O Colégio Militar está a ser utilizado como cortina de fumo para destruir, longe do olhar da opinião pública, o Instituto de Odivelas.
Cúpula com capote Jacinto Luís |
Esta é a verdade das coisas e a questão do género, posta a correr como centro do conflito Colégio Militar/Ministério da Defesa Nacional, não passa de um artifício usado pelos estrategos ministeriais para levar a carta a um qualquer Garcia.
No início era a justificação económica que, como se viu, não passava da vulgaridade economicista. Agora surge o género como elemento central do conflito. Sempre para focar atenções e com o mesmo objectivo: permitir a destruição do Instituto de Odivelas longe do conhecimento da opinião pública. E com um mesmo método: utilizar o Colégio Militar e a sua oposição ao processo.
Se a Igualdade de Género fosse a questão central, o processo teria outra forma. Explico-me:
Para resolver este problema do género uma de duas soluções é possível:
- na primeira, o Colégio Militar e o Instituto de Odivelas mantinham-se como são desde sempre. A existência de duas escolas com finalidades e objectivos similares e sendo uma de frequência masculina e outra feminina, resolvem a questão da igualdade de género ao possibilitar o acesso de qualquer dos sexos à essência de um mesmo programa escolar. Ficando assim a questão do género resolvida com as vantagens e inconvenientes da homogeneidade;
- na segunda, os dois estabelecimentos abririam as suas portas ao género contrário, o Colégio Militar a raparigas, o Instituto de Odivelas a rapazes. Fazendo então sentido especializar cada um dos estabelecimentos em programas de estudo diferentes e a questão do género ficaria resolvida com as vantagens e inconvenientes da heterogeneidade.
Em qualquer das situações, não sendo necessário qualquer destruição mas apenas as mudanças exigidas pela adaptação aos tempos, nada impediria a procura de sinergias que fizessem um todo superior às partes.
E como se decidiria por uma ou outra forma? Enumerando, de uma e outra, vantagens e inconvenientes para, recorrendo a um conselho de pedagogos, encontrar o sistema que forneça melhores garantias de êxito futuro.
Como nada disso foi ou será feito, percebe-se que a questão do género não passa de uma habilidosa fumaça dirigida aos olhos da opinião pública. Para esconder objectivos e disfarçar intenções.
Porque o conflito é outro. O que directamente nos opõe assenta na forma descuidada, ignorante, leviana e irresponsável como o sr. ministro Aguiar Branco tem dirigido, num facilitismo oportunista, todo o processo, ignorando o carácter bissecular da instituição ao impor o externato como forma e possibilitando entradas até ao 10º ano (Despacho 4785/2013). O que, hoje, acrescentamos na oposição é o abuso de poderoso ao utilizar-nos, ao utilizar o Colégio Militar, para encobrir os seus interesses.
A pretensão é evidente: fazer verdade da mentira mil vezes repetida. Repeti-la à exaustão para que encontre o caminho do mito e se estabeleça na opinião pública, justificando e escondendo e levando-a ao desinteresse das coisas sem importância
E que nos resta? A denúncia, obviamente.
Denunciar os jogos de interesses, avisando a opinião pública que o objectivo deste jogo é destruir o Instituto de Odivelas para entregar o seu património físico aos interesses de privados. Denunciar que esta estratégia é da responsabilidade do sr. Aguiar Branco porque feito ministro da Defesa Nacional. E que a questão de género não é para aqui chamada: não faz parte da questão.
E porque é que a destruição do Instituto de Odivelas nos diz respeito? Antes do mais, por razões de solidariedade - pertencemos ao mesmo mundo - depois porque, se distraídos e como avisa Brecht, já não teremos tempo, caído que esteja, de lutar pela nossa defesa.