITO

CNN ás 16:24 (hora de Lisboa) de 7/11/2020

Um soco no fanatismo, na mentira contumaz e na indecência institucionalizada. 

PRONTO! ESTÁ FEITO!

JPB+Autor desconhecido

Livrámo-nos de boa! 


 

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

A PARTICULARIDADE DA SUA VISÃO DEMOCRÁTICA

 

DESESPERO




terça-feira, 3 de novembro de 2020

A ESPERANÇA...

... É A ÚLTIMA A MORRER

                                                                              autor desconhecido

 

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

ANA GOMES À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

Foto iPhone JPBessa

"ANA GOMES À  PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA!

Notável desempenho de Ana Gomes no seu primeiro encontro com apoiantes hoje à tarde no Teatro da Trindade, em Lisboa.
Com um formato pergunta-resposta, idêntico ao modelo a que os americanos chamam de "town hall", Ana Gomes respondeu com rigor e clareza, durante cerca de três horas, a questões colocadas por uma dezena de pessoas,  que para este efeito se inscreveram previamente, sobre um diversificado leque de temas desde a fiscalidade europeia ao SNS.
Tendo participado em várias campanhas legislativas e presidenciais, é a primeira vez que vejo uma/um candidata/o submeter-se a um tal exercício público junto do seu potencial eleitorado.
Ana Gomes irá promover este tipo de encontros ao longo da campanha em todo o País.
Apareçam! Não darão o vosso tempo por mal empregue: a conversa é  interessante, esclarecedora e estabelece um louvável novo padrão para as nossas campanhas políticas."

Texto de Ana Coucello - com quem sou casado - que diz praticamente tudo o que eu diria sobre esta tarde de 5 de Outubro no Teatro da Trindade em Lisboa.
Esta sessão demonstrou claramente que Ana Gomes, eleita Presidente, obrigará a mudanças no exercício político dos Governos em Portugal que não mais poderão tapar sóis com peneiras ou varrer para debaixo do tapete. Com ela, entraremos numa nova época marcada pelo rigor e pela transparência. Vale a pena apoiá-la! 

NO JOGO DAS DÉCIMAS COMO NA LOTARIA

Este sistema de acesso ao ensino superior não serve o país, descuida paixões e ignora possíveis talentos. Neste incómodo que este sistema me impõe, sossego apenas com a enorme satisfação que as minhas netas me deram: estão na Universidade.

Sempre que tenho de dar atenção, por interesses de avô, ao acesso ao ensino superior, fico incomodado. Incomoda-me aquele jogo de décimas – como se estabelecerão diferenças de décimas nas notas escolares? Ninguém acha estranho? Incomoda-me o facto desta espécie de lotaria que representa a entrada, escolha ou falha por décimas – num ano fico fora por duas décimas, no ano anterior teria entrado sem problemas, no ano que vem posso entrar ou não dependendo muito mais das notas dos outros do que das minhas. Que raio de sistema é este?

Provavelmente porque, dizendo respeito às Universidades, nós, espíritos menores, entendemos que no cume da escada da sabedoria estarão algoritmos que nos são inacessíveis e que determinarão quem tem ou não capacidades para vir a ser um cidadão com saberes suficientes para melhorar a vida do país e dos seus. Pura ingenuidade a nossa. Nada mais desacertado. O actual sistema não permite, para a grande maioria, nada mais do que aceitar a exigência de adaptação ao que a sorte ditou.

E é esta prática apresentada como se fosse a boa solução de preocupações responsáveis. O ministro da pasta, preocupado com as necessidades de futuro, alerta: “apenas 20% dos que têm entre 25 e 64 anos têm o ensino superior” (e só 50% têm o secundário, dizem os números); o presidente da Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior, João Guerreiro, avisa que “o aumento de qualificação dos jovens é fundamental na perspectiva do futuro”. E todos nós sabemos também dizer que a formação para o conhecimento é fundamental para elevar o nível do país e de quem cá vive. Mas mantemo-nos neste engano – quase diria, a lembrar Camões, ledo e cego – de julgar que nos melhoraremos com este sistema de acesso ao ensino superior... E os que ficam pelo caminho? E os que entram por escolha burocrática para depois perderem tempo a encontrar o caminho a desoras ou, pura e simplesmente, para desistirem? Quem ganha com isso? Portugal e os portugueses?!

Até admito – embora seja uma demonstração de desconfiança da qualidade do ensino liceal – que se possa estabelecer uma meta, fixa e pré-determinada, mais elevada que o mero 10 para entrar nas Universidades. Mas aqui haveria uma meta conhecida e não variável e de maior dependência do próprio aluno do que de factores exteriores. Mas há outros sistemas mais inteligentes e menos agressivos para estudantes e para o próprio país. E que, com facilidade para todos, captam capacidades. E será fácil, se não se conhecerem já, conhecê-los. Estudem e alterem! Basta sair da preguiça institucional.

“A economia estagnou há duas décadas e não consegue superar a barreira clássica do rendimento médio”, escrevia o director Manuel Carvalho neste jornal. Mas gostamos de apresentar os índices de Gini ou o S80/S20 como factores de desenvolvimento escamoteando que são muito ajudados pelos comparativamente baixos rendimentos da classe média. Quer dizer, fechamos os olhos e garantimos os privilégios... Contentámo-nos com os títulos de Nunca entraram tantos alunos no ensino superior. Foram 51 mil e diz-se marco histórico. O que parece dar razão aos situacionistas. Pura ilusão... Recorde pode ser, mas estará longe de servir as mudanças necessárias. Porque as Universidades não cumprem o seu papel na execução das mudanças, provavelmente pelo excesso tecnocrático e ignorância das humanidades, resultando daí uma provável incompreensão sistémica do global. E Portugal continuará a queixar-se dos mesmos factores negativos de sempre. E se as Universidades podem representar factores positivos de mudança, comecemos por as mudar.

Se nada for feito, se nada for alterado, neste país que nos calhou, acabarei por dar razão à Alexandra Alpha de José Cardoso Pires que “isto não é um país, é um sítio mal frequentado”. Mas a que não falta a vaidade do fato elegante de marca internacional.

Este sistema de acesso ao ensino superior não serve o país, descuida paixões, ignora possíveis talentos – quantos notáveis conhecemos que não mostraram notas liceais de bater no tecto? –    e esquece muit@s capazes. E alarga desistências mesmo se há o reconhecimento ministerial de que “no próximo ano temos de ter menos abandono”. Como, se fui parar onde não queria?...

Neste incómodo que este sistema me impõe, sossego apenas com a enorme satisfação que as minhas netas me deram: estão na Universidade.

[Publicado em Público, Opinião em 4/10/2020]


terça-feira, 15 de setembro de 2020

RECOMEÇARAM AS AULAS...

Publicado in Courier Internacional, Julho 2020, de Côté, Para Le Soleil, Canada

 

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

COMPORTO-ME COMO UM INGÉNUO

Não sei quem é o autor@ mas é excelente! Agradeço a possibilidade de a utilizar
A pandemia é de facto um problema. E quanto maior a idade, pior...
...mas não é uma questão apenas da infecção pelo vírus — porque aí os cuidados estão definidos e as precauções são tomadas — mas sim por tudo aquilo que se tem que ouvir saído da boca dos que se pensam importantes.
Primeiro foi aquela estória de que a obrigatoriedade do uso das máscaras representava uma violação dos direitos de liberdade de cada um. Até a Constituição veio à baila... Ou, de forma mais romântico mas igualmente imbecil, considerar que a recusa da sua utilização é um acto de saudável rebeldia... Ou aquele linguajar de determinado mas de gargalhada na geral: Exijo ser eu a estabelecer os riscos que quero correr!
Claro, todo o direito a não usar máscara como a não usar cinto de segurança, capacete para mota ou bicicleta — pelo que (em teoria) são multados — ou recomendações como joelheiras para crianças que andam de patins, etc. etc. São uns idiotas chapados com a mania que são inteligentes — mas somos todos nós, a sociedade em geral, que lhes paga, no pós-acidente, os "concertos" no Serviço Nacional de Saúde. E aqui já não existe qualquer preocupação com a responsabilidade que implica a Liberdade. E do alto da sua ignorância nem tão pouco sabem do aviso de mais de 4 séculos de Luís de Camões:“Cesse tudo o que a Musa antiga canta/ Que outro valor mais alto se alevanta”.
Também temos que aturar os despropositados anti-vacinas que contam as maiores vigarices com linguagem indecifrável para parecer científico.
Também nunca percebi (parece que já se aperceberam do erro...) porque insistiam no facto de o uso das máscaras "servir para proteger os outros". E, portanto, não a nós que as usamos. Que raio de ideia comunicativa: com ela os inatingíveis dos jovens— com a idade entre 20 e 29 anos foram infectados até hoje 8515, enquanto que, entre os 70 e 79 anos e com menos 100 mil habitantes, apenas foram infectados 3787 ... — pensam com toda a sua pretensão: eu não tenho sintomas, não vou pegar a ninguém, não preciso de usar máscara. Claro... e com a água benta que a presunção lhes dá, nem percebem que são eles, os jovens, uns dos maiores transmissores de infecção. Usar máscara, essa chatice, para quê? E assim nós, os de maior risco e que temos de nos proteger, cruzamos a cada momento e num risco incontrolável, com caras destapadas que as nossas máscaras não protegem...
Mas também surgem responsáveis com obrigações públicas que utilizam, dando-se ares de altos conhecedores, fraseados para confundir. Não há evidências de que os transportes públicos ampliem a propagação, dizem do alto da sua importância. Evidências há, porque para quem os frequenta é evidente que todo aquele acumulado de gentes, alguns sem máscaras outros tirando-as para tossir ou espirrar, representam um enorme risco de eventual contágio. O que pode é não haver, usando a expressão que sempre utilizei ou ouvi dizer desde sempre, prova de que assim é. Mas é tal a evidência que devem ser realizadas, de imediato, acções que minorem os riscos ou que nos confortem a desconfiança. Procurando as provas que imponham comportamentos.
Outro alto funcionário da saúde pública colocou a alta densidade urbana como enorme causadora da propagação da pandemia a que acrescentou que se as condições sócio-económicas fossem baixas ou más, então seria muito pior.  Ignorância absoluta com a marca da visão aldeã salazarista que a pretendia como a verdadeira qualidade de vida. É verdade que as más condições sócio-económicas das populações, a vida de muitos em pequenos espaços, as dificuldades higiénicas, a vida abaixo dos níveis civilizacionais aceitáveis são situações que propagam infecções, pandemias ou seja o que fôr que se possa infectar. Mas a Alta Densidade nada tem a ver com isso — a alta densidade não se define por espaços sem qualidade urbana e higiénica! E a Alta Densidade possibilita que a nossa vida seja de melhor qualidade, com maiores acessos a bens e serviços e com uma melhor distribuição dos elementos que constituem a vida urbana. A própria Nações Unidas publicou há tempos um livro com o título "Alta Densidade, a sustentabilidade das cidades" e não faltam artigos que o demonstrem.
Mas nestes tempo parece valer todo o tipo de demagogias, farolices ou aldrabices — que não deixámos de ouvir porque ouvimos muita televisão — ditas por bem-falantes, engravatados de camisa aberta a fazerem-se modernaços ou tipos que não querem deixar de fugir a oportunidade dos minutos de fama que ouviram ter Wharol ensinado.
Sou de uma ingenuidade absoluta a julgar que o bem-comum é o objectivo de cada um...
... quando ouvi dizer que a Taça dos Campeões Europeus se iria disputar em Lisboa — sem público, não percebi a vantagem e menos ainda a importância da cerimónia celebrativa — pensei que iríamos ter a vantagem de poder ver todos os jogos num canal de sinal aberto. Assim, percebia o sentido da prenda, não só para médicos como anunciado, mas também para a população em geral uma vez que ambos, até então se tinham portado à altura (os médicos da 1ª linha ainda continuam).
Afinal, os jogos tanto podiam ser cá como na Conchichina. Porque só os podemos ver através de canal que exige pagamento de assinatura para o seu acesso. Ou seja, da mesma maneira que se vê a outra taça europeia que está a ser disputada na Alemanha... e eu a julgar que...
... então para que trouxeram a fase final da Taça dos Campeões Europeus para cá? Para Portugal, para Lisboa? Por pura demagogia ou para servirem os interesses de alguém?
Pago, bufo pouco e vejo...
... comporto-me como um ingénuo.

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

O PASSEIO DA RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA

ANÁLISE DA PROPOSTA CAMARÁRIA DE AUMENTO DA LARGURA DO PASSEIO NO TROÇO DA RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA ENTRE O LARGO DE S. MAMEDE E O LARGO DO RATO          
"A city sidewalk by itself is nothing. It is an abstraction. It means something only in conjunction with the buildings... that border it." Jane Jacobs in The  Death and Life of Great American Cities
1. EXIGÊNCIAS DE UM PASSEIO URBANO PEDONAL
Um passeio de peões urbano destina-se a ligar necessidades — casa/trabalho, comutação transporte/destino, acessos de proximidade — ou a passear, podendo ainda ser utilizado como espaço de prática de actividade física moderada para muitos jovens ou idosos. O passeio urbano pedonal deve, assim, garantir, no mínimo, três condições:
  1. ATRACTIVIDADE - existência de elementos que tornem o percurso agradável, interessante, informativo e interactivo, como diversidade de comércio, vistas panorâmicas ou patrimoniais, finais de percurso significantes, bem como possibilidades diversas e flexíveis, pelo número de intersecções de ruas, de variedades de percurso ou itinerários. O índice de montras de rua e o índice de serviços de proximidade são instrumentos fundamentais para a determinação da sua qualidade e do seu sucesso. Ou seja, o desenho urbano das diversas componentes é o factor fundamental para o sucesso da sua utilização;
  2. CONFORTO - para que a sua utilização se possa fazer sem demasiado dispêndio de energia e com a garantia de que, qualquer que seja a idade ou capacidade física ou móvel do utilizador, se trata de um lugar agradável de andar, permitindo o recurso a carrinhos de bebés, uso de cadeiras de rodas ou de qualquer tipo de apoios. Neste campo, a qualidade e adequabilidade do piso — não escorregadio, fixo, limpo e com a necessária capacidade de drenagem — constitui um factor decisivo. Devem também ser previstos assentos e sombreamento ao longo dos percursos.
  3. SEGURANÇA - espaço de manobra — largura — suficiente para para que os seus utentes possam movimentar-se ou estacionar sem preocupações e que existam os resguardos necessários à protecção de potenciais perigos acidentais ou voluntários. O número de utilizadores, nomeadamente vizinhos, tornando-se os olhos na rua (Jane Jacobs), são elementos que contribuem para o aumento da segurança dos percursos.
Alargamento proposto do passeio do lado nascente da Rua da Escola Politécnica
2. A PROPOSTA MUNICIPAL
A proposta municipal de intervenção entre o Largo de S.Mamede e o Largo do Rato, pretende alargar o passeio nascente da rua no que se afigura ter por principal justificação a manutenção da localização dos actuais carris dos eléctricos para além de uma eventual menor justificação no facto de se tratar do passeio mais próximo da entrada do Metro localizada junto da Rua do Salitre, evitando assim uma outra travessia semaforizada. 
No entanto esta proposta municipal caracteriza-se por diversas situações negativas:
  1. A sua saída directa — pela Rua do Salitre — é estreita e não adequada ao movimento que a proposta de alargamento deste passeio pressupõe;
  2. A proximidade do acesso ao Metro não constitui uma vantagem uma vez que não existe um percurso determinante — já não há estudantes na antiga Faculdade de Ciências — neste passeio nascente onde o índice de montras de rua só existe no pequeno intervalo Largo S. Mamede/início do muro da “Faculdade de Ciências”;
  3. Esta solução proposta, para além da única vantagem de manutenção dos actuais carris dos eléctricos, apenas cumpre, pelo alargamento do passeio, a necessidade de uma mobilidade com poucas restrições.
  4. A colocação deste passeio do lado da Procuradoria-Geral da República, encostado ao muro cego e sem qualquer atractividade — não tem montras, não tem serviços, não tem vistas… — a que se junta, pela sua tonalidade, a reflexão e calor dos raios solares que aumentarão, nas horas de maior calor diário — como se pode verificar nos gráficos que se apresentam a temperatura incidente sobre os transeuntes, tornando o percurso muito desconfortável e pouco convidativo. Pela qualidade de Imóvel de Interesse Público do edifício da Procuradoria, será desajustada qualquer possibilidade de intervenção de sombreamento do passeio.
Gráficos da direcção dos raios solares e seus ângulos de incidência                                                     (pode verificar-se o movimento solar durante o dia)
3. PERGUNTA CENTRAL
Não sendo, como se verifica pela agressividade que coloca nos seus utentes, uma solução à medida dos conceitos que devem nortear as intervenções de mobilidade suave e ao não representar uma qualquer melhoria de bem estar ou de qualidade de vida local, esta proposta municipal deve ser abandonada.
Coloca-se assim a questão central para uma tomada de decisão:
Deve o abandono desta solução, que prima pelo desconforto e subordinação economicista, correponder, pura e simplesmente, a uma desistência e ao abandono de qualquer intervenção na área ou, partindo da ideia de proporcionar um passeio mais largo, pode colocar-se uma outra hipótese que melhore as condições do local? 
4. UMA VISÃO DO LOCAL
O quadrilátero Largo do Rato, Rua da Escola Politécnica, Rua da Imprensa Nacional, Rua de São Bento é constituído por uma grelha viária — que tem continuidade praticamente até ao Tejo — de dimensão pedonal e com intersecções suficientes para possibilitar a existência de uma boa base de unidades de vizinhança. Neste quadro pode haver uma intervenção mais concordante com os conceitos que se defendem para a cidade e seus utentes.


5. UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
A plataforma superior do Largo do Rato e da Escola Politécnica, com o pouco declive da Rua de S.Bento sugere, caso se pretenda manter a ideia de alargamento do passeio na ligação dos largos do Rato, S. Mamede, uma intervenção que possa articular as relações de curta distância entre os diferentes espaços da zona.
Assim, propõe-se a realização do alargamento do passeio poente da Rua da Escola Politécnica, que responderá às exigências de atractividade e, pela sombra que proporciona na maior parte do dia, de conforto permitindo ainda, pela obra de mudança dos actuais carris a que obrigará, colocar os elementos necessários à garantia de segurança. A esta intervenção poderia acrescentar-se a realização de novos percursos pedonais que equilibrarão a malha urbana existente e os seus pontos de intersecção.
Mapa com as intersecções da malha urbana e com a proposta de novos percursos
Articulação dos recursos pedonais no Largo do Rato

6. CONCLUSÃO
As intervenções na Cidade existente, por melhores que sejam as suas intenções, têm de ser realizadas de acordo com os princípios que se reconhecem como benéficos para a melhoria da qualidade de vida dos utentes e da sua organização urbana. O facto de se tratar de uma pretendida intervenção no sector da mobilidade suave não é, em si, um valor urbano. Qualquer intervenção na Cidade deve ser analisada de acordo com as causas de que parte e com as consequências que provoca. As modas, porque passageiras, não são determinantes. A visão estratégica, sim.
E a estratégia deve ter como pano de fundo uma cidade mais agradável, mais integradora e inclusiva, mais coesa, mais proporcionadora de empregos e habitabilidade. Mais inclusiva, mais diversa e com um desenho urbano adequado a todos, independentemente da idade e da condição social e física. Uma estratégia que desenvolva o sentimento de pertença numa perspectiva de desenvolvimento sustentável.

Lisboa, Julho de 2020

[Nota: Texto enviado ao Presidente da Junta de Freguesia de Stº António (a minha freguesia), dr. Vasco Morgado]

quarta-feira, 24 de junho de 2020

EVIDÊNCIAS DA CIDADE PANDÉMICA

A pandemia do covid-19 trouxe à evidência o que já devíamos saber sobre a Cidade: a Cidade sem residentes não tem vida!

   

Ao deixarmos, sem contestação nem preocupações visíveis, que a Cidade se transformasse num espaço especulativo pelas vantagens dadas a compradores estrangeiros do imobiliário e abrindo as portas de par-em-par ao “exército de ocupação” formado por milhares de turistas de 2/3 dias que, fazendo tábua-rasa das culturas e hábitos locais, impõem o momentâneo das suas regras expulsando habitantes de anos, sectoralizando empregos, uniformizando funções, zonificando a Cidade que, como agora nos apercebemos, ficou vazia. Sem pessoas. Porque os ricos proprietários estrangeiros não vivem cá e porque os turistas dos infindáveis e abusadores alojamentos locais — alegremente transformados em reabilitações da Cidade — não apareceram. Deslumbrada com a aceitação internacional, a Cidade deixou-se transformar num espaço de ganância especulativa, elevando os seus preços e, na desproporção das condições criadas, desleixou os cuidados protectores devidos aos seus. A uns porque os expulsou, a outros porque lhes retirou a sobrevivência ao impedir o ganho diário do pão que comem à noite. 


E os citadinos, expulsos para periferias desconhecidas, foram carpir as suas mágoas e desalentos da má-sorte de desprotegidos para fora das nossas vidas de confinados privilegiados. E pouco mais tendo do que a solidariedade de uns quantos para lhes amenizar as agruras.


Ao longo dos últimos anos, por desatenção indesculpável, a Cidade transformou-se: perdeu habitantes, perdeu habitação, perdeu relações de vizinhança, perdeu orgulho de pertença. Perdeu-se, perdendo assim o seu valor de cidadania. E perversamente mostra-se como uma “casa de bonecas” para efeito turístico.  


A pandemia veio agora, na imagem das ruas desertas cercadas das diversas arquitecturas que marcam a Cidade, pôr a nu as suas debilidades e impedir-nos a cegueira da ignorância do facto: a Cidade não cumpre a sua obrigação! A Cidade não é o lugar que nos garante as condições de vida desejáveis e necessárias. Porque a Cidade não é a edificação que lhe molda as formas mas sim as pessoas que a articulam, a transformam e lhe garantem a habitabilidade urbana. E essas, não estão!

  

E, se nada fizermos, a Cidade enquanto lugar de encontro, de invenção, de troca, de cultura, de solidariedade, de bem-estar, de inclusão, não o será mais.


Iniciado o desconfinamento, todos os que vivem nos subúrbios e dependem do que resta de empregos urbanos, transbordam — nada que seja novidade — em transportes colectivos insuficientes e onde a impossibilidade do distanciamento físico aumenta o risco de contágio, transformando estes transportes no melhor amigo da continuidade pandémica.


Que podemos fazer perante este desequilíbrio social e funcional que percebemos crescente? Muito!


Primeiramente recusando começar pelo fim da linha, apresentando modismos como soluções para os problemas que nos envolvem. Problemas que são muito mais do que formais e que pertencem ao domínio dos valores e direitos da cidadania.


Antes do mais e como objectivo fundamental a Cidade precisa de voltar à sua essência: a Cidade precisa de mais residentes, ponto! E este é o conceito que deve nortear todas as acções a desenvolver. O que, embora não se fazendo de um dia para o outro, nada impede de ser bem pensado desde já. Evitando recorrer a soluções gastas e de duvidoso resultado que já demonstraram a sua ineficácia. 


Antes do mais a Cidade precisa de minorar a actual situação do tempo bi-diariamente perdido nas deslocações casa/trabalho. Aumentando a acessibilidade ao direito à habitação e procurando garantir o exercício igualitário de viver na cidade onde se trabalha. O que levará o seu tempo, percebe-se…


Mas desde já, algumas acções de carácter imediato são possíveis — aproximar os deslocados da Cidade dos seus empregos, ajudar à contenção infecciosa e preparar o futuro. E se a diminuição do tempo de deslocação não é imediata, é possível a diminuição do tempo de espera e a melhoria do conforto, introduzindo definitivamente o conceito de horários laborais desfasados, permitindo que menos gente se desloque ao mesmo tempo. E poderemos ainda diminuir o número destes torna-viagem contemporâneos se mantivermos o sistema de teletrabalho.


Horários laborais desfasados e continuidade do teletrabalho são portanto medidas necessárias e urgentes.

E, simultaneamente, trabalhar para que o retorno de residentes se faça com a criação de “habitats urbanos” — aquilo a que já se deu o nome de “unidades de vizinhança” — dessectoralizando a Cidade e derrotando a gentrificação com a mistura social e funcional. Misturando tudo e todos, trazendo de novo à liça os conceitos dos anos sessenta de Jane Jacobs e de “A Cidade não é uma árvore” de Christopher Alexander para permitir o desenvolvimento urbano dos 3 Tês de Richard Florida e garantir a atractividade criativa de Tecnologias, do Talento e da Tolerância. 


Cidades europeias já iniciaram este percurso. Barcelona com o seu programa de “supermanzanas” procura, diminuindo tempos de deslocação, aproximar as necessidades urbanas quotidianas dos residentes da sua habitação e a que junta ainda a possibilidade de utilização de um superalgoritmo de pesquisa de preferências e interesses próprios dos moradores, começando assim a preparar o futuro.


Em Paris, com base em seis razões de uma urbanidade equitativa como são habitação digna, trabalho em decentes condições, facilidades de abastecimento, bem-estar, educação e divertimento nos tempos livres, foi lançado o programa municipal “Paris do 1/4 de Hora”. Um programa a aplicar em toda a Cidade e com o  objectivo de garantir que a 15 minutos de casa, cada parisience irá ter um fácil acesso — a pé ou de bicicleta — às necessidades do seu quotidiano, não só de trabalho, de escola ou de abastecimento mas também de ocupação activa de tempos livres para si, seus filhos ou netos. Isto é: a Cidade deixará para trás os seus sectores monofuncionalizados, do “aqui vivo, ali trabalho e além ocupo os meus tempos livres” para reduzir o tempo de acesso, aumentar a entre-ajuda e o sentimento de pertença, garantindo assim uma real melhoria de condições de habitabilidade e de vida.  


A oportunidade de que agora se fala em Portugal de possíveis programas de habitação, deve ser vista, acima de tudo, como uma efectiva oportunidade para os portugueses verdadeiramente necessitados de acesso a uma habitação digna. Priorizar o Direito à Habitação sobre a gentrificação turística resulta desta perspectiva e que é obrigatório executar. A nós Arquitectos, exige-se a demonstração de capacidades e competências que permitam criar a habitabilidade exigível no quadro de uma urbanidade equitativa e integrável no amplo e complexo movimento da Cidade.


[publicado in Público Opinião Habitação e Urbanismo, 20 de Junho de 2020]

sábado, 6 de junho de 2020

A COVID-19 E O DESPORTO: UMA GUERRA PELA SOBREVIVÊNCIA

A pandemia do COVID-19 para além do rasto de morte que tem deixado — muito por culpa de políticos eugenistas, diga-se — está também a deixar de pantanas o Desporto, essa actividade que obriga a preparação cuidada e intensa numa base científica e que exige competição na procura da superação pelo rendimento do melhor resultado enquadrado na rota de excelência e do reconhecimento do mérito. A questão é de vista desarmada: logo que seja possível um depois, como vai ser? Que retorno vai haver depois das forçadas paragens em que o tempo foge definitivamente a uns e intervala demasiado para outros? Como recuperar? O que acontecerá às modalidades colectivas limitadas ao jogo executado por memórias distantes e impedidas de ampliar a determinante coesão técnica, táctica, estratégica dos seus elementos?

Se para as modalidades individuais, mesmo com a brutal falta de calendarização conhecida que permita uma periodização de treinos objectiva e adequada, ainda é possível uma manutenção da preparação em nível razoavelmente elevado, para os desportos colectivos o necessário distanciamento físico — e não social que desse houve e há num fartote quotidiano de diversas formas comunicativas — impede tudo aquilo que cada modalidade obriga. E não se pense que é apenas o Rugby, desporto colectivo de combate onde a conquista de terreno se faz num palmo de respiração comum, que é incompatível com a actual pandemia — olhe-se para o Vólei que se diz seguro porque tem uma rede a impedir contactos e que, afinal, não separa a respiração conjunta de um rematador contra um bloco de dois ou três adversários. Já o treino do atletismo em pista é possível com separações de 10 metros se em perseguição ou de dois corredores se lado a lado — e à velocidade mais próxima possível do exigido no alto nível competitivo.

Durante uns meses as modalidades colectivas ficarão limitadas a uma competição onde apenas participará um reduzido grupo de atletas do alto nível e sujeitos a regras de controlo constante, de enorme exigência e verificáveis antes de cada jogo. Jogo que se disputará, por falta do melhor entendimento das coisas, na frente do betão ou de truques a mascarar a verdade das bancadas vazias. É o que vemos no actual retorno do futebol português.

Aos adeptos da modalidade ou das equipas restará — teoricamente porque na prática a ver vamos — o sofá de casa ou um espaço comum de grupos de 20 na frente de um ecrã gigante de televisão ou virados uns para os outros, num faz de conta emocional, a lançar gritos de ânimo ou desânimo que os jogadores jamais darão conta. Mas, num golo transmitido por terceiros, saltos e abraços pela emoção colectiva que afirma o sentimento de pertença, não. Serão jogos que, para actores e espectadores, vão ter o sabor insonso das coisas por obrigação, mesmo que se comentem as vitórias e as derrotas sob o eterno prisma do mesmo culpado de sempre.

Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 já foram atirados para 2021 na quase certeza de que não serão realizados em terras japonesas porque um novo adiamento será quase inevitável uma vez que, ao que se sabe, não haverá vacinas em tempo útil para permitir a necessária preparação dos atletas e para o controlo dos milhares de visitantes que chegariam de toda a parte do mundo. A isto junte-se o aumento da desigualdade conhecida das possibilidades preparatórias de ricos e pobres com um desequilíbrio a aumentar muito entre uns e outros, entre aqueles que tiveram acesso às prevenções em tempo útil e aqueles que conseguiram, num resvés de aflitos, apresentar-se limpos de suspeitas infecciosas. E tudo numa mais que provável desvalorização de resultados. Porque a inexistência de factores de risco para os grupos etários jovens, nomeadamente para o grupo de 20/29 anos, dito saudável e ao qual pertencem a maior parte dos atletas não passa de um mito — veja-se o caso português para dados de 31/5/2020: o grupo etário 20/29 representa 13,3% da totalidade de infectados para 7,9% de infectados no grupo etário 70/79. Ou seja: o jovem grupo etário de 20/29 anos, não tendo praticamente qualquer risco de letalidade, constitui um risco enquanto grupo transmissor da infecção. O que exigirá cuidados especiais e testáveis para que seja possível iniciarem as suas práticas desportivas competitivas.

No fundo, os modelos de referência que atraem e seduzem e que estão na base da sequência circular da substituição rejuvenescida estarão longe do seu melhor, atraindo menos e abrindo espaços para outras naturezas que, insidiosas, se apoderarão do vazio com promessas de fácil atractividade e com apostas seguras, sem riscos aparentes ou dificuldades de acesso.

Vai ser assim: por culpa daqueles que insistem em dar o nome de Desporto a tudo que mexe, ignorando as diferenças para a actividade física ou para o mero lazer de movimento e que insistem quer na sua insofismável e absoluta visão salutar, quer na dificuldade de entender que a importância do “Desporto para Todos” se centra, acima de tudo, na preocupação pelo direito de acesso à prática desportiva competitiva por culturas de diferentes raças, religiões ou costumes, o  e-sports, mexendo os olhos e os dois polegares, aí estará, com toda a naturalidade que possa aparentar nomeadamente mostrando a moralidade de preocupações anti-dopagem que usará como suas, para ocupar, com a sua enorme capacidade financeira, o vazio que ficará no buraco desta pandemia.

E se não houver percepção de que existem novas e diferentes exigências para salvaguarda do Desporto, preparando novos processos estratégicos de implementação e de acesso a apoios governamentais específicos, perder-se-ão, para além da importância da complexidade do seu modelo, as características do Desporto que definem o seu enorme valor social: integração, excelência, mérito
.
Como em tudo o resto na vida, o Desporto que conhecemos pode, por ignorância, equívoco ou distração, não ser para sempre. E o outro dito desporto que nos espera, o e-sports, viverá pelas vistas curtas de manutenção de uma ignorante mistificação primária: que o elemento central do Desporto é a Juventude.

(publicado na Tribuna Expresso, Opinião, Comité Olímpico de Portugal, 05/06/2020)


quarta-feira, 13 de maio de 2020

A MALTA É PORREIRA

😷

O gajo, de máscara, ia a meio do autocarro sentado num banco sozinho e de máscara posta. Intervalos com bancos vazios não havia porque ia gente a mais. 
O incómodo com um irresponsável que achava que não tinha que pôr qualquer máscara, já tinha passado e ficara paragens atrás. Tudo seguia calmo...
Cof! ... cof! e cada vez mais forte, ouviu-se alguém tossir. Era o gajo do meio do autocarro que, olímpico, tirava a máscara, tossia, colocava a máscara, tirava a máscara tossia, colocava a máscara , tirava a máscara, tossia... uma borga...
... ele há cada um...

sábado, 11 de abril de 2020

BOA PÁSCOA

...dentro das actuais possibilidades.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

NO MONTIJO É UM REGALO


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