sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Franco invasor

Na linguagem dos meus primeiros anos no Colégio Militar – depois a Guerra Colonial alterou o registo – e na do militar da família, sempre ouvi que a Espanha era o inimigo – o IN – o IN dos exercícios do Estado Maior. Uma Castela disfarçada era o que era. E sempre a desconfiança unionista: de Espanha nem bom vento, nem bom casamento. E o povo, quando diz, sabe! Nunca me dei bem com esta ideia que me parecia filha do apoio às longínquas incursões monárquicas aquando do início da República – sempre gostei dos “nuestros” e daquele gozo de viver. Gosto das suas cidades medievas, do Eixample, do Gótico e do futebol barcelonês, de muita da arquitectura, das panorâmicas direccionadas do País Basco, dos encierros de S.Fermín. Acho graça àquela expressão de mania das grandezas, do superlativo em cada momento, das voltaretas do flamengo, do cante jondo, daquele ar de drama, festa, caramba e olé! Olé!

Com a demonstração do agora publicamente conhecido plano de Franco para invadir Portugal em 1940, percebo finalmente as razões que ultrapassavam a memória. E a desconfiança do meu tio Carlos: de sempre e até hoje. Mesmo sabendo-se, como se sabe, que o Franco em nada facilitou a pretendida invasão americana no pós-25 de Abril. O que, pese o agradecimento, não faz dele nem melhor nem pior pessoa. Nem melhora o juízo: era um ditador.

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