segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Viva a República!

A exposição sobre a história de um século da República - na Cordoaria - é muito interessante. Para quem, como eu, passou pela escola sem quase nada ouvir falar - imposições do regime Estado Novo, naturalmente - dos acontecimentos que marcaram a mudança de regime e a sua (des)construção, é um excelente momento para aprender, recordar coisas ouvidas e abrir a curiosidade para a compreensão de muitos factos. Com um desenho de percurso que muitas vezes surpreende pelas encontros que proporciona - a responsabilidade da instalação é do Henrique Cayatte e da Daniela Ermano - a exposição vale o tempo que leva a percorrê-la. E é bom, nos tempos que correm,que a História nos relembre as soluções já ingloriamente utilizadas - para que a cultura democrática não se esfume num delírio de novos salvadores. 
Uma frase, a negrito, no início da descrição da "missão histórica" a que se propunham as elites republicanas, chamou-me particularmente a atenção: PERANTE UM PÁIS ARCAICO, RURAL E ANALFABETO...
Sessenta anos depois de 1910, pensei, o país estava na mesma. Comparativamente com os outros europeus continuávamos arcaicos, rurais e analfabetos. Sessenta anos de perda de tempo e enorme desperdício pagável com juros infindáveis graças à visão salazarenta e provinciana das elites estadonovistas. Tão assim que me lembro muito bem de o meu Pai - então presidente da EDP - me ter mostrado dois mapas que tinha no seu gabinete e onde estavam desenhadas as linhas de transporte de electricidade: um, quase branco, mostrava a situação antes do 25 de Abril de 74, com a electricidade a chegar a lado nenhum; outro, cheio de linhas a construir manchas, dez anos depois. A clara distinção de perspectivas e o enorme salto do arcaísmo ao desenvolvimento. Um esforço tremendo que já então os ideais da República procuraram promover. Com exito relativo, como se sabe.
Esta exposição permite começar a perceber porquê.  

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