sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Prémio Secil Arquitectura 2010: da realidade à poesia

[razões que só as nuvens electrónicas conhecem atiraram este texto para sítios improváveis – é o terceiro e daí a razão do fora de tempo mas o dito merece este tempo.]

Começou assim a entrega dos Prémio Secil de Arquitectura 2010:

“As dificuldades que sentimos têm uma explicação primeira numa situação que só raramente conseguimos superar: os bens e serviços que todos produzimos, para vender aos portugueses e no estrangeiro, têm um valor médio muito baixo em comparação com os países nossos potenciais clientes e fornecedores.


É isso o que realmente significa a afirmação, incessantemente repetida, de que temos uma produtividade muito baixa. Não quer dizer que trabalhemos pouco, mas que o valor da nossa produção não é considerado suficientemente competitivo por parte de milhões dos seus potenciais consumidores.”
Pedro Queiroz Pereira, Presidente da Secil

Solução? exigência de qualidade e de inovação – razão, aliás, principal do prémio como nos disse.

Depois Miguel Figueira – o traço, a inteligência e a cultura do novo Montemor-o-Velho e presidente do Júri do Prémio Secil Universidades Arquitectura - preocupou-se com a nossa necessária aprendizagem de voar na maior dificuldade de o fazermos sem asas, lembrando apenas que “será a necessidade que vos vai ensinar!”



 Chegada a vez do vencedor deste 2010, Eduardo Souto de Moura, chegaram também os poetas.

Escolhido pela pintora Paula Rego para a sua Casa das Histórias de Cascais, Eduardo Souto de Moura lembrou a poesia dos livros de cabeceira ao falar da métrica e do rigor enquanto traço comum da arquitectura e poesia. E citou:
“Só a palavra exacta tem utilidade pública” de Eugénio de Andrade para justificar o rigor de cada traço.

Acrescentando Oscar Wilde sobre o esforço do tempo ponderado e reflectido exigido pelo trabalho: “O que fiz de manhã? Coloquei uma vírgula. À tarde? Retirarei a vírgula”
Tudo dito em duas frases correspondendo ao tudo escrito no desenho das duas chaminés que simbolizam o lugar das estórias.

[porque houve atraso deu para ler, a propósito do tema lançado por Queiroz Pereira, o embaixador da Argentina, Jorge Faurie, que assim disse marcado pela experiência recente: “Não há produtos com valor acrescentado tal que seja imprescindível comprar a Portugal. Fora do Mercado em euros Portugal tornou-se caro, sobretudo quando é possível encontrar mais barato com qualidade semelhante ou até superior.”]

A arquitectura portuguesa do Prémio Secil marcou a noite: definindo qualidade e mostrando inovação. E assim vive no Mundo.
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