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segunda-feira, 1 de maio de 2023

1º DE MAIO — HOMENAGEM AOS QUE O CONSTRUÍRAM

Comemorando o 1º de Maio e homenageando todos aqueles que ao longo dos anos o foram construindo, reproduzo — agradecendo a sua prévia autorização — o significativo e recordatório texto da autoria do meu Amigo, Jorge Olímpio Bento.


DESTRUIÇÃO DOS SINDICATOS

Primeiro foram Hitler, Mussolini, Franco e Salazar. Depois vieram Margareth Thatcher e Reagan. Hoje são os continuadores destes dois abencerragens neoliberais, travestidos de social-democratas e outros que tais. Todos viram e percebem bem que a eliminação dos sindicatos é a solução ideal para isolar e entregar a si próprio quem trabalha, para destruir a forma principal de as pessoas se organizarem na defesa dos seus direitos, e sobretudo para deixar à rédea solta os apetites do mercado.  

Não há volta a dar. Os fins-de-semana, as férias, as pensões de reforma, a redução dos horários laborais, a melhoria de carreiras e salários e a criação de medidas assistenciais são conquistas sindicais. Estas implicaram o sacrifício de inúmeras vidas, muito sangue derramado, fome a rodos, perseguições a esmo, prisão e sevícias arbitrárias, enfim um estendal de horrores.

Convém não esquecer isso. E também que as leis, tendentes a prejudicar e esfolar os trabalhadores, são escritas a mando dos poderosos, mesmo quando elegemos os que as aprovam. Sem olvidar que ‘trabalho’ provém do termo latino ‘tripalium’, instrumento usado para castigar e infligir tortura e sofrimento. Acordar, reconhecer e pensar em tudo isto é o mínimo que podemos fazer nesta hora em que somos assaltados e espoliados de todos os lados.

01.05.2023

Jorge Bento

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

O MELHOR DE 2020

autor desconhecido
 

sábado, 7 de novembro de 2020

PRONTO! ESTÁ FEITO!

JPB+Autor desconhecido

Livrámo-nos de boa! 


 

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

A PARTICULARIDADE DA SUA VISÃO DEMOCRÁTICA

 

DESESPERO




terça-feira, 3 de novembro de 2020

A ESPERANÇA...

... É A ÚLTIMA A MORRER

                                                                              autor desconhecido

 

terça-feira, 15 de setembro de 2020

RECOMEÇARAM AS AULAS...

Publicado in Courier Internacional, Julho 2020, de Côté, Para Le Soleil, Canada

 

sábado, 11 de abril de 2020

BOA PÁSCOA

...dentro das actuais possibilidades.

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

O PAÍS É NOSSO!

Este conflito entre motoristas de matérias perigosas e os seus patrões, não cheira bem! De um lado, o sindicato representante dos motoristas comandado por um palavroso interesseiro, demagogo e populista; do outro, a associação patronal que ainda não conseguiu demonstrar quer uma posição decente e não exploradora dos seus contratados quer a disposição de negociar de acordo com as exigências do trabalho que pretende contratar. Ou seja, nem uma nem outra, parecem ser flores que se cheirem quando, por trás de tudo, parecem existir objectivos políticos que se alinham, voluntária ou involuntariamente, na moda do processo ultraliberal e, muito possivelmente, na abertura das perigosas estradas que começamos a ver construir noutros países.

Para além de considerar surpreendente — como foi admitido pela gente do terreno?! — que o vice-presidente de um sindicato de motoristas de matérias perigosas com voz activa, permanente e dita negociadora, não faça a mínima ideia de que trata a condução de pesados, não deixo de me espantar com a série dos politicamente correctos que sem soluções para coisa nenhuma vêm a terreiro “achar que” como se o conflito não tivesse ultrapassado o domínio específico das partes para atingir o país. A que se juntam, aproveitando a possibilidade de 15 minutos de mediática fama, os “estruturados bem-pensantes” que de tanto temerem a queda de qualquer parente na lama, jogam sempre para o lado que sentem o vento soprar. Que é isto e mais aquilo, que é de duvidosa necessidade ir tão longe, que colocam em causa a liberdade dos trabalhadores, que é um ataque aos sindicatos, que estão a gerir — vendo-se ao espelho — a crise de acordo com interesses eleitorais. Sempre com aquele ar de imensa preocupação pelos outros que, no entanto, nunca activamente têm. Ou, se têm, descaindo-se para o paternalístico papel de grandes defensores do seu mundo a preto-e-branco...

No entanto e neste jogo de interesses, os factos são estes: o povo português — e não os patrões dos motoristas — são, de forma indiscriminada e pela segunda vez num espaço de poucos meses, os principais prejudicados. Ou seja, terceiros sem culpas no cartório e que não têm possibilidades de intervenção ou de encontrar soluções, e que, obviamente, não serão os ricos, são as verdadeiras vítimas. E, por isso, faz todo o sentido que o Governo, democraticamente responsável pelo bem-estar do país, venha a terreiro, impondo meios para minorar prejuízos morais e materiais. É também para isto que queremos que exista, para nos garantir a tranquilidade de uma vida. E a chamada dos militares, por muito que custe  aos que em tudo vêem um ataque à dignidade corporativa, é mais do que justificada. Para o que basta ter conhecimento do que significa a actualidade efectiva do conceito de Defesa Nacional.

Porque a realidade é inadmissível: como é que umas poucas centenas de trabalhadores conjuntamente com umas dezenas de empresas paralisam um país?! E porque fizeram de conta, uns e outros, que tinham acordo — a greve terminou, não foi? — para voltarem ao mesmo logo a seguir? Que interesses escondem?

Ninguém pode ter o exagero de poder que lhe permita tomar conta do país. A ninguém pode ser permitido o poder de criar, indiscriminadamente, prejuízos a torto e a direito.

E porque uma paralisação deste género não deve ser possível, é fundamental que daqui se retirem as consequências necessárias para impedir futuras repetições. Estabelecendo princípios que garantam que a ideia de que o mesmo número de camisola servirá a toda a gente, não se repetirá. Definindo conceitos legais que garantam, como sempre defendi, que os sectores estratégicos o país — saúde, electricidade, água, comunicações, combustíveis, etc. — devem estar, preferencialmente, nas mãos do Estado democrático. Para que o seu controlo não seja uma arma de arremesso. E se existirem, como existem, privados nalguns destes sectores, devem ficar sujeitos a leis e regras suficientemente restritivas e claras para que seja impossível o seu uso abusivo. Garantindo, na base de princípios iguais, que para caso diferente as acções e exigências sejam também diferentes. Acabando, de uma vez por todas, com os abusos que a todos prejudicam e garantindo a eficaz protecção a quem trabalha.

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

VELHICE

Está-se na velhice quando as alterações da rotina não passam de consultas aos médicos.

terça-feira, 10 de julho de 2018

HOOYAH!


FORMIDÁVEL! MISSÃO TERMINADA!

Os 13 membros da equipa de futebol dos Wild Boars (12 miúdos e um treinador) mais 3 Navy Seals tailandeses e o médico australiano, Richard Harris - estes últimos que estiveram desde a localização do grupo e durante todo este tempo em apoio aos jovens - foram salvos e retirados da gruta de Tham Luang numa operação que envolveu muita gente e que exigiu, para além de uma notável liderança e coordenação, um aglomerado de conhecimentos vários traduzidos em competência permanente de um total de 90 mergulhadores, centenas de voluntários, pessoal médico, motoristas, pilotos, cozinheir@s, polícia. espeleólogos, etc. etc. Formidável!

O salvamento deste grupo tem também uma dívida de gratidão para com o falecido mergulhador tailandês Saman Kunan cuja morte terá alertado os responsáveis pela operação para a necessidade de rever processos que, assim, permitiram que as operações se realizassem sem problemas de maior, possibilitando a saída de todos os outros.

A cooperação internacional, o primado da competência sobre as vaidades, a determinação e a resiliência dos jovens e o papel fundamental do seu treinador nos primeiros dias - estiveram retidos na gruta desde 23 de Junho - quando nada sabiam da possibilidade de serem resgatados, foram determinantes para a chegada a bom porto.

Que esta operação nos possa servir de exemplo e de aprendizagem para eventuais futuras operações de socorro e que o momento de solidariedade universal que representa nos possa também servir de guia para alterar a aporofobia que representa a atitude europeia sobre os refugiados que atravessam o Mediterrâneo.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

HOMENAGEM AOS TANTOS

autor: Sisedea
Criado pelo artista plástico tailandês Sisedea, este cartoon - muito divulgado já nos canais sociais - representa, segundo Michael Safi jornalista do The Guardian presente na Tailândia, o envolvimento dos diversos grupos no salvamento do grupo de miúdos futebolistas e do seu treinador, encurralados na gruta de Tham Luang e que são representados por animais.
O elefante branco, que comanda, representa o comandante-líder da operação Narongsak Osatanakorn - o elefante é o símbolo da província de Chiang Rai e o facto de ser branco significa, segundo o autor, a raridade das suas capacidades de comando e liderança.
Os javalis - “wild boars” é o nome da equipa - são naturalmente os jovens futebolistas e o seu treinador, enquanto que o cavalo branco representa todos os voluntários envolvidos.
As focas representam os Navy Seals tailandeses que coordenam a operação e as rãs os mergulhadores tailandeses que estão envolvidos no salvamento.
O leão representa os mergulhadores ingleses, o canguru os australianos, o panda os chineses, o grou os japoneses e o alce os suecos. O tigre representa os birmaneses e o elefante castanho os especialistas de Laos, representando os cães a polícia e o Iron Man, Elon Musk.
Os pássaros que voam contra a corrente representam os meios de comunicação social e bloggers tailandeses que têm vindo a criticar a operação.

domingo, 8 de julho de 2018

TANTOS POR TÃO POUCOS

Base: Infografia The Guardian
Os trabalhos de salvamento das 12 crianças e um adulto - uma equipa de futebol e o seu treinador - que se está realizar na Tailândia, na gruta de Tham Luang, tem-se revestido de aspectos extraordinários. O principal dos quais é o da solidariedade - centenas e centenas de pessoas com as mais variadas origens e conhecimentos tem dito presente. A transformação desses conhecimentos em competências - incluindo as possíveis para os jovens que se encontram no fundo da gruta - tem sido uma notável demonstração de organização sujeita à determinação do primeiro momento: salvar a equipa!

A tarefa de salvamento, pelas notícias que circulam, não tem sido nada fácil quer pela situação encontrada, quer ainda pelo provável aumento do volume das águas que as chuvas da monção provocarão, mostra-se de uma enorme complexidade na articulação das diversas partes e nas decisões a tomar. Um objectivo claro e uma estratégia montada em diversas e diferentes acções comandadas por alguém que tem no centro de comando os elementos que permitem estabelecer os níveis de risco, hierarquizar processos e decidir em conformidade, determinam cada uma das acções. Terminada a operação, este será um caso de estudo de comando e decisão - para que se possam reconhecer os métodos de um processo que, com sucesso visível, juntou profissionais de formações diversas, experiências distintas e capacidades múltiplas.

Serem membros de uma equipa desportiva também não é, como já diversas pessoas mais atentas e conhecedoras lembraram, despiciendo: habituados à disciplina, ao rigor dos treinos e dos jogos, a dependerem uns dos outros sem que ninguém se possa julgar mais importante que qualquer dos companheiros, são factores que têm ajudado, com certeza, a manter a resiliência de que têm dado provas. A capacidade do treinador - a quem os pais dos pequenos futebolistas disseram para não se culpabilizar -  em garantir a coesão de todos os elementos também não será factor de somenos importância.

O final da missão de salvamento, como afirma Steve Whitlock, um experiente socorrista em grutas, só estará terminada quando toda a gente, incluindo socorristas, estiverem fora da gruta. O que significará ainda muitas horas de trabalho, de atenção, de decisões e de coragem.

Neste enorme esforço, nesta verdadeira guerra contra a água, a alegria do salvamento de todos será a maior compensação e melhor homenagem possível para a morte do mergulhador - um antigo membro da elite de mergulhadores tailandeses e um disponível e solidário voluntário para as operações na gruta - Saman Gunan.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

IRANIANAS SEM LENÇO


As mulheres iranianas decidiram protestar - às 4ª feiras - contra o uso obrigatório do lenço no seu país. Para que sejam notadas, tiram o lenço, desfraldam-no num pau e sobem para um ponto mais elevado - caixas de electricidade ou muretes - deixando os seus cabelos livres e ao vento. Por este gesto, algumas já foram presas.
Aqui fica a homenagem da minha solidariedade e contra a menorização da mulher na sociedade.

domingo, 7 de janeiro de 2018

MÁRIO SOARES...PASSOU UM ANO

Sede do Partido Socialista, Largo do Rato, Lisboa - foto JPB Iphone
Passou um ano...
... passou um ano sobre o falecimento de Mário Soares, o português com as acções mais importantes para a construção da Democracia portuguesa. Da Democracia em que vivemos depois de 40 anos de Ditatura.
Conheci-o bem quando participei, como Director Executivo do MASP I, na campanha eleitoral da sua primeira candidatura à Presidência da República. Com ele percorri muito Portugal e participei directamente na montagem e organização dos comícios. E desse tempo guardo estórias que, na lembrança, me fazem ainda sorrir com o sabor das peripécias.
Mas principalmente de Mário Soares guardo a memória da sua enorme coragem moral e física na defesa das suas convicções e a permanente e clara visão estratégica para atingir os objectivos superiores da Liberdade numa Democracia moderna e humanista e onde os valores da Cidadania Republicana fossem a realidade da vida dos portugueses. E nessa realidade da nossa vida introduziu, atribuindo-lhe a dignidade de gesto pleno, o Direito à Indignação.  
Passou um ano... ( ver aqui o post de 7 de Janeiro de 2017)

sábado, 7 de janeiro de 2017

SOARES É FIXE!


Com o falecimento de Mário Soares (1924-2017) fechou-se um dos ciclos da minha vida. Toda a vida ouvi falar de Mário Soares. Mário Soares preso, deportado para S.Tomé, exilado em França. Mário Soares sempre contra a Ditadura. Mário Soares um Homem de Coragem e Convicções. Mário Soares a voltar de Paris no Comboio da Liberdade (28 de Abril de 1974) e a abrir-nos - com muito mais sabedoria que então lhe teremos atribuído - as portas da Liberdade e Democracia. Mário Soares a bater-se pela descolonização que os suportes do anterior regime, numa visão cega do andamento do Mundo, tudo fizeram, durante anos e anos e á custa de milhares de portugueses e africanos, para impedir. Mário Soares a abrir-nos o caminho da Europa. Mário Soares um Humanista. Mário Soares um homem de visão. Mário Soares que nos dava a confiança de garantir saber traçar uma linha que não admitiria que fosse ultrapassada e que marcava a diferença para a Liberdade.
Mário Soares sempre presente. Mário Soares Republicano, Socialista e Laico. Agora fica-nos a memória de um Homem Notável. A não esquecer!
Varanda do edifício da Sede da Campanha no Saldanha em Lisboa
imediatamente após a divulgação dos resultados eleitorais
Fiz parte, enquanto director executivo da Imagem - a convite e nomeação do Director de Campanha Gomes Mota - do "quartel-general" da campanha do MASP que acabou por o eleger, pela primeira vez, Presidente da República. Tempos notáveis de recordações formidáveis. O "Soares é fixe!" nasceu na sala ao lado - um jovem, Adelino Vaz, entrou e disse: Tenho o slogan! Disse-o e foi uma adesão imediata de quem estava no Gabinete - quando foi transmitido ao Candidato  foi oficialmente aceite com um sorriso discreto de quem sabe o valor das coisas - e a sua máxima expressão esteve num memorável discurso de Pinto Machado num comício na Avenida dos Aliados no Porto. E foram comícios - com o José Nuno Martins a ser a voz de comando e animação da multidão connosco a deixarmos-lhe as notas de frases - com quilómetros de viagem por todo o país ou a procura do Rui Ochoa para que pudessemos publicar a sua fotografia que mostrava a agressão na Marinha Grande. Ou a lembrança da gravação do Rock da Liberdade (letra do António Pedro de Vasconcelos), no estúdio com o Rui Veloso para que tudo saísse bem e rapidamente. Ganhou as eleições, felizmente, num resvés que nos marcou a sorte. 
Na tomada de posse, estando na escadaria da Assembleia da República, vi-o a passar revista às tropas em parada - o passo nem sempre acertava (ou acertava mesmo pouco) com as batidas do "caixa". Disse para o José Lello que estava ao meu lado: Momento histórico: nunca mais vai haver um militar na Presidência da República. 
Depois de eleito foi sempre muito atencioso comigo - chegou a sair das suas posições protocolares para - com espanto de muita gente - me vir cumprimentar. Um dia, no Estádio Nacional e em dia de final da Taça, mandou um agente do seu serviço de segurança ter comigo - que estava na bancada central - para me dizer: "O sr. Presidente pede-lhe para vir comigo para ir ter com ele à Tribuna". Fui e ofereceu-me lugar na Tribuna numa cadeira a seu lado e, quase a sussurrar, disse-me: "Sente-se aqui e vá-me explicando isto que não percebo nada...". E fomos conversando sobre o jogo de futebol...
Tenho boas lembranças de Mário Soares e sou-lhe agradecido pelo que fez por Portugal.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

PREFERENCIAIS


Cartaz nos Postos da Orla Marítima do Rio de Janeiro
Foto iPhone, Agosto 2016

sábado, 31 de dezembro de 2016

OS VELHOS SEM PRIORIDADE

Tenho mais de 65 anos e sou, por muito que tenhamos a mania de achar que é "feio" dizê-lo, velho. Mas não necessáriamente trapo. E sou velho com experiência suficiente para compreender muitas coisas da vida e, pelo menos, saber sobre algumas outras.
Ouvi dizer das prioridades e fui ler: um embuste para nós, os velhos. Porque não chega ser velho, é preciso ser alquebrado quase a não se poder sair de casa para ter prioridade. É preciso ser idoso que, de acordo com a alínea b) do Artigo 3º do Decreto-Lei nº58/2016 de 29 de Agosto de 2016 assim se define: "«Pessoa idosa», a que tenha idade igual ou superior a 65 anos e apresente evidente alteração ou limitação das funções físicas ou mentais".
Explicou a senhora Secretária de Estado para a Inclusão, Ana Sofia Antunes, que:"não basta que a pessoa comprove que tem 65 ou mais anos. Nesse caso, tem que ter uma incapacidade física ou mental visível, portanto, inquestionável ao comum dos cidadãos". Ou leio mal ou não passa de uma redundância para atirar com areia para os nossos olhos para fazer de conta que existem grandes preocupações humanitárias - o decreto-lei das "prioridades" garante a qualquer deficiente físico ou mental a prioridade desejada - embora devendo ser portador de atestado que garanta os 60% de incapacidade como recomenda fonte oficial do ministério responsável. O que significa que os velhos deficientes ou incapazes estão aí incluídos! Então para quê o articulado para os "idosos"? Para óbvia conversa da treta no habitual faz-de-conta de preocupações que verdadeiramente não existem - e nem cito as justificações, por pertencerem ao domínio da estupidez, da referida senhora Secretária de Estado. Como se não bastasse a idade para criar dificuldades em situações de longa permanência em pé... são precisas evidências?! A não ser que se deva agradecer o bónus da evidência por troca com a exigência do papel demonstrativo.
Com esta regulamentação, feita apenas com a preocupação de dar nas vistas - propaganda, diz-se - vamos dar-nos mal e o aumento da conflitualidade nos tempos perdidos das filas de espera parece ser a única garantia que teremos.
Estive no Rio de Janeiro durante os Jogos Olímpicos e fui - agradavelmente - surpreendido por uma norma que considera "preferencial" toda e qualquer pessoa com mais de 60 anos sem mais qualquer outra classificação. Preferenciais no direito a lugar sentado no metro - tem uma carruagem azul onde a prioridade é absoluta ("menino, deixa o senhor sentar!" disse a senhora para um jovem. Que agradecia mas não precisava porque sairia duas estações à frente, respondi. Que não, "que tem que se habituar a respeitar", respondeu e lá me sentei no lugar que o jovem disponibilizou). Também nos postos que têm instalações sanitárias (de uma higiene impecável, diga-se) e que se situam nas praias de quilómetro em quilómetro, os preferenciais podem utilizá-las sem qualquer custo, podendo apenas ser obrigados a demonstrar a sua idade.
Os Jogos Olímpicos são uma experiência única para quem como eu pôde estar presente mas exigiram longas viagens em transportes públicos, longas filas de acesso aos locais das provas a que se somavam, ainda e muitas vezes, longos percursos a pé. Dias inesquecíveis mas cansativos. Mas em todos os locais existiam "vantagens" para os preferenciais - ou transporte motorizado (permitindo um acompanhante) ou filas exclusivas (tive oportunidade de entrar na loja "oficial" dos Jogos em menos de 10 minutos quando nas 4 ou 5 filas normais levaria mais de uma hora). Assim o tempo e o esforço eram reduzidos para todos, espante-se, os que tivessem, sem nenhuma outra classificação, mais de 60 anos. Com natural aceitação por parte de todas as outras pessoas que esperavam a sua vez nas lentas filas.
As regras que agora por cá se impõem têm apenas, para mim e outros velhos como eu, uma vantagem: não me insere no quadro de pessoa idosa - as minhas mazelas não são evidentes - e deixa-me ficar pelo grupo dos velhos. Grupo mais natural e menos politicamente correcto e que não tem que mostrar evidentes alterações.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

DYLAN, PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA



SURPRESA! Fiquei, genuinamente, surpreendido, agradado e de boca aberta de espanto: a Academia Sueca decidiu atribuir o Prémio Nobel da Literatura a Bob Dylan "por ter criado novas expressões poéticas no espaço da grande tradição das canções americanas".
"Ele é um grande poeta" disse, no anúncio do premiado, Sara Danius secretária permanente da Academia, para acrescentar que "the times they are a'changing, perhaps" justificando a atribuição com um dos títulos dos álbuns de Dylan.
Come senators, congressmen
Please head the call
Don't stand in the doorway
Don't block up the hall
For he that gets hurt
Will be he who has stalled
There's a battle outside
And it is ragin'
It'll soon shake your windows
And rattle your walls
For the times they are a-changin'. 

Que mudem os tempos! Bons ares atravessaram a académica sala e atingiram em cheio a frescura de mentalidades que representa esta decisão dos seus 18 membros. E a ideia de cultura só ganha com isso. E ganha também a memória das gerações como a minha que se deliciavam com as suas "letras" e que lhe encontravam um sentido de vida que agora o Nobel vem confirmar. Afinal, sabíamos o que ouvíamos. Ouvíamos acerca de "condições sociais, religiosas, políticas e amor" como bem lembra o texto de atribuição do Nobel.




No mesmo dia de tristeza pela morte de Dario Fo, também prémio Nobel da Literatura (1997) e militante de esquerda sem bandeira como o definiu o Corriere della Sera, esse enorme émulo dos Bobos medievais "flagelando a autoridade e protegendo a dignidade dos espezinhados" como lembrou a Academia Sueca, não sei de melhor homenagem. Com qualquer deles aprendi a olhar para as coisas de outra maneira.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

RIO 2016 - EXIGIR SEM BASES

Existe uma enorme tendência de uma boa parte dos portugueses para colocarem infundadas expectativas sempre que há representações desportivas nacionais em confronto internacional. Seja pela iliteracia desportiva que nos caracteriza, pelo mero desconhecimento da relatividade das coisas ou por um qualquer aproveitamento interesseiro, as representações desportivas nacionais são analisadas pelas aparências, sem qualquer objectividade e ignorando o seu meio de inserção. Como se tivessemos um Sistema Desportivo exemplar.

Se as esperanças em notáveis resultados podem resultar da vontade de nos fazermos valer, a sua transformação nas elevadas expectativas de quase certezas só serve para abrir o campo à desilusão. E, portanto, não havendo vitórias de arraso e independentemente da qualidade dos diversos resultados, tudo é mau ou desastroso, seja qual for o ponto de vista da análise, diz-se e escreve-se. Ou seja: bestiais na formatação das expectativas a bestas perante a aparência dos resultados. Tudo num salto palavroso de nota 10...

E mais uma vez assim foi no regresso da Missão portuguesa dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Elevadas expectativas fundadas em irrealismos - como se não se tratasse de uma competição desportiva de altíssimo nível em confronto com os melhores e adequadamente preparados para tentar a vitória e onde só 8% dos 11 544 atletas presentes podem regressar com medalhas conquistadas - marcam o adjectivo da análise. Uma só medalha? E apenas bronze?! Um desastre!

Terá sido?!

Ao longo de 24 presenças olímpicas, o desporto português conseguiu 24 medalhas - 4 de ouro (Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro e Nelson Évora), 8 de prata e 12 de bronze - numa média de uma medalha por cada participação. O que significa que Portugal está longe de campeões como os Estados Unidos com as suas 2546 medalhas. E tão pouco se aproxima dos países latinos europeus como a França (1169 medalhas), Itália (605), Espanha (148) ou Roménia (306) ou ainda da Holanda (195) ou Bélgica (164) - estes dois últimos com populações próximas da portuguesa.

Com a medalha conseguida pela notável e persistente Telma Monteiro, Portugal ficou dentro da sua média e colocou-se, com as 16 modalidades, entre as 28 possíveis, em que participou, em 78º lugar no Medalheiro - o que significa que conseguiu melhor do que os 119 países participantes que não obtiveram qualquer medalha - apenas 42% dos 205 países presentes obtiveram uma ou mais medalhas.

Lembre-se que todos os atletas portugueses presentes se qualificaram - obtendo as marcas estabelecidas - para poderem competir nos Jogos. Ninguém foi, portanto, sem mérito ou apenas para participar - atribuição de espectadores - mas sim para competir, embora e naturalmente, balizados pelas marcas conseguidas. Balizas que devem, desde logo, limitar as expectativas. Dando-lhes realidade - pensar, por exemplo, que as notáveis prestações de Nelson Évora com a melhor marca pessoal do ano e Patrícia Mamona com novo recorde nacional, poderiam garantir a certeza de medalhas é ignorar a existência de outros atletas com as competências e capacidades adequadas à vitória. Ignorar portanto que estamos integrados numa competição do mais elevado nível e de particulares características.

Os resultados globais da Missão foram maus? Não, não foram. E foram melhores do que o contexto onde se prepararam. Na sua enorme maioria - excepção feita a um ou outro erro, a um ou outro falhanço, a uma ou outra menor atitude - os atletas portugueses bateram-se com grande dignidade e tudo tentaram para honrar a responsabilidade da representação em que estavam investidos.

Os Jogos Olímpicos constituem a melhor e maior montra mundial de demonstração de capacidade desportiva de cada país e permitem uma análise comparativa global. A juntar a esta medalha de bronze, os atletas portugueses conseguiram 10 Diplomas olímpicos, isto é, obtiveram 10 classificações entre os 4º e 8º lugares classificando assim 12% do total dos seus atletas em finais. Entre os 9º e 16º lugares - habitualmente designados por semi-finalistas - a Missão portuguesa contou com 16 posições. E colocou ainda 6 atletas no 17º lugar. Ou seja: Portugal conseguiu 33 classificações - 36% do total dos seus atletas - abaixo do 20º lugar nas 57 provas em que teve a participação de seus representantes. Refira-se ainda que dos 92 atletas portugueses presentes - 32 mulheres e 60 homens - 54 deles não tinham qualquer experiência olímpica. Tratando-se da competição desportiva entre as competições desportivas, os resultados conseguidos apresentam-se com mérito que baste e não são compatíveis com o que se escreveu, disse ou colocou nas redes sociais.

Poderiam os resultados serem melhores? Claro! Podem sempre. Desde que haja a adequada aproximação de condições aos melhores competidores.

A realidade do sistema desportivo português é fraca e encontra-se muitos furos abaixo dos padrões europeus. Nas modalidades olímpicas temos cerca de 400 mil inscritos nas respectivas federações desportivas nacionais (últimos dados oficiais referentes a 2014), o que representa um número ridículo, impeditivo de competições internas de elevado nível, quando comparado com outros países europeus e que está longe das potencialidades de um país com 10 milhões de habitantes.

O Desporto em Portugal assenta num sistema caduco, desorganizado, sem objectivos e sem estratégia, com uma mistela de conceitos confusos e pouco clarificadores onde abundam as frases feitas do Desporto para Todos - e o Desporto não é para todos: é para quem pode e, dentro destes, para quem quer - e de que o Desporto dá Saúde - o Desporto é para quem tem saúde - confundido uma actividade de exigência, superação e responsabilidade de resultados com Actividade Física, essa sim, para todos, adaptável ás necessidades e que se pretende praticável para uma vida inteira. Curiosamente a actual Lei de Bases (Lei 5/2007 ) é designada por Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto, designação que não parece preocupar ou induzir seja quem for.

Com um Desporto Escolar que não produz efeitos visíveis - Andebol, Basquetebol e Voleibol estão inseridos no sistema escolar desde os anos 30 do século passado e nunca se qualificaram para os Jogos - quer na detecção de talentos, quer no aumento de inscrições federadas e que desde há muito deveria ter passado para o estádio de Desporto em Idade Escolar articulado com clubes locais e federações de utilidade pública desportiva. Com um objectivo claro: introdução dos modelos desportivos das várias modalidades e detecção de talentos com o devido encaminhamento.

Não há dinheiro disponível para financiar as necessidades desportivas diz o Governo através do seu Secretário de Estado (RTP Notícias, 18/Ago/2016). Mas muitas das mudanças necessárias que permitirão adaptar o desporto português às necessidades competitivas actuais, não custam dinheiro. Exigem apenas transformações. De conceitos, de mentalidades, de estruturas.

Desde logo estabelecendo como Missão das federações de utilidade pública desportiva a criação de condições para que os nossos atletas possam competir internacionalmente em termos de igualdade, nomeando a sua dimensão rendimento como prioritária para assim lhes exigir programas qualificados - e não numéricos - de formação e desenvolvimento, com índices de competitividade elevados e afastando-as das tentações das imensas exigências que se lhes pretende sempre colocar para iluminar fogachos políticos. Também sem custos será a revisão das actuais leis federativas, retirando a mesma medida de fato a corpos com dimensões diferentes e adequando-as e articulando-as, de acordo com as nossas especificidades, com as necessidades do confronto internacional - a definição oficial e legal das modalidades colectivas e individuais (a Canoagem é, legalmente, uma modalidade individual!) é, no mínimo, inaceitável e umas e outras não podem reger-se pelas mesmas regras. O mesmo se dirá com o sistema escolar dos atletas que, apesar de um quadro legal facilitador, só enfrentam dificuldades e abusos quer da dupla actividade, quer na forma como são escolarmente tratados. A revisão do actual sistema de formação de treinadores exige também uma radical e urgente transformação sob pena de diminuição do seu número e da sua qualidade. O próprio estatuto do Alto Rendimento necessita de transformação e adequação, ampliando-se, às exigências actuais.

Para que as exigências por melhores resultados possam ter razão de ser - os obtidos no Rio 2016 se são bastante bons dentro do sistema que condiciona o Desporto português, não podem ser meta - é absolutamente necessário proceder às transformações que o enquadramento internacional nos exige. Começando por estabelecer os objectivos pretendidos e construindo uma estratégia adequada. No quadro do Desporto de Rendimento.

João Paulo Bessa
(Texto publicado no jornal Público de 8 de Setembro de 2016)

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

ESTÁ ERRADO! COMPONHA-SE!


@s noss@s menin@s são piores do que @s menin@s dos outros? Serão?!
Alguma coisa se há-de passar pelas más notas que @s noss@s menin@s têm a Matemática e Português. Todos burr@s?! - palavra que aliás não se justifica porque o animal é inteligente.
Então, se @s noss@s menin@s são tão burr@s ou inteligentes como @s outr@s, porque terão as más notas que têm? Porque não estudam nada? Ou porque não percebem o que lhes ensinam por desajustamento de programas ou erro de métodos de ensino?
Seja como for, manda a obrigação de serviço público de se adaptar o sistema à realidade existente. Isto é, que se faça um esforço para que se encontrem os processos que permitam que @s alun@s aprendam as bases que lhes permitam contar e comunicar eficientemente. Ou seja: que os programas sejam adequados e que o processo e método de ensino sejam também adequados e atraentes. 
E adequar significa encontrar formas que aproximem a linguagem de alunos e professores, permitindo,portanto, que se entendam.
É urgente que a transformação se faça - a Matemática e o Português são ferramentas fundamentais para uma integração positiva na sociedade.
E como @s noss@s menin@s são iguais a@s outr@as menin@s do resto do mundo não convém dar-lhes logo de início uma imensa desvantagem.

(EPÍLOGO COM LEMBRANÇAS DE MONIZ PEREIRA (1921/2016): Acreditando que os noss@s atletas eram tão boas/bons como @s estrangeir@s desde que tivessem as mesmas condições de treino, Moniz Pereira convenceu o poder político pós 25 de Abril a conceder às/aos atletas com melhores resultados e maiores capacidades o tempo disponível necessário para poderem treinar bi-diariamente. Introduzindo  as práticas necessárias ao Desporto de Rendimento, Moniz Pereira aproximou @s noss@s atletas d@s adversári@s e assim conquistou medalhas olímpicas, medalhas e recordes mundiais, campeonatos. Talvez @s senhor@s que mandam nestas coisas chamadas da Educação obtivessem melhores resultados se seguissem a proposta de Moniz Pereira: garantir que @s noss@s menin@s têm as mesmas condições do que @s menin@s dos outros lados. Porque valem tod@s o mesmo!).

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