sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Para pior já basta assim...

Por razões diversas, não tenho tido tempo para escrever ou desenhar aqui para o Finisterra Suave. Mas tenho tido enorme vontade de o fazer para ver se me distraio das insuportáveis e irritantes formas de dizer a encobrir as malévolas formas de fazer. Torna-se insuportável abrir a televisão fora de qualquer série policial: o que se ouve é, na proporção directa do poder e da sua envolvente, insultuoso.

Gostaria de ter escrito sobre diversas coisas, a começar por um espantoso texto de uma senhora professora universitária de Direito que nos vem - numa demonstração de cobertura do bom costume português dos poderosos (o menor múltiplo comum social das Leis existe, mas não são necessariamente para cumprir) - afirmar que, dada a crise, a lei não necessitará de ser cumprida e o interesse deve ser o princípio a ter em conta. Escrevia sobre o Direito Constitucional e foi publicado no Público. O nome da senhora não me ficou (e se calhar devia, para não a esquecer).

Também gostaria de ter lembrado Óscar Niemyer e as suas curvas desenhadas das "mulheres que conheci e das montanhas que vejo" e tenho pena que um homem que acha que a vida tem "coisas muito mais importantes do que as festas com gente bem vestida a tentar dizer coisas inteligentes" não tenha obra visível próxima. Falei com ele uma vez sem grande oportunidade de falar de Arquitectura ou Cidade. Curiosamente, o meu filho - engenheiro - falou bastantes mais. Trabalhou até com ele.

Também lembraria uma excelente conferência de Manuel Aires Mateus, filho de um companheiro de atelier de outros tempos, que fez no fecho do ciclo das conferências "Do conceito à obra" organizadas pela "Estratégia Urbana" do Nuno Sampaio. Em cada obra mostrada, um elemento comum: o fazer urbanidade mesmo quando não há urbano para declinar. Exemplos cultos e inteligentes a marcarem a curiosidade de um percurso na articulação dos espaços livres - como na cidade, o desenho a ligar espaços públicos. E, claro, a enorme preocupação no tratamento da luz.

Mas o que me tem ficado na memória é a falta de paciência para abrir jornais ou noticiários - a sem-vergonhice tira-me do sério... ou - provavelmente mais correcto - será a mudança de paradigma traduzida na óbvia mudança de patronato?

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