A caracterização da meia-final entre Portugal e Espanha pode colocar-se assim: cagaço - essa coisa parecida com o medo mas para muito pior. Cagaço de um e outro lado, de portugueses e espanhóis que levou a caldos de galinha que fizeram do jogo um tremendo jogo de passes e luta entre áreas sempre à espera de um último rasgo de passe fatal. Um cansaço.
A excitação do jogo esteve no lado do coração e retirou-se por cento e vinte minutos da emotividade do campo.
Batemo-nos bem, jogámos o que pudemos, não viramos a cara mas faltou-nos o killer instinct que faz os vencedores - a nossa maior vantagem sobre a Espanha era de ordem física, tivemos dois dias a mais de descanso, e não quisemos correr o risco de o explorar, nomeadamente no prolongamento. Num perdido por cem, perdido por mil, poderíamos, pelo menos à entrada do prolongamento, ter assaltado o campo espanhol - correndo o risco de algo nos correr mal nas costas, mas correndo-o. Ficámos nas grandes penalidades com todas as pequenas questões que resultam numa grande questão: a enorme lotaria de falhar ou marcar, de deixar o brilho ao guarda-redes, por isto ou aquilo - porque fez mais quilómetros que os outros por exemplo (Alonso e Moutinho foram os que mais (e bem) correram e não marcaram) - porque acertou no mau lado da trave ou no bom dos postes. Sortes e azares que fazem o jogo que o futebol é. Um jogo. Jogo que neste caso e pelo que vi, teve como vencedor a equipa que acabou por estar melhor: Espanha. Dentro das incidências de um jogo, tudo nomal, portanto. Sem queixumes mas tão só com o sentido de missão cumprida: fizemos o que pudemos.
Porque reconheço que é no arrecadar que está o ganho, não compreendi a colocação de Ronaldo na quinta posição de marcação de penalidades. Pessoalmente preferiria - neste jogo como em qualquer outro - a garantia do mais eficaz a iniciar para garantir que a candeia da frente iluminaria o caminho.
Penso que não devemos queixar-nos. Não temos qualquer necessidade, nem interesse. Fizemos, fizeram o que puderam e demonstraram que a selecção portuguesa foi uma equipa. Tão equipa que foi capaz de ultrapassar o que lhe reconhecíamos como limites.
Não vamos à final, paciência. Tristes, sim... mas sem remorsos.
Nota: o árbitro turco Cunet Çakir não teve qualquer influência no resultado e ainda bem - ou não foi pressionado por ninguém ou esteve-se nas tintas para as eventuais pressões. Mas isso não retira nada ao que escrevi em post anterior: a sua nomeação foi uma estupidez, foi indecente e desrespeitosa. Ponto.