terça-feira, 2 de maio de 2023

FRANCISCO SALGADO ZENHA, CENTENÁRIO DO NASCIMENTO

Comemora-se hoje o centenário do nascimento de Francisco Salgado Zenha, combatente antifacista, opositor da ditadura salazarista defensor de presos políticos, foi um dos fundadores do Partido Socialista em 1973, depois de, nos tempos de estudante, ter passado pelo Partido Comunista.

Conheci-o bem!

O Chico Zenha, como o conhecíamos, foi-me apresentado, nos anos 60, pela minha parceira tenista, Graça Costa Pereira, momentos antes de irmos responder ao um desafio para jogar uma quadrada mista no court do Clube Desportivo de Soutelo — ela que tinha familiares do lado paterno adversários do regime, disse-me ao ouvido: “ele é do reviralho!”. A quadrada seria jogada entre nós os dois, de um lado e ele e a Maria Irene, sua mulher e que era uma boa jogadora, do outro. 

Era neste court de Soutelo que jogávamos

A nossa escolha por este par bastante mais velho do que nós não era casual. Gostavam de jogar a sério, com um mínimo de competitividade e a Graça e eu tínhamos alguma qualidade — já tínhamos ganho diversos torneios, fazíamos parte da equipa sénior do Clube de Ténis de Miramar e fomos, nomeadamente, campeões nacionais de 3ª categorias em pares-mistos.

Assim durante o mês de Setembro, com o court marcado para os fins da tarde disputávamos jogos muito competitivos e bem divertidos. Que se repetiam quase todos os dias e que saltavam para o ano seguinte enquanto se repetiam as férias de Setembro, ali próximo dos rios Homem e Cávado. Hoje, tudo são apenas memórias porque os espaços e as casas são outras ou mesmo não existem. E os meses de Setembro também já não são o que eram…

Mais tarde encontramo-nos nas campanhas eleitorais de 1969  — nós enquanto estudantada universitária saltávamos de uma organização para a outra, CEUD, socialista e CDE comunista porque o que queríamos era a agitação — e até o risco — das reuniões políticas contra a ditadura e onde trocávamos duas, três palavras com os nomes míticos da oposição ao regime salazarento. Uma alegria!

Pós-25 de Abril,  assisti, então já enquadrado como membro da equipa da Imagem do MASP na candidatura de Mário Soares à Presidência da República e na altura em que se inventou o “Soares é fixe!”, à ruptura entre os até então “irmãos políticos”. A partir daí, vimo-nos cada vez menos mas mantive sempre — até hoje — um enorme respeito, consideração e amizade por ele. Tendo a clara noção da sua contribuição para a minha formação cívica e política. 

A sua frase “No plano moral — que é o que interessa — só é vencido quem desiste de lutar.” define-o como o Homem que foi e ajuda-nos a encarar as mais diversas situações.

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