segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Eusébio: Pantera Negra (1942-2014)

Estou com Alfredo Di Stefano: Eusébio é o melhor jogador de todos os tempos. Na velha Luz, vi-o vezes sem conta a jogar aos domingos e quarta-feiras europeias e desde que começou no Benfica e vi-lhe coisas extraordinárias: golos espantosos, corridas de bola controlada de tirar o folêgo ao mais pintado espectador, passes com precisão milimétrica, remates de tirar da frente o mais corajoso, meneios de corpo de deixar um, dois, três pregados a ver passar. Gritei com ele, aplaudi os seus comemorativos socos no ar, corri com os olhos as suas voltas de oferta e agradecimento. Vi, com ele, do melhor futebol do Mundo. E porque gosto de futebol vi também outros grandes nomes do futebol mundial - a grande, a enorme maioria (senão todos) dos considerados 10 Melhores Jogadores Mundiais. E digo com D. Alfredo: Eusébio é o melhor jogador de todos os tempos.
Que maravilhas me proporcionaste, Eusébio! O que vi de bom futebol e o que, eu e os outros que fazíamos parte da equipa do Colégio Militar paredes-meias a separá-la da tua, tentávamos imitar: é assim qu'ele chuta, dobra o tronco, puxa o pé pró rabo, estica, levanta a perna. E insistíamos até fazermos melhor do que fazíamos. 
Era o tempo do Cinca-qualquer um - marca da vitória de fabrico na Luz. Nunca me esqueço dos dois golos simétricos que aí marcou ao Real de Madrid: iguaizinhos, um de um lado, outro do outro. Bola recebida na zona lateral poucos metros á frente da linha de meio-campo, arranque em velocidade a flectir para dentro e logo um, dois a ficar atrasados, entrada na quina da área, chamada pelo Bettancourt e golo! com a Luz já de pé a festejar. E como festejávamos quando o árbitro assinalava livre próximo do limite da área: gritávamos GOLO! só pelo apito. Um estádio a gritar golo só porque Eusébio ia marcar o livre. A certeza, a confiança no Pantera Negra. No Rei!
Anos antes - em 62 - já o meu pai tinha ido a Amsterdam ver a final europeia - o bilhete ainda andará guardado num fundo de gaveta aqui de casa - e nunca me cansava de lhe pedir para contar as sensações do "ao vivo" para compôr as minhas do ecrã.
Os quatro da Coreia do Norte vi-os num salão cheio de gente e também na televisão a preto-e-branco. Mesmo a levar três, o sentimento é que ainda havia o Eusébio: e houve! E de que maneira. Uma festa!
E quantas festas mais, mesmo de joelhos avariados, sempre a marcar presença e sempre a impôr a sua regra: é preciso querer ganhar! E como ele queria. E como nos ensinava a querer também noutros campos e noutros desportos.
Tive oportunidade de o conhecer e conversar com ele. E pude transmitir-lhe toda a admiração que tinha por ele. Não só como jogador mas como desportista - uma permanente lição de desportivismo - e como ser humano: Eusébio foi - é! - um caso sério do Desporto Mundial. Eusébio é marca incontornável do desporto português, do desporto mundial. Simples, humilde, generoso: sou simplesmente um jogador da bola, deixa-nos uma herança pesada que temos obrigação de garantir passar às novas gerações.
Mantenho-me com D.Alfredo: Eusébio é o melhor jogador de todos os tempos!
E lembro os golos, os remates, os saltos, as corridas, as fintas. E lembro ele próprio. O que eu vi com Eusébio. Um monumento.

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