sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

CARLOS DO CARMO DE LISBOA PARA O MUNDO

 Começar um novo ano com a notícia da morte de um amigo não é fácil.


A primeira vez que falei com Carlos do Carmo foi há muitos anos em O Faia - por qualquer razão chegámos à fala e ficámos a saber quem era um e quem era o outro. Anos depois encontravamo-nos com maior regularidade, quase sempre no Procópio, onde, ao sabor de uns copos, trocavamos ideias entre culturas diversas, músicas, artes e políticas. Na política também estivemos numas mesmas campanhas... Conhecíamo-nos bem e fomos criando uma amizade das que perduram pelo tempo e que se mantêm independentemente das vezes em que a vida nos deixa encontrar.

Carlos do Carmo não era apenas a Voz - e que voz ele tinha - mas era muito mais do que isso Culturalmente retirou o Fado do espartilho em que o Estado Novo o tinha colocado e, apoiando novos fadistas e cantando novos poetas, entregou-o a quem ele pertence, a nós portugueses e bateu-se para fazer dele Património Imaterial da Humanidade; como cidadão mostrou-se sempre do lado da Democracia e do direito da pessoa humana e sempre que sentiu o desrespeito ou perigo pela Democracia, apresentou-se na 1ª linha. E foi sempre Voz!

Com a sua morte e se perdemos uma voz de combate pela Democracia, temos a sorte de guardar nas memórias tecnológicas o cantar dos seus discos ou dos seus concertos. Que se ouvirão sempre com particular agrado, cantando Lisboa como a cidade única que sempre reconheceu.

Até sempre, meu caro!

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