domingo, 15 de maio de 2022

PAULO GIL: VIVEU COM JAZZ, MORREU COM JAZZ

fotos JPBessa
Amigos e companheiros de diversas andanças — direcção do Hot, programas de rádio, textos, concertos ou jam sessions de muitos e bons músicos ouvidos em mútua companhia (até lhe desenhei um símbolo para a sua bateria), longos momentos a gozar a vista da varanda de sua casa ou em férias familiares em conjunto no Algarve 
 
para chegarmos com a família à praia algarvia— uma pequena enseada de descida difícil — éramos obrigados a atravessar propriedades de outros (Valentim de Carvalho?) mas tínhamos a vantagem de, só pela vista da composição do grupo, da dimensão do areal e do trabalho descida/subida, ficar com a praia só para nós. O que permitia, naqueles tempos, que as senhoras se colocassem no à-vontade de mamas ao léu. Um dia, lá do alto da falésia, ouvimos voz grossa da GNR: “Ó senhoras! Não podem estar assim! Têm que pôr os sutiãs!”. Estranhámos a preocupação vinda de tão elevada moral pública, e, o Paulo e eu, pusemos os sutiãs das senhoras e perguntámos lá para cima: “E agora? Está bem assim?”… e nunca mais vimos os GNR durante o resto das férias.

— temos boas memórias e muitos e bons momentos conjuntos. E por maior que fosse o intervalo dos encontros a que a vida nos obrigava, era sempre com a proximidade do ontem que nos reencontrávamos.

Charlie Haden, Carlos Paredes e Fernando Assis no Hot com o Paulo
no canto em que, quando não tocava, gostava de ouver
(foto de JPBessa)
Isto de se ir avançando na idade tem o seu lado terrível: à medida que avançamos, vamos perdendo os amigos de sempre com enorme sofrimento. É a vida, sabias? dizem-nos. Pois é, mas a Natureza podia arranjar as coisas de outra maneira… é idiota ficarmos mais velhos e vermo-nos com menos amigos…
O Paulo ficará sempre e de cada vez que o jazz soar a primeira nota, nas minhas melhores memórias, recordando até, quando o ritmo assim o exigir, o raspar das baquetas no tecto do Hot porque a bateria, nos seus pratos e peles, se mostrava curta para garantir a criatividade. Bons gozos jazzísticos…
Com a Nossa Memória, até sempre, Paulo!



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