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Vi o Tottenham, na Luz, e achei mau; vi, na TV, contra o Porto e achei pior; vi, também na TV, contra a Académica e achei péssimo. Afinal os outros não passavam de assim-assins. Como é possível?Uma boa equipa define-se pela consistência de resultados positivos, pela maioria de vitórias contra os seus iguais, pela qualidade do seu jogo e do espectáculo que proporciona e pela capacidade de não se deixar surpreender – de não perder com qualquer um… Nada disto está a acontecer com o Benfica: nem a equipa nem os jogadores - com a excepção Coentrão - deixam marcas de diferença.
Um médio e um bom jogador farão o mesmo. Com uma enorme diferença: o bom faz esse mesmo a uma velocidade superior. “Depressa e bem há pouco quem”, diz o ditado a marcar a diferença entre os bons e os razoáveis. Para uma equipa, a regra é a mesma: a diferença faz-se na velocidade. Aliás existe um conceito desportivo de oposição táctica que diz que “em desporto há resposta para tudo, excepto para a velocidade”. De tudo isto é retirável uma regra universal: uma considerada boa equipa, constituída por jogadores considerados bons jogadores, mostra a sua mais-valia jogando a velocidade tal que o mediano adversário não a pode acompanhar.
Jogar a baixa velocidade como o Benfica está a fazer é igualar-se aos razoáveis. Que cada jogador do Benfica – considerados, até pelo salário, como dos melhores jogadores – não seja capaz de executar a velocidade superior à de um jogador mediano é demonstração de uma de duas: ou estão sobreavaliados ou andam a pensar noutras coisas.
Um bom jogador é aquele que – recorro a Valdano citando-o numa das minhas definições preferidas – “encontra soluções para os companheiros e cria problemas para os adversários”. Quem se lembra disto no espaço do terreno de jogo? E por onde andam os golos – esse objectivo único do jogo? A garantia de qualidade de um ponta-de-lança mede-se – um guarda-redes também tem medida própria embora mais subjectiva – não pelo número de golos que marca, mas sim pela relação entre o número de oportunidades concretizadas e o número de oportunidades disponíveis – é esta taxa de eficácia (ou de desperdício se lida ao contrário) que dita o nível do ponta-de-lança. E se misturarmos a eficácia com a velocidade percebemos depressa que a lentidão exasperante de um Cardoso não faz o ponta-de-lança que uma equipa, que pretende ser campeã de Portugal e fazer figura na Champions, precisa.
A equipa não mostra carácter, os jogadores parecem triviais…Será Jesus capaz de lidar com este mundo – de prever, analisar, compreender, decidir e transformar – e afirmar-se como mais do que treinador ocasional? Clube, plantel e adeptos tem, veremos se cria o restante. Em tempo útil porque certo, certo, é assim: conversa não marca golos.