segunda-feira, 31 de março de 2014

A luz ao fundo do túnel

Desenho em iPad

sexta-feira, 21 de março de 2014

Vão durar muito?



Depois de ter ido, chega e diz: estou a caminho da sabedoria. Óptimo caminho da sabedoria este, depois de ter deixado famílias à míngua e ter partido para outra casa a garantir que os dias do mês são muito mais pequenos do que o salário internacional que recebe. E não satisfeito cita um americano para dizer que tudo vai continuar como dantes porque "é mais fácil fazer do que desfazer" (cito de cor). Claro que é assim senhor ex-ministro, mas por razões contrárias às boas intensões que o senhor pretende que transporta. É, aliás, por saber isso, porque a corporação dos interesses não deixa mudar o que decidiram impor a favor dos interesses do comando financeiro mundial, é que o actual Governo decide às escondidas. E nós cada vez piores... Embora outra luminária venha dizer que piores sim, mas que Portugal está melhor...
Mesmo quando o pretencioso do senhor PM - do qual não se conhece qualquer produção intelectual relevante - entende tratar os autores do Manifesto como "aquela gente" a que se juntou mais uma data de gente intelectual e culturalmente capazes a dizer que o caminho que seguem estes bandos neo-liberais não tem saída, que é errada a solução, digo eu, dos defensores dos interesses instalados da venda a retalho e da diminuição - para óbvia submissão - da qualidade de vida a que se junta o brutal desaparecimento do rendimento descricionário da classe média atirada para o canto das coisas sem utilidade.
E pior ainda, é que os temos de aturar com aquele insuportável ar grave de bem falantes convencidos.
E vamos ter que os aturar durante muito mais tempo?

quinta-feira, 13 de março de 2014

D. José Policarpo (1936/2014)

Conheci D. José Policarpo em Roma em salas e corredores de espaços do Vaticano quando lá fui para a mudança de posição do túmulo de João XXI, o nosso Pedro Hispano, na Catedral de Viterbo em Março de 2000. Numa das conversas de corredor e a propósito do livro comemorativo pelo qual eu tinha sido responsável, disse-me: olhe que eu não sou dom, você cometeu um erro. Ainda não sou o Patriarca de Lisboa. Que não é erro, disse-lhe eu, não é, mas vai ser dentro de dias e é como se já fosse. Sim, mas não devia pôr dom... Com a continuação da conversa fiquei logo com a ideia que estava perdoado.
Participamos em boas, grandes e interessantes conversas que prolongavam - com as devidas interrupções pela sua necessidade de fumar um cigarro - as refeições, sempre rodeados por batinas debroadas com diferentes cores de filetes de altos dignatários eclesiásticos.
Encontramo-nos uma e outra vez em cerimónias públicas. A última vez na Sé, ele para uma cerimónia e eu para uma nova visita.
Sempre o vi como pessoa culta, tolerante e atento ao mundo. Boa pessoa. Foi bom tê-lo conhecido. 

quarta-feira, 12 de março de 2014

Incêndio em Lisboa

Foto de iPhone

Por cima de minha casa passava uma nuvem de faúlhas vindas de um incêndio num prédio em obras da Rodrigo da Fonseca.
Autotanques, escadas, mangueiras de quilómetros a ir buscar água onde melhor desse, bombeiros para cima e para baixo, carros da polícia de luzes a girar para parar o trânsito já reduzido na hora tardia, gente a sair para a rua, um hotel a esvaziar. Receios nos prédios e ruas vizinhas. 
Um alívio quanto tudo acabou.

terça-feira, 11 de março de 2014

Desporto português e a síndrome da Alice

O Desporto português precisa de uma profunda reformulação. Porque tem poucos atletas e resultados fracos. E não porque sejamos poucos - na Europa somos um país de média população, estando na 13a posição entre os 47 países europeus - mas sim porque o nosso sistema desportivo está desfasado do tempo e do espaço daqueles com quem nos comparamos. Começando logo pelo nosso muito reduzido número de atletas federados...

O sistemas desportivo português, pode dizer-se, sofre da Síndrome da Alice: tem dificuldades em saber onde está e não parece saber para onde quer ir. Porquê? Porque vive de misturas e confusão de conceitos. No fundo, o sistema desportivo português traduz a iliteracia desportiva em que fomos educados apimentada pela memória do orgulhosamente sós de antanho que nos retira lucidez de análise sobre o que nos envolve e nos atira para a elaboração teórica numa procura de conhecimento desfasado e que não cuida do saber das práticas.

O sistema desportivo português não tem qualquer estratégia definida que permita às suas diferentes organizações saberem o caminho a percorrer e os objectivos a atingir. Vivendo ao sabor de ventos e marés, o Desporto português vê- se confrontado, sem um rei ou um roque que o proteja, com medidas ora desajustadas - algumas delas violadoras dos direitos e da dignidade humanas - ora desfocadas para as capacidades que temos e para a realidade que somos. Que fazer?

Por onde começar?! Por atacar as confusões - algumas semânticas, outras comportamentais - que, aumentando o ruído, minam o Desporto. O Desporto é para todos? Não! É para quem pode e dentro destes será para quem quer. O Desporto dá saúde? Não, o Desporto é para quem tem saúde - por isso, para a sua prática, se exigem exames médicos. O que é isso então de Desporto? É superação, é a procura do melhor resultado comparado no nível internacional, é a procura de limites enquadrada na ética desportiva e nas regras e regulamentos das diversas e diferentes modalidades. Desporto é o caminho do Olímpo.

Correr numa pista à procura do melhor tempo na luta comparada com outros atletas é diferente de correr no paredão com vista para o mar e com o propósito de manter uma boa condição e um saudável modo de vida. Actividade Física é o caminho do bem-estar.

E aqui, em Portugal, temos a designação legal de Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto. Quer dizer: legalmente, estabelecem-se dois domínios diferentes. Diferença a que ninguém parece ligar seja o que for. Distinção que não se faz e não parece pretender-se, deixando entender o Desporto como o espaço do tudo o que mexe, qualquer coisa a que todos - como é possível?! - temos direito. Porquê? Porque é mais fácil - junta-se um punhado e faz-se uma actividade que se propagandeia aos sete ventos, tudo de braços no ar, como de enormes melhorias desportivas, reduzindo o mundo competitivo ao espaço do vizinho; junta-se uma malta, faz-se uns treinos e, como os resultados não contam, somos todos altamente competentes; porque é economicamente mais rentável para os interesses envolventes.

Neste faz-de-conta, esquecemo-nos que Desporto é uma coisa e que Actividade Física é outra e que, para a melhoria do Desporto português, urge esta decisiva separação de conteúdos e formas. Que já existe na denominação da Lei...

A qualidade do Desporto mede-se pelos resultados comparados obtidos, a qualidade da Actividade Física pela quantidade de acções realizadas e pela quantidade de utências que integra. No primeiro campo vivem os atletas, no segundo os praticantes. Em dois mundos paralelos que apenas se assemelham nas aparências.

E esta divisão - Desporto/ Actividade Física - proporcionará o desenvolvimento ganhador das duas áreas, num win-win de melhoria de resultados desportivos e de um maior interesse pela prática da actividade física - com a consequente melhoria das condições de vida e saúde da generalidade da população. Possibilitando então que as Federações Desportivas se dediquem, sem desperdiçarem o seu tempo e energias em actividades marginais, à sua mais importante missão: criar as condições necessárias que permitam que os seus atletas possam competir em condições de igualdade com atletas de outros países. Para o que também se deve possibilitar que as Federações desportivas de índole "amadora" possam, à semelhança das "profissionais", separar internamente o Desporto de Rendimento - de onde vêm os atletas para as selecções nacionais - do Desporto federado de características mais lúdicas. Ou seja: que o Desporto de Rendimento não tenha que carregar a pesada mochila dos interesses do Desporto à porta de casa - porque são e devem ser, dois mundos distintos.

Outra alteração decisiva para o desenvolvimento e melhoria do Desporto português trata da mudança, na forma e no conteúdo, daquilo que designamos por Desporto Escolar, integrando-o no percurso de formação dos atletas, aproximando-o dos clubes e do apoio das Câmaras Municipais ao estabelecer um triângulo - Escola, Clube, Câmara Municipal - que tratará do Desporto em Idade Escolar, evitando assim as especializações precoces federadas com desistências também precoces que o actual modelo desportivo incentiva. Ao contrário, este Desporto em Idade Escolar possibilitará uma formação desportiva multidisciplinar que permitirá a eclosão e detecção de talentos e diminuirá, pelo aumento de oportunidades, o número de excluídos ou auto-excluídos. E, simultaneamente e com programas capazes, criará a desejada habituação à prática da Actividade Física que se pretende válida para o resto da vida.

Resumindo: os passos a incrementar para o desenvolvimento desportivo português exigem, de imediato, a separação, definindo dois campos distintos, do Desporto - onde caberão as Federações Desportivas de Utilidade Pública - da Actividade Física onde caberão toda a sorte de associações que pautam o seu interesse pelos aspectos lúdicos e de lazer do melhoramento da condição física como contributo para a melhoria da saúde física e psíquica do corpo humano; um outro entendimento do Desporto Escolar, integrando-o na área de formação do sistema desportivo e alargando os seus horizontes para um Desporto em Idade Escolar; e, finalmente, colocar no centro das preocupações do Desporto, não os variados interesses que o dominam, mas o Atleta, a sua formação e preparação, a sua carreira e o seu pós-carreira e procurando nas Universidades o apoio científico necessário ao desenvolvimento do seu rendimento competitivo.

(publicado no 29º aniversário do jornal desportivo O Jogo)

domingo, 2 de março de 2014

Mário Coluna (1935-2014)



Mário Esteves Coluna. Mário Coluna. Senhor Coluna.
Vi-o, felizmente, jogar vezes sem conta: pelo Benfica e pela Selecção. E gostava daquela autoridade suave, da forma como comandava jogadores e, principalmente, da forma como comandava a equipa. Um capitão extraordinário. Respeitadíssimo. Dentro e fora do campo, por companheiros e adversários.
Da bancada sentia-se o seu comando, a sua autoridade no comando do movimento, nas alterações de ritmo, na escolha do tempo que construia a vitória. Enorme capitão Coluna.
Com o que o via fazer, com o que lhe ouvia dizer, fui aprendendo e aprendi muito com ele para poder ser capitão de equipa - fui-o no futebol do Colégio Militar, no rugby do CDUL durante dez anos, no ténis do Clube das Olaias e, ainda, indigitado capitão da Selecção Nacional para a digressão a Inglaterra a que não pude ir por me ter lesionado. E procurei sê-lo de acordo com o que lhe observei e que com ele aprendi. Comandar sem abusar, impor regras competitivas sem desrespeitar companheiros, encontrar os melhores caminhos para a vitória.
Tive uma vez oportunidade de lhe dizer: Você é um Grande Capitão! Aprendi muito consigo. Sorriu-me.
Mário Coluna é uma figura superior do Desporto português e fIco muito satisfeito com a forma como o SL Benfica lhe soube prestar homenagem, agradecendo-lhe o enorme contributo para o engradecimento da imagem do clube e mantendo-o vivo na memória dos benfiquistas.
Que a memória nos relembre o exemplo. Desportivo e de cidadania. 
Mário Coluna, o Monstro Sagrado.

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