domingo, 17 de janeiro de 2016

O NOME DA ROSA

Fui ver ao Teatro Nacional D. Maria II - onde também estava o espectador José Ramos-Horta, Prémio Nobel da Paz de 1996 e antigo Presidente de Timor-Leste - a peça "O Nome da Rosa" com texto de Pedro Zegre Penim e Hugo van der Dinh (o autor da banda desenhada A Criada Malcriada), com encenação de Pedro Zegre Penim e a participação da própria Rosa Mota. Encomendada ao Teatro Municipal do Porto por Paulo Cunha e Silva - que não chegou a vê-la - a peça é uma homenagem à Rosa Mota e ao seu notável percurso desportivo. Mas não só: é, enquanto peça de teatro, excelente!

Texto inteligente, culto e com humor que baste, com boa direcção de actores, tem a movimentação necessária - de palavras, actores e objectos - para nos prender a atenção de princípio ao fim. Com ainda o controlo necessário para, a cada momento em que a ansiedade curiosa a que a tensão cénica nos leva e nos põe a quer adivinhar o seguimento, sermos surpreendidos com o cuidado das ligações e passagens, mantendo-se sempre num registo que foge a toda e qualquer chavão facilitista.

Ultrapassando a mera homenagem factual - Umberto Eco também aparece - a peça constitui o melhor elogio do Desporto que me lembro de ter visto. Porque dá ao Desporto a dimensão cultural e estética, retirando-o do caixote do lixo onde os programas de "análise futebolística" rasteiramente e quase quotidianamente o colocam e que, no fundo, está na razão dos enormes feitos que os atletas conseguem. Ao dar-nos esta dimensão cultural e estética do Desporto, a peça, para além da emoção que a memória nos transporta - os braços no ar das vitórias da Rosa são inesquecíveis - mostra-nos a dimensão que motiva os atletas, que os leva aos sacrifícios, ao rigor e responsabilidade constantes do treino, à procura permanente da superação, à definição de objectivos mais altos que o próprio sonho.

De excelência! Inteligente e culta, estéticamente poderosa e interessante no seu minimalismo cenográfico, a peça deve ser mais vista a passear por outros lados. Porque, repito, é excelente e surpreendente! É inspiradora.

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