Ou seja: o que parece ressaltar do que vimos é que os erros se estenderam por todos os sectorese departamentos. E se são erros, devem ser reconhecidos para que - numa regra de ouro do Alto Rendimento desportivo - não se repitam; se não foram erros é preciso saber que o não foram e saber então o que foram. Porque alguma coisa foram e ciência não foi.
O jogo de hoje foi, apesar da vitória, um desperdício: por sorte dos deuses - que já nos tinha dado o golo de Varela - o Gana, num repente, percebeu que tinha as malas feitas e nós Selecção de Portugal fomos incapazes de aproveitar a oportunidade, jogando fora, umas atrás das outras, as hipóteses que nos surgiram. Porque, num repente, os deuses tinham girado as rodas para o nosso lado sem que, no relvado, o tivessem percebido ou não aproveitado.
A periferia quando não culturalmente assumida, só se traduz em desfasamentos. Em desacertos com o momento e com o sítio. Principalmente quando se lhe junta a mitologia que nos impôs o silêncio de quarenta anos do orgulhosamente sós. A periferia paga-se caro e a mitologia da supremacia não dá qualquer troco: na realidade sustenta o provincianismo. De que é exemplo o provincianismo da focagem absoluta no "maior jogador do mundo" - como se o futebol não fosse uma modalidade colectiva...
A questão é esta: temos direito a explicações - se esta visível incapacidade se passa no futebol, a modalidade mais rica de Portugal, o que não será das outras modalidades colectivas desportivas. Se são estes os exemplos que fornece quem mais pode numa demonstração constante de um deserto de ideias disfarçadas em azares e ais duns quases sempre a destempo, que podem fazer os outros? Que exemplos, que conhecimentos, que consequências nos são transmitidas? Que aprendizagem nos é facultada? Que lição nos é garantida?
Explicações, exigem-se! ...
... Ou teremos o direito de entender que houve interesses que, sob a vulgata da incerteza desportiva - o futebol é assim mesmo - vantajosamente se sobrepuseram.