quarta-feira, 27 de junho de 2012

Indecências


A profilaxia não se faz calado, Octávio, treinador de futebol

É irritante esta constante exposição do conceito e do seu contrário a que temos assistido ao longo deste Europeu futebolístico. Que não se pode dizer isto porque aquilo, que não se pode dizer aquilo porque isto. Como se o silêncio fosse o ouro que se procura na competição desportiva. E como se os valores porque devemos reger a nossa vida não se aplicassem ao desporto em geral e, no caso particular, ao futebol.

É uma evidência que aquilo que o sr. Platini expressou - a final apetecida Espanha-Alemanha - é uma manifestação de interesse inadmissível que a decência não autoriza e que, para além de um pedido formal e público de desculpas, deveria terminar - numa tentativa de demonstração de carácter e de se dar ao respeito - com o seu próprio pedido de demissão. Porque o senhor é só o presidente da UEFA, entidade responsável por este campeonato e o cargo não deve ser compatível com indecências.

Como se não bastasse, o organismo que comanda a arbitragem do Euro resolveu nomear um senhor turco, Cuneyt Çakir, para arbitrar a meia-final entre Portugal e Espanha. É grave?! É! Porque o presidente da arbitragem uefeira é espanhol e o seu vice-presidente é turco. Significa que permite a qualquer pessoa ter desconfianças ou suspeições sobre a isenção do árbitro que pode - e basta a possibilidade para que a inteligência imponha outra solução - que pode, repito, não resistir a eventuais pressões a que o queiram sujeitar. A nomeação de árbitro turco nesta situação é, no mínimo, uma indecente estupidez e, no pior, uma patifaria. E que demonstra desrespeito e a indecente certeza da impunidade.

E calar, como avisa Octávio, não resolve coisa nenhuma. Falar, pelo menos - digo eu - mostra que não somos nenhuns patetas, que não pactuamos com indecências e que exigimos o direito ao respeito.

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