quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Público não se mede privado

“Uma secretária é um sítio perigoso para analisar o mundo”
John Le Carré
foto de telemóvel



Nada mais fácil do que afirmar, na pompa e circunstância dos acólitos, o fecho das áreas do sector público que, afirma-se, têm prejuízos crónicos. Parecem sempre bem estes aleluias ao sector privado e dão ar de preocupação pelo povo que, dobrado pela obrigação, alimenta esses prejuízos permanentes. Mas nem sempre aquilo que parece é: as actividades do sector público medem-se por outros conceitos que não o proveito e o custo – medem-se pelo serviço que prestam, pelo valor do serviço que prestam e pela qualidade que lhe transmitem. Cito Henry Mintzberg* cuja obra responde pelo peso das suas ideias e que já, no ”Managing Government, Governing Management” publicado na Harvard Business Review de Maio-Junho de 1996, avisava:
“Muitas actividades estão no sector público precisamente por problemas de medição: se tudo fosse assim tão cristalino e cada benefício tão facilmente atribuível, essas actividades há muito que estariam no sector privado.”
E deixo, ainda de Mintzberg, o desafio:

“O que se deve medir na Administração Pública: a eficiência da missão.”
E isto nada tem a ver com a redução da medição a lucros e prejuízos. Exige outro nível de visão e percepção.
* Setembro 1939, Montreal, professor universitário, diversos artigos e livros publicados.

Arquivo do blogue

Seguidores