terça-feira, 2 de novembro de 2010

De então para cá

Conhecer a História tem a enorme vantagem de se poder saber como chegámos até aqui, até hoje e que caminho percorremos para o conseguir.

E assim também nos permite conhecer erros cometidos, as suas causas e consequências – fornecendo-nos dados, ferramentas, armas, capacidades, controlos, e mais tudo aquilo que a inteligência e a cultura possam retirar dessas lições para que saibamos não repetir os mesmos erros.

Em 1926, depois de ter liderado o pronunciamento militar de 28 de Maio, o golpista e general Gomes da Costa, lançou:

“O meu propósito é ir contra a ação nefasta de todos os políticos e dos partidos e de pôr fim a uma ditadura de políticos irresponsáveis”
Sabemos, apesar do pronunciador-chefe ter sido em pouco tempo exilado para os Açores, o que se seguiu: 48 anos de repressão e de atraso de que só o 25 de Abril nos libertou.

Nestas alturas em que aqueles a quem entregamos a responsabilidade têm como única preocupação o tacticismo do seu próprio interesse, seria bom que conhecessem e reflectissem sobre a nossa História recente. Para evitarem – como é seu dever – que a História se repita – não na forma, mas nas consequências.

No seu blogue “duas ou três coisas”, Francisco Seixas da Costa – embaixador, antigo governante e meu amigo – avisa e propõe:

“Os tempos estão tensos, as pessoas tendem a radicalizar posições, os antagonismos podem aumentar. É nestas alturas que temos de ser mais vigilantes sobre nós mesmos, em que devemos parar para pensar, para decidir, para optar. É nos tempos difíceis que se mede a serenidade de um país, a sua maturidade como nação. Temos quase nove séculos, passámos por crises muito mais graves e, com esforço, fomos capazes de as superar. Este é talvez um dos momentos em que se pode aplicar a frase de John Kennedy: "não perguntes o que o teu país pode fazer por ti, pergunta o que tu podes fazer pelo teu país".”
É obrigação de quem foi eleito para qualquer poder – deputados, autarcas, Presidente da República – ou responsabilidade, garantir que a situação não se transforma em puro e simples abuso dos mais fracos, dos excluídos ou desprotegidos.

Hoje, a forma usada por Gomes da Costa para derrubar o poder democrático não será tão directa como então. Contudo e embora mais sofisticada, menos visível e mais insidiosa, não deixará de pôr em causa a nossa Liberdade, o nosso Estado social, o nosso direito comum, a nossa cidadania.

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