Em 1990, o Eduardo Lourenço e eu eramos os dois únicos portugueses presentes em Nápoles, Itália, num Congresso de que já não lembro o título mas que tratava das questões que se colocavam ao Sul da Europa: pobreza, emigração, imigração, formas de desenvolvimento, progresso, etc.
As conclusões, lembro-me, podiam traduzir-se assim: se a Europa não souber participar, desenvolver e ajudar a criar um nível de vida aceitável do outro lado do Mediterrâneo, ver-se-á a braços com problemas de imigração incontroláveis e o velho e civilizacional Mare Nostrum tornar-se-á num cemitério de clandestinos que, procurando a sorte da terra prometida, irão ser explorados por toda a cáfila de bandidagem.
Vinte e cinco anos depois os resultados de uma Europa surda e muda no seu afã de aumentar a riqueza dos mais ricos, estão, infelizmente, à vista.