segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Respeitinho

Aprendi cedo que "o respeitinho é muito bonito". E só não sigo o conceito quando não quero respeitar - acontece algumas vezes e não alinho muito na ideia de dar a outra face (prefiro, à medida que idade avança, virar as costas...). Mais do que nas relações quotidianas dos círculos habituais - onde haverá uma maior "largueza" nos padrões comportamentais - as relações formais devem garantir um princípio de boa-educação evidente.
E não é isto quer temos visto nos últimos tempos. O que me incomoda e me indigna.
Parece moda: o primeiro-ministro é mentiroso! o ministro tal, mente! Bom, então provem a mentira e exijam a sua demissão; se não forem capazes, calem-se e usem a linguagem devidamente respeitosa que a cultura democrática exije. O fatinho, as risquinhas, a gravatinha, não dão qualquer previlégio - nem sequer de recorrer ao ar pretencioso de professor com fala do alto da burra.
A Democracia - que vive da discussão, do contraditório, da colocação de distintos pontos-de-vista, da troca de ideias- exije comportamentos adequados
Importam-se, portanto, de garantir a Democracia como um espaço decente? ... Para que possam ser respeitados. 

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Hora de lanche

Gaivota-de-asa-escura
Larus fuscus

Molhe

Figueira da Foz
Barra do Mondego

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Néné, meu Amigo

O meu amigo Artur, num gesto de simpatia que me tocou profundamente, ofereceu-me o livro sobre o seu pai “Artur Santos Silva, uma vida pela liberdade”. Com ele vinha um cartão que dizia onde encontrarás o Néné.
Quarenta anos depois da sua morte – aos 24 anos! - o tempo atirou a violência da notícia para uma penumbra que me permitiu, diversas vezes ao longo destes anos, rir-me das lembranças que nos são comuns: as futeboladas em Miramar, as voltas em bailes de arraial em arraial com entradas de salto, jantares aqui e ali – também no Chez Lapin que inventaste, lembras-te? – e tantas vezes em Felgueiras ou nas novidades elegantes à cinema francês do Compra Bem, a promoção do volante AJ Foyt a citado filósofo no exame do 7º ano, as passagens, em fins de tarde, para flirtar com as amigas na Arcádia ou o encontro em Coimbra na festa (dura!) da revolta de 69… tantas vezes, tantos momentos...
Ao ler o livro encontrei – como me disseste, Artur – o Néné e peço licença para retirar, de uma carta do teu pai, esta lembrança de um e outro: 
"Eu sabia que tu eras corajoso e não posso esquecer-me aquele dia em que tivemos juntos aquele incidente na Polícia, em que tu, quando me viste em luta com o monstro do agente que te agredira (homem robusto que estava a levar a melhor) saltaste e o manietaste por forma a que ele gritou por socorro, chamando aqueles vis sicários que cobardemente te agrediram com barbaridade animal na minha presença. Tenho ainda nos meus ouvidos o teu grito lancinante: Você não bate no meu Pai. Terríveis horas que passámos juntos em que pensei que ias morrer.
Esta tua atitude foi das mais corajosas que jamais vi.
Ela foi bem para mim a demonstração do amor alucinado que me tinhas. Como posso jamais esquecer-te meu amor, meu grande amor de toda a minha vida. Como é possível viver a vida sem ti, encontrar nela outra coisa para além do desconforto.”
A leitura das cartas escritas ao Néné pelo pai Artur, emocionaram-me muito. Lembraram-me a realidade do luto. A dimensão da saudade. O destempo do sofrimento.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Montemor-o-Velho: Europeu de Remo

A nova torre
Há meses escrevi sobre Montemor-o-Velho e a oportunidade que a construção de uma pista náutica estava a constituir para a cidade e sua transformação. Conforme então se dizia em Setembro estava programado um Campeonato Europeu de Remo. Parecia uma aposta exagerada - parecia que muito ainda faltava construir. O Miguel Figueira, arquitecto responsável, com o apoio permanente da Câmara e do seu Presidente, Luís Leal, e a aposta da Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto permitiram que a Federação Portuguesa de Remo - para grande felicidade e alívio do presidente Rascão Marques e da sua equipa - cumprisse o seu compromisso internacional de realizar, pela primeira vez em Portugal, uns campeonatos de remo de dimensão europeia. 

A prata portuguesa
Os elogios das delegações estrangeiras foram muitos - a infraestrutura respondeu às mil maravilhas ao pedido e necessário.

A pista de Montemor-o-Velho recebeu o seu baptismo de fogo e está lançada do mapa internacional - as portas estão abertas: amanhã a canoagem, depois o triatlo ou as águas bravas. E os atletas portugueses - e também os estrangeiros que queiram vir adaptar-se ao fuso horário dos Jogos de Londres - têm agora um espaço que lhes permite o treino ao mais elevado nível para procurar os resultados internacionais pretendidos.

A demonstração já começou e a estreia da pista não poderia ser mais auspiciosa com a conquista da medalha de prata europeia pelos remadores Pedro Fraga e Nuno Mendes do Sport Clube do Porto em double skull. 

A primeira fase da oportunidade está aproveitada, o resto virá por acréscimento e pela atenção dos homens. Um caso de estudo a levar em conta.







segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Viva a República!

A exposição sobre a história de um século da República - na Cordoaria - é muito interessante. Para quem, como eu, passou pela escola sem quase nada ouvir falar - imposições do regime Estado Novo, naturalmente - dos acontecimentos que marcaram a mudança de regime e a sua (des)construção, é um excelente momento para aprender, recordar coisas ouvidas e abrir a curiosidade para a compreensão de muitos factos. Com um desenho de percurso que muitas vezes surpreende pelas encontros que proporciona - a responsabilidade da instalação é do Henrique Cayatte e da Daniela Ermano - a exposição vale o tempo que leva a percorrê-la. E é bom, nos tempos que correm,que a História nos relembre as soluções já ingloriamente utilizadas - para que a cultura democrática não se esfume num delírio de novos salvadores. 
Uma frase, a negrito, no início da descrição da "missão histórica" a que se propunham as elites republicanas, chamou-me particularmente a atenção: PERANTE UM PÁIS ARCAICO, RURAL E ANALFABETO...
Sessenta anos depois de 1910, pensei, o país estava na mesma. Comparativamente com os outros europeus continuávamos arcaicos, rurais e analfabetos. Sessenta anos de perda de tempo e enorme desperdício pagável com juros infindáveis graças à visão salazarenta e provinciana das elites estadonovistas. Tão assim que me lembro muito bem de o meu Pai - então presidente da EDP - me ter mostrado dois mapas que tinha no seu gabinete e onde estavam desenhadas as linhas de transporte de electricidade: um, quase branco, mostrava a situação antes do 25 de Abril de 74, com a electricidade a chegar a lado nenhum; outro, cheio de linhas a construir manchas, dez anos depois. A clara distinção de perspectivas e o enorme salto do arcaísmo ao desenvolvimento. Um esforço tremendo que já então os ideais da República procuraram promover. Com exito relativo, como se sabe.
Esta exposição permite começar a perceber porquê.  

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Já lá vão 9

O arbitro foi um desastre de prejuízos no jogo de Guimarães, é certo. Mas o Benfica nada fez de especial para ganhar o jogo e de pouco servem (ou servirão) as tiradas bombásticas - somos os melhores - de Jesus. Os jogos ganham-se dentro de campo com a atitude ganhadora adequada, com a velocidade necessária e um espírito de equipa transformador. Paleio pró-mediático, desculpas e vitimização não servem os campeões - não pertencem aliás ao seu mundo. Um campeão sabe que, quando tudo começa a correr mal, retorna às bases e prepara o seu relançamento. É o que fazem as grandes equipas - com orgulho e atitude. Sem paleios.
Nove pontos já se foram e a corrida corre-se agora atrás do prejuízo. Com a meta já muito longe.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Adeus!

domingo, 5 de setembro de 2010

Salazar

Cito de Vasco Pulido Valente
“[…] A deferência – se não o respeito – por quem mandava era universal; e essa educação na humildade (e muitas vezes no vexame) fazia um povo obediente, curvado, obsequioso, que se continua a ver por aí na sua vidinha, aplaudindo e louvando os poderes do dia e sempre partidário da “mão forte” que “mete a canalha na ordem”.
[…] O preço que pagámos pela ditadura desse provinciano mesquinho é incalculável.”
In Uma biografia de Salazar, Público, 5/09/2010

Tão de acordo estou com VPV nesta matéria que há anos que penso serem necessárias gerações para o ultrapassar…

Palheiro

Palheiro
Serra Algarvia
Concelho de Tavira

JOSÉ TORRES (1938-2010)

Portugal 1966
Vi-o jogar dezenas de vezes: pelo Benfica e pela Selecção Nacional. Em ambas as equipas proporcionou-me o gozo de momentos futebolísticos de excelência. A minha homenagem de agradecimento.

Empate a quatro!?

Empatar com o Chipre - país futebolísticamente inexistente - não tem justificação possível. E por quatro - QUATRO!!!??? - golos é, positivamente, uma irresponsabilidade.

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