quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Pequenos?! Com 10 milhões?

Os resultados da selecção portuguesa de atletismo nos Europeus de Barcelona não foram nada maus. Quatro medalhas – 20º lugar -  com 45 pontos conseguidos a colocar-nos na 10ª posição entre os países presentes e dois recordes nacionais. E se é verdade que ninguém chegou ao ouro, também é verdade que a Naide Gomes saltou tanto como a primeira e o Francis Obikwellu ficou rés-vés o segundo. As medalhas, com estes ou outros actores, mais falhanço ou mais superação foram as esperadas: quatro. Parabéns a atletas e treinadores.

Segui, como pude e através da TV, os campeonatos. E se fui vibrando com algumas provas e resultados também me irritei com a insuportável mania – dita e escrita - da justificação calimera de contentinhos: a prestação portuguesa foi excepcional porque somos pequenos … só 10 milhões… que formidável…

Claro que não somos pequenos. Somos médios quando comparados com os outros países conforme demonstra Manuel Lima numa excelente exposição de evidências – O Síndrome da Pequenez, O Fim de uma desculpa injustificada – no seu blogue shapesofportugal.com e de onde retiro alguns dos seus gráficos. Entre 196 países do Mundo, demonstra, a dimensão de Portugal situa-o na 108ª posição (se for entre os 245 possíveis países, Portugal é o 110º equivalente a médio-grande). Na Europa, Portugal tem o dobro da dimensão da Dinamarca, da Holanda ou da Estónia e vale três vezes a Bélgica.


Em população, Portugal – recorro de novo a Manuel Lima – tem a 75ª posição no mundo e na Europa tem, entre os 45 países, a 13ª posição, ou a 10ª dentro da União Europeia.


Portugal país pequeno?! Nem por sombras.

Somos, isso sim, um país periférico que agarrado ainda a laços de herança salazarista - fascismo aldeão e religiosidade vingativa e castradora - ainda hoje nos mantemos num orgulhosamente sós de lições ao mundo que não deixa que a Escola faça, convenientemente, aquilo que deveria: ensinar a ler, escrever, contar, a explicar uma ideia e a compreender o mundo.

Pequenos, não. Apenas periféricos e sem capacidade educativa que nos leve ao salto necessário à aproximação que as novas tecnologias deveriam permitir. E é por sabermos isso que nos excedemos em justificações.

Melhor, para remate, é seguir Agustina Bessa-Luís: Portugal não é coisa para comentar. Ou se gosta ou não se gosta! Ela gosta, diz.

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