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quarta-feira, 17 de agosto de 2022

HIJOSDEPUTA

Denunciar os gerontocidas

Podia lembrar a estes gerontocidas — assassinos ou proponentes de morte aos velhos — e a quem os apoie que, dada a sua circunstância e para mostrar a sua clara adesão aos princípios que apregoam, poderiam mostrar-nos o exemplo do seu suicídio. Mas não quero ir por aí...
... lembro apenas que quando festejei os 75 anos que cumpri no passado dia 25 de Abril e no almoço que fiz com o meu filho, minha filha, minhas netas e neto e na conversa sobre idades, velhices e etc. que tivemos, falei-lhes do meu propósito de viver até aos 100 anos. Que iríamos comemorar o meu século como estávamos a comemorar o meu três-quartos de século, vivos, contentes e bem-dispostos, a que juntaríamos bisnetos. Concordámos todos que iria ser assim.
Por isso senhores gerontocidas preocupados com a riqueza do mundo dos ricos, não se safam: ainda tenho muito futuro pela frente para vos estragar os planos. Vou viver até aos 100 anos e, mesmo que vocês não gostem, a continuar a gozar dos meus direitos de velhice.

Nota: as mães destes energúmenos nada têm a ver com o assunto e são ou foram, com certeza, senhoras sérias. O problema é mesmo deles próprios!
 


sexta-feira, 21 de agosto de 2020

COMPORTO-ME COMO UM INGÉNUO

Não sei quem é o autor@ mas é excelente! Agradeço a possibilidade de a utilizar
A pandemia é de facto um problema. E quanto maior a idade, pior...
...mas não é uma questão apenas da infecção pelo vírus — porque aí os cuidados estão definidos e as precauções são tomadas — mas sim por tudo aquilo que se tem que ouvir saído da boca dos que se pensam importantes.
Primeiro foi aquela estória de que a obrigatoriedade do uso das máscaras representava uma violação dos direitos de liberdade de cada um. Até a Constituição veio à baila... Ou, de forma mais romântico mas igualmente imbecil, considerar que a recusa da sua utilização é um acto de saudável rebeldia... Ou aquele linguajar de determinado mas de gargalhada na geral: Exijo ser eu a estabelecer os riscos que quero correr!
Claro, todo o direito a não usar máscara como a não usar cinto de segurança, capacete para mota ou bicicleta — pelo que (em teoria) são multados — ou recomendações como joelheiras para crianças que andam de patins, etc. etc. São uns idiotas chapados com a mania que são inteligentes — mas somos todos nós, a sociedade em geral, que lhes paga, no pós-acidente, os "concertos" no Serviço Nacional de Saúde. E aqui já não existe qualquer preocupação com a responsabilidade que implica a Liberdade. E do alto da sua ignorância nem tão pouco sabem do aviso de mais de 4 séculos de Luís de Camões:“Cesse tudo o que a Musa antiga canta/ Que outro valor mais alto se alevanta”.
Também temos que aturar os despropositados anti-vacinas que contam as maiores vigarices com linguagem indecifrável para parecer científico.
Também nunca percebi (parece que já se aperceberam do erro...) porque insistiam no facto de o uso das máscaras "servir para proteger os outros". E, portanto, não a nós que as usamos. Que raio de ideia comunicativa: com ela os inatingíveis dos jovens— com a idade entre 20 e 29 anos foram infectados até hoje 8515, enquanto que, entre os 70 e 79 anos e com menos 100 mil habitantes, apenas foram infectados 3787 ... — pensam com toda a sua pretensão: eu não tenho sintomas, não vou pegar a ninguém, não preciso de usar máscara. Claro... e com a água benta que a presunção lhes dá, nem percebem que são eles, os jovens, uns dos maiores transmissores de infecção. Usar máscara, essa chatice, para quê? E assim nós, os de maior risco e que temos de nos proteger, cruzamos a cada momento e num risco incontrolável, com caras destapadas que as nossas máscaras não protegem...
Mas também surgem responsáveis com obrigações públicas que utilizam, dando-se ares de altos conhecedores, fraseados para confundir. Não há evidências de que os transportes públicos ampliem a propagação, dizem do alto da sua importância. Evidências há, porque para quem os frequenta é evidente que todo aquele acumulado de gentes, alguns sem máscaras outros tirando-as para tossir ou espirrar, representam um enorme risco de eventual contágio. O que pode é não haver, usando a expressão que sempre utilizei ou ouvi dizer desde sempre, prova de que assim é. Mas é tal a evidência que devem ser realizadas, de imediato, acções que minorem os riscos ou que nos confortem a desconfiança. Procurando as provas que imponham comportamentos.
Outro alto funcionário da saúde pública colocou a alta densidade urbana como enorme causadora da propagação da pandemia a que acrescentou que se as condições sócio-económicas fossem baixas ou más, então seria muito pior.  Ignorância absoluta com a marca da visão aldeã salazarista que a pretendia como a verdadeira qualidade de vida. É verdade que as más condições sócio-económicas das populações, a vida de muitos em pequenos espaços, as dificuldades higiénicas, a vida abaixo dos níveis civilizacionais aceitáveis são situações que propagam infecções, pandemias ou seja o que fôr que se possa infectar. Mas a Alta Densidade nada tem a ver com isso — a alta densidade não se define por espaços sem qualidade urbana e higiénica! E a Alta Densidade possibilita que a nossa vida seja de melhor qualidade, com maiores acessos a bens e serviços e com uma melhor distribuição dos elementos que constituem a vida urbana. A própria Nações Unidas publicou há tempos um livro com o título "Alta Densidade, a sustentabilidade das cidades" e não faltam artigos que o demonstrem.
Mas nestes tempo parece valer todo o tipo de demagogias, farolices ou aldrabices — que não deixámos de ouvir porque ouvimos muita televisão — ditas por bem-falantes, engravatados de camisa aberta a fazerem-se modernaços ou tipos que não querem deixar de fugir a oportunidade dos minutos de fama que ouviram ter Wharol ensinado.
Sou de uma ingenuidade absoluta a julgar que o bem-comum é o objectivo de cada um...
... quando ouvi dizer que a Taça dos Campeões Europeus se iria disputar em Lisboa — sem público, não percebi a vantagem e menos ainda a importância da cerimónia celebrativa — pensei que iríamos ter a vantagem de poder ver todos os jogos num canal de sinal aberto. Assim, percebia o sentido da prenda, não só para médicos como anunciado, mas também para a população em geral uma vez que ambos, até então se tinham portado à altura (os médicos da 1ª linha ainda continuam).
Afinal, os jogos tanto podiam ser cá como na Conchichina. Porque só os podemos ver através de canal que exige pagamento de assinatura para o seu acesso. Ou seja, da mesma maneira que se vê a outra taça europeia que está a ser disputada na Alemanha... e eu a julgar que...
... então para que trouxeram a fase final da Taça dos Campeões Europeus para cá? Para Portugal, para Lisboa? Por pura demagogia ou para servirem os interesses de alguém?
Pago, bufo pouco e vejo...
... comporto-me como um ingénuo.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

NO MONTIJO É UM REGALO


terça-feira, 24 de janeiro de 2017

ALTERNATIVE FACTS



2009 Obama Inauguration - foto do New York Times (nytimes.com)
2017 Trump Inauguration - foto do New York Times (nytimes.com)
O homem não se veda...


terça-feira, 2 de agosto de 2016

O IMI, A ESTUPIDEZ E A ARQUITECTURA


Não sei se ouvi bem... eles disseram que iam aumentar o IMI de acordo com o maior grau de exposição solar ou da existência de vistas de um edifício?!!!!!
Se isto não for mentira é de uma estupidez gratuita, prepotente e abusiva. E é tão estúpida que viola Princípios Básicos da Arquitectura e do Exercício da Profissão e põe em causa qualquer possibilidade de desenvolvimento de uma Política Pública de Arquitectura.
A evidência do estrago é tal que não vale a pena perder tempo a explicar a gravidade. Não iam entender e não merecem a preocupação. Anotem os NÃOS!
(Uma explicaçãozinha ligeira: compete ao arquitecto nos projectos que realiza procurar a maior exposição solar e melhor usufruto de vistas possíveis como forma de garantir o melhor conforto e a maior qualidade do fogo que propõe. Ou seja: cada risco de arquitecto, cada aumento de IMI...).
Pelo andar da carruagem terminaremos a pagar impostzo pela largura da rua, pela distância à praça mais próxima, pela árvore no passeio, pelo fim de escorregadelas na calçada, pelo ninho que a andorinha deixou no beirado, pelo número de janelas das traseiras que permitem a circulação interna do ar, por qualquer melhoria higieno-sanitária do fogo, pela sombra sobre a janela. Pelo facto de ser uma habitação, pelo facto de ser mais do que um abrigo. Pagaremos imposto pelo desenho da Cidade!
Tão estúpido!
Pior. É um fartar vilanagem espertalhote que ultrapassa a estupidez - prejudicar terceiros, prejudicando-se a si próprio - para atingir o patamar do banditismo: prejudicar terceiros para favorecimento próprio.
É ultrajante! É mesquinho! É inculto! Sem a mínima noção das consequências.
Um tiro na Arquitectura.
Importam-se de ter juízo?

(Nota de interesse: não sou proprietário, sou arquitecto.)

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Pagar a factura

Li em qualquer lado que a senhora alemã garantiu “um final feliz para Portugal.”. O que é que isto quer dizer na realidade do nosso dia-a-dia? Morte sem sofrimento?! Assim como acordar morto?! Garantir-nos um final feliz é tão infeliz com a tirada do nosso primeiro que, num saundebaite canhestro, clamava que “não podemos culpar o remédio pelo estado do doente”. Não pode quê?! Até o médico é responsável pelo estado do doente – bom, mau ou assim-assim - quanto mais os remédios. Não é para isso que servem remédios, médicos, enfermeiros, diagnósticos, hospitais, centros de saúde? Para a responsabilidade da interacção com o doente?

Li também em qualquer lado que os colaboradores do senhor Romney, tão garantidos da vitória, começaram nos últimos dias da campanha, pesem as evidências então já existentes, a tratar o homem por Mister President…como é que o tratam agora?

É este o problema com que nos confrontamos num custo desmesurado: fazer da realidade um wishfull thinking da realidade.

O nobel Paul Krugman definiu, em certeira imagem de relação da geografia com a ideologia económica, os economistas em dois grupos: os de água doce e os de água salgada. Em duas escolas portanto: uma cheia de teoria, equações e folhas exel e outra mais atenta ao mundo envolvente – uns com expressões matemáticas de alto nível a elaborar sobre pontos de partida sem nexo (como se pode retirar da lição a-propósito de Silva Lopes que encontrei numa madrugada num canal televisivo de cabo de que desconhecia a existência); outros atentos e preocupados com a realidade e com a certeza que as certezas da economia são puras incertezas – a mais pequena alteração das condições iniciais pode provocar efeitos imprevisíveis (por isso se fala do bater de asas da borboleta e no caos que pode provocar: é a ciência e a experiência a ouvirem o bater do mundo). Uns, cegos na confiança da certeza; outros, desconfiados da certeza.

De um lado, o olhar descuidadamente pousado na superfície da água doce que nos parece sempre previsível; do outro, o olhar atento e desperto sobre a imprevisibilidade surpreendente que conhecemos da água salgada.

De um lado a desatenção da envolvente e a envolvência na estética dos modelos matemáticos; do outro a atenção à surpresa e a preocupação da adaptação imediata.

Definitivamente a água doce nunca transportou o aviso de sabedoria de Le Carré: “uma secretária é um sítio muito perigoso para analisar o mundo.”. E por isso, nós pagámos a factura.

sábado, 10 de novembro de 2012

A caridadezinha

"Os portugueses vivem muito acima das suas possibilidades. Vamos ter que empobrecer muito, vamos ter de viver mais pobres", Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar Contra a Fome in Público.
A senhora Jonet dirige uma organização de solidariedade social que vive da oferta de quem terá dinheiro excedentário nos bolsos - portanto dependente da capacidade financeira de cada um de nós. Mas como gosta de agradar resolveu desbocar os disparates de quem não sabe para mais - é a habitual solução de ignorante com ares de ciência: alinhar por baixo.

E não consigo compreender como pensa a senhora Jonet recolher alimentos de uma população cada vez mais pobre: será que conta com os cada vez mais ricos?

São os problemas da visão da caridadezinha treinada para adormecer de boa consciência...

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Refundação



desenho em iPad in Adobe Ideas


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Mudar é preciso

Não se muda de timoneiro a meio da tempestade.
António Borges

Não se muda de quê? A meio de quê? De uma tempestade?! Que lei é esta?!
Muda-se seja do que for quando a sobrevivência o mostrar necessário - é o que manda a inteligência e a capacidade de decisão. Não se muda e mantém-se o mesmo caminho mesmo que ele vá parar no abismo por estupidez, pânico, teimosia ou autismo.
Não se muda de timoneiro a meio da tempestade?!...nem os burros acreditam nisso.

domingo, 2 de setembro de 2012

O disparate paga dividendos?

Disse assim o sr. Platini, presidente da futebolística FIFA:
"Sempre me opus à utilização de tecnologias, não é aos 57 anos que vou mudar de opinião."

Portanto o sr. presidente parece ignorar que o futebol é o que é graças ás tecnologias: desde a televisão ao mundo dos computadores, passando pela bilhética.
A dúvida que gostaria de tirar: como se chega ao poder de presidente pensando assim?
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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Golfistas a menos

Perguntado, num programa televisivo da modalidade, sobre se 80 campos de golfe não seriam demais para um país como Portugal, um responsável de campos algarvios – onde existem metade do total – respondeu: Acho que não. Acho é que há golfistas a menos. Bravo!...

… É como se alguém, perguntado sobre se a percentagem de desempregados não seria demasiado elevada, respondesse: Não… o que acho é que há empregados a menos!

… A malta é porreira…

domingo, 6 de maio de 2012

Ventos do Interesse

O irritante - no sentido indignante - da corrente explosiva que mistura - para se dar ares de pés no tempo - conservadorismo com neoliberalismo é a prepotência com que nos retiram da história e do percurso que reconhecemos das coisas. Como nos entendem por ignorantes apresentam-se, emproados, como descobridores do caminho que a nossa estupidez e ganância colectivas se mostraram incapazes, tão pouco, de vislumbrar. Salvadores da pátria, de nós e do mundo não hesitam em impôr os seus interesses como a regra civilizacional mais salvatícia.

Ouvi em directo a maratona presidencial francesa e pude assistir ao manual mais actualizado dos truques do neoliberalismo que nos é imposto. Cuja primeira regra se cumpre na pomposidade da chamada à colação de conceitos que ninguém rejeita. Conceito com o seu quê de universalidade e que, sem definição do contexto de aplicação, não passa de treta demagógica. Mas que serve, qual receita-milagre, para fazer passar a ideia que assim são obrigatoriamente as coisas, que assim deverão ser e que qualquer outra formulação é estúpida, disparatada e, obviamente, atentória do bem-estar colectivo.

Bem enquadrado nos interesses dos mais poderosos o sr. Sarkozy, em close-up de olhar cúmplice, proclama a universalidade: "temos que aligeirar os custos do trabalho!" Claro! mas alguém tem dúvidas sobre essa necessidade? E para esse aligeirar maioritária e preocupadamente aceite, que propõe o sr. Sarkozy? Mais inovação, maior criatividade nas relações da cadeia de valor, melhores circuitos de distribuição, menos margens e menores desperdícios nas etapas de produção, melhor estrutura da composição de custos, etc.etc.? Não! O sr. Sarkozy com a pesporrência de um iluminado que maravilha a nossa vida, informa a solução: "sempre que houver acordo entre empresário e seus trabalhadores, esse acordo sobrepor-se-á à lei geral existente."

Pronto! na maestria do golpe o sr. Sarkozy torpedeia o Estado de Direito, ignora a história civilizacional da construção das relações dos direitos de trabalho, marimba-se para o desequilíbrio das imposições e dá mãos largas a uma brutal autorização do abuso da condição de necessidade. Um fartote ... no melhor interesse das normalidades neoliberais.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Mais férias, mais buracos

A senhora suiça a dizer para a televisão:
Não quero aumentar as semanas de férias porque se aumentámos as férias vão diminuir os empregos e nós não queremos isso.
Abençoada... está preocupada com o desemprego. Mais férias, mais buracos e uma adivinha: :mais ou menos queijo?

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Disse equidade?

Um mal nunca vem só - sendo Portugal o país mais desigual da Europa é também* o país europeu, entre os mais afectados pela crise, onde as políticas aplicadas de 2009 a 2011 mais prejuízos criaram aos mais pobres. Na ordem da perda de 9% do seu rendimento disponível contra os meros 3% de perda dos mais ricos. Somos formidáveis...a equidade é uma treta e os pobres que paguem a crise.
*The distributional efects of austerity measures: a comparasion of six EU countries, Comisão Europeia

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Vista de pernas para o ar

A coisa não anda boa. E todos os dias aparece mais a alguém a contribuir para o somatório da confusão e do disparate. O senso foi dar uma volta e os quinze minutos warholianos parecem ser a mais importante preocupação dos enfatuados ditadores de interesses.

Na suas Leis Fundamentais da Estupidez Humana, Carlo Cipolla avisa, na construção da Primeira Lei Fundamental, que: “Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos em circulação.”. Está visto: tenho a sensação que o país se tornou num laboratório experimental de demonstração da tese.

Há dias, e cito da primeira página do Jornal de Negócios, o sr. Monteiro de Barros veio dizer que “o poder económico está de cócoras perante o poder político”. Pois claro! No entanto, a vida diz-nos o contrário. Como mostra a crise, os sub-prime ou Portugal subordinado aos ditames do poderio económico-financeiro, a imposição das gloriosas agências de rating ou a Islândia e as dificuldades que irá ter por não aceitar um abuso do poderoso império bancário – que por acaso começaram, apoiaram e ganharam que se fartaram, económica e financeiramente – embora com as perdas inerentes mas compensadoras (menos, também aqui, é mais).

Curiosamente as cócoras em Portugal produziram um país onde as desigualdades de rendimento atingem a vergonha – veja-se a posição portuguesa no gráfico que André Barata trouxe, a propósito da relação confiança/rendimentos, para o blogue da SEDES.

As notícias são ao contrário. Com vantagens óbvias para os interesses – nas margens, no crédito e, até, na opulência de um novo regime de castas económicas. Quem pode, pode, quem não pode, vê passar…

Num artigo recente de uma revista internacional alguém se indignava, perguntando: até posso admitir que alguém possa ganhar vinte vezes mais do que outros, mas duzentas ou trezentas vezes? E de quantos trezentos temos sabido na base dessa ideia absurda que se não for assim se irão embora – pois que vão!, dizia outro no mail recebido – ficamos com menos gestores geniais… faremos o mesmo e gastaremos menos.

Numa sociedade democrática de direito manda a política, não o interesse ou o privilégio. Em recente artigo publicado no New York Times, Robert Fishman, co-editor do “The Year of the Euro: The Cultural, Social and Political Import of Europe’s Common Currrency”, depois de tecer diversas considerações sobre o que considera um ataque indiscriminado, abusivo e arbitrário das forças de um mercado sem regulação por razões que irão da pura miopia aos preconceitos ideológicos, avisa: “Only elected governments and their leaders can ensure that this crisis does not end up undermining democratic processes. So far they seem to have left everithing up to the vagaries of bond markets and rating agencies.”

E é claro, a cabeça de pernas para o ar garante vantagens – aos economicamente poderosos, naturalmente. E desvantagens ao viver democrático.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Uma pérola

Mais ou menos inocentes, mais ou menos bem-pensantes, eles andam aí!
"A democracia é um obstáculo à felicidade colectiva e persistir nessa teimosia obsoleta conduz-nos ao abismo." João Pinto e Castro in Jornal de Negócios
Vale, em contraposição de peso, lembrar Winston Churchill:
"A democracia é a pior forma de governo salvo todas as outras formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos." Câmara dos Comuns, 11 de Novewmbro de 1947
... nomeadamente uma qualquer iluminada ditadura.

                                                                        "Democracy is the worst form of government except from all those other forms that have been tried from time to time"

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Não vem que não tem

O mais irritante, cansativo mesmo, desta altura da crise é ter que ouvir uma série de barrigas-cheias a dar moral, plantados na pantalha em perorações cheias de si mesmo.

Que se deveria ter feito assim, que se deveria ter feito assado, sempre com a receita na ponta da sua importância e de repente – que a memória tem destas coisas – lembrámo-nos que foram ministros, responsáveis disto e daquilo, que tiveram as oportunidades necessárias e que fizeram uma qualquer outra coisa distinta daquilo que deveriam fazer – ou que dizem agora dever fazer-se.

Os brasileiros têm uma expressão notável para expressar o meu estado de espírito: não vem que não tem! Tudo dito com a inferência necessária: não tenho saco onde caiba o teu paleio!

NÃO VEM QUE NÃO TEM!

Um ex-ministro, o sr. Mira Amaral, escreveu, dias atrás, que seria a classe média a pagar a crise porque, eis a razão, “como se sabe, em Portugal, os ricos não pagam impostos”. Olímpico! E a culpa, menino, a culpazinha, a responsabilidade, é de quem? De quem por lá andou ou de quem nunca lá chegou? Pouco importa desde que não se percam os quinze minutos seguintes da fama wharoliana.

Outros, do alto da sua esplêndida presunção de senhores professores (não fixei o nome no Prós&Contras), vêem demonstrar-nos que a falta da capacidade de poupança das famílias se deve à sua liberdade de escolha – à sua quê?! Distinto e claro: à liberdade de não saber ler a linguagem ininteligível dos contratos, de não conseguirem resistir às promessas vantajosas do papel feito produção de coisa nenhuma, de acreditar na explicação cor-de-rosa dos que, marcando pontos, garantem o negócio financeiro dos bancos – dos sub-primes, das hipotecas de que se desconhece paradeiro, das promessas incumpríveis de juros impossíveis. Dessa imensa liberdade de explorar o próximo sem qualquer ética ou remorso – é a sobrevivência do mais forte, debitam na consciência para confortável alívio e doce remanso (a propósito e para que conste: Darwin, não pôs assim a questão).

NÃO VEM QUE NÃO TEM!

Como é possível ainda, aceitar uma Justiça que se mede por um dirigente sindical dos juízes que para se queixar do corte salarial – menor que o meu que nunca tive qualquer subsídio de renda – lança atoardas, numa sede conspirativa de serviço a frio, sobre putativa vingança por causa dos boys. Não há senso? Ainda por cima, como mostrou Miguel Sousa Tavares, enganando-se nas contas… e sem que os tribunais andem mais depressa e cumpram a missão que o direito da democracia exige.

NÃO VEM QUE NÃO TEM!

E que tal se esse enorme conjunto da sabichões, ordenadores de equações, pensadores da coisa feita, orientadores e servidores piedosos, fossem capazes – sendo verdade que a palavra crise pode ser associada à ideia de oportunidade – de criar oportunidades que nos tirassem da cepa torta. Com tantas ideias e tantas certezas, a coisa, pela certeza das mesmas coisas, vingaria.

NÃO VEM QUE NÃO TEM!

domingo, 13 de junho de 2010

De Mao a Piao

Parece um fado. Antigo e sem mudança de letra. Repetitivo.

A solução que os enormes pensantes propõem para a saída da crise do país – dando provavelmente milhões e ficando barata aos neurónios – é fácil: cortar nos salários!

Bravo! Assim, com salários mais baixos a nossa competitividade aumentará, afirmam. Claro! É a cultura de Loja dos Trezentos no seu melhor expoente.

Sorte a nossa, poderemos ser como a China – “dona” da dívida externa dos Estados Unidos e de vida interna cheia de graça e qualidade. Ámen para eles. E para os notáveis pensantes, também - gosto desta malta cheia de soluções e que, pelo que fizeram e não fizeram, têm enormes responsabilidades no estado actual de Portugal. E lembro-me de Andy Wharol e dos seus quinze minutos de fama... é hora de aproveitar.

A música é a mesma e a letra também. Disco riscado? Vira o disco e toca o mesmo? Alguém me lembrou o célebre conceito: a economia é um assunto demasiado séria para ser deixado aos economistas – principalmente dos acertadores da taluda já vencida, acrescento.

Não haverá caminho diferente, mais acertado e mais eficaz, do que de Mao a Piao?

terça-feira, 27 de abril de 2010

O corpo e o terramoto


“As mulheres que não se vestem com modéstia desviam os rapazes do bom caminho, quebram a sua castidade e espalham o adultério na sociedade, o que faz aumentar os terramotos.”

Kojatolesman Kazem Sedighi, clérigo muçulmano iraniano, culpando as
mulheres pelo grande número de tremores de terra à volta do globo.

sábado, 27 de março de 2010

Estúpida falta de memória

[...] "o Sp. de Braga foi alvo de uma campanha vergonhosa levada a cabo pela CD da Liga (...) ao melhor estilo inquisitório, que faria a PIDE parecer meninos de coro"*. A estupidez da comparação é óbvia e insultuosa. E representa enorme falta de respeito para com todos aqueles que sofreram as torturas pidescas, viram a sua vida e das suas famílias arruinadas ou perderam a vida por mera discordância de opinião.
A comparação, ignorando a memória, não é mais do que uma revisão da história portuguesa. A existência da PIDE em Portugal não é uma ficção ou invenção. E não foi um mero organismo que se limitava a interpretar regulamentos: foi uma polícia política de cariz secreto que usou e abusou dos seus poderes contra cidadãos portugueses.

Tenham juízo!
*Comunicado da SAD do Sporting de Braga acerca da decisão do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol

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