Tive a sorte de conhecer Eduardo Lourenço e só ganhei com isso. Aprendi sempre na sua companhia O facto de sermos ambos antigos alunos do Colégio Militar e com a tradição cultural que nos une, permitia-me um acesso mais fácil de linguagem e, por isso, uma mais fácil conversa a que ele ajudava sempre com o seu sentido de humor. O seu falecimento vai deixar-nos mais pobres na compreensão do nosso mundo, na criatividade de o interpretar, na imaginação de o descrever. E Portugal, perdendo o seu maior pensador, perdeu aquele que dava sentido ao seu passado, perspectivando-o num futuro que queria muito mais risonho do que o actual e a nossa vida fica mais pobre. Resta-nos o preito activo à sua memória, lendo e relendo a sua obra, meditando sobre os seus conceitos, seguindo o seu exemplo, agindo.
Há dias como este que, por mais que o sol brilhe, fica-nos a tristeza dos nevoeirentos dias de cinzento carregado que não nos deixam ir a lado algum. São dias muito incómodos estes, difíceis de ultrapassar numa infinidade de horas que parecem não acabar mais. Sirvo-me da boa memória de só ter tido a ganhar por o ter conhecido e ter tido a oportunidade de o ouvir para eliminar as sombras do seu desaparecimento. Até sempre, Eduardo!