sábado, 13 de agosto de 2011

Melros satisfeitos

Pelo ar com que os meus gatos estão a ir à varanda – majestáticos, cauda no ar, olhar a disfarçar intenções – percebi logo que alguma coisa tinha mudado. Os melros do logradouro do meu quarteirão andam satisfeitos da vida, cantam mais e chamam-se mais vezes. Sabedores de que já não podem mais ser caçados – eles e os meus gatos sabem bem, uns e outros, que o ar de caçadores e caçados não passa, entre eles, de um faz-de-conta para manter aparências: ninguém caçará ninguém – uns porque não voam, outros porque têm o cuidado de pousar a boa distância de segurança – os melros, agora passados à categoria de ex-condenados à morte, mostram-nos a sua satisfação.

Como sócio da SPEA lembro e agradeço o excelente trabalho que a Sociedade fez na denúncia da prepotente estupidez de permitir a abertura da caça aos melros (ver o que então escrevi) e – tenho obrigação disso – agradeço também ao actual Secretário de Estado, Daniel Campelo, a inteligência de os (nos) ter ouvido.

Nota: o uso do possessivo é um mero costume de linguagem. Dos gatos, a Ana e eu, somos apenas cuidadores como temos definido nos Bilhete de Identificação de Gato de Estimação de cada um deles; do quarteirão somos algumas dezenas – no mínimo – que desfrutamos da vista e gozamos do canto dos melros também residentes.

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