A cidade liberta - não sei se os alemães se lembrarão, mas o conceito nasceu na sua idade média. Sendo a cidade um local de liberdade é assim um local de troca de ideias, de informações, de conceitos, de tolerância - quantas vezes radical - e, plena de estímulos, um local privilegiado, como diz Arbasino, da cultura de tam-tam que passa de uns para os outros sem se dar por isso. Transformando-se assim num enorme espaço de criatividade e invenção. E de intervenção, pois claro. Mas é aqui, na cidade e pelo que ela representa e pelos acessos que permite, que vivem os cidadãos mais esclarecidos, mais atentos e menos dispostos aos abusos.
Por tudo isto: a Cidade não esquece nem vai esquecer. A Cidade tem memória que, todos os dias, deixa escrita nas suas paredes e nas palavras de ordem dos milhares que percorrem as suas ruas. A Cidade perdoa mal, a cidade sabe indignar-se.