Até que um dia, guiado pelo Miguel Figueira*, olhou para o canal de outra maneira e percebeu: e se transformar isto numa oportunidade?
Num repente, tudo mudou. Entendido como oportunidade, o canal transformou o pensamento. O bocado de água passou a mais valia, procuraram-se vontades, procuraram-se mais investimentos. De um bocado de água destinada a pouca coisa que não a vista, surge um conceito: agarrar a oportunidade, modernizar a vila, transformar a vida. Nascia um Centro de Alto Rendimento Desportivo apoiado em parcerias da Secretaria de Estado da Juventude e Desporto, do Instituto do Desporto de Portugal, I.P., das Federações de Remo, da Canoagem, do Triatlo e da Natação.
Hoje, quase acabados os canais necessárias a uma pista desportiva de remo - prepara-se a recepção a um Campeonato Europeu de Remo em Setembro próximo - e onde também marcará vez a Canoagem com Europeus em 2011 e 2013. O Triatlo já tem residentes - jovens atletas - numa casa do meio da vila. A Canoagem, noutra casa, também. A Natação de Águas Abertas - a pensar em novos apuramentos olímpicos - fará companhia nos treinos dos triatlistas. E estrangeiros estão já de olho em cima - para treinar em inverno ameno.
A vila muda a fisionomia: escadas rolantes de exterior permitem o acesso fácil entre a baixa e a alta junto ao castelo. A população residente ganha mobilidade e confronta-se com a novidade, abrindo-se a novas ideias e a novos costumes. O comércio, mais cedo que tarde, vai aproximar-se dos grandes centros.
Uma oportunidade e muito muda, ganha-se nova esperança num tempo de crise. Abrem-se novas perspectivas: o novo espaço criado - água, pistas, espaços naturais - permitirá atrair empresas que aqui encontrarão o melhor dos sítios para os seus team buildings. Os serviços virão atrás. A cidade transforma-se, os montemorenses abrem-se perspectivas.
Montemor-o-Velho é um caso de estudo: como agarrar uma oportunidade para transformar uma cidade. Vale o exemplo.
* Miguel Figueira, arquitecto, GEP.CMMV, autor do projecto de arquitectura