foto de telemóvel
No mesmo dia que o antigo Prince cantava na Praia do Meco - excelente concerto, garantiram-me os meus filhos - safei-me do caótico engarrafamento (como é que se pode levar uma multidão para aquele sítio?) e, com a Ana, fui para o Largo de S. Carlos ouvir Verdi. Excelente concerto - só possível por se tratar de uma Instituição Pública, lembro, e que proporcionou a muitos que nunca entraram no Teatro o acesso ( e talvez o vício) a um espectáculo musical diferente (palco composto, de vestimenta elegante, comando de uma maestrina, com diferentes rituais e uma explicação cuidada a contextualizar).
Terminou o espectáculo - e terminou muito bem - com o Nabuco. Não foi a vez mais impressiva que o ouvi. A audição mais impressionante a que assiste foi em Viena... no Prater - um estádio de futebol em Maio de 1990.
Preparava-se o Milan-Benfica para a final da Taça dos Campeões - do lado italiano jogavam as tulipas holandesas: Gullit, Van Basten e Rikjaard. A Cidade de Lisboa, por decisão do Jorge Sampaio, tinha ido em peso para Viena - cozinha com Michel, fados com Luz Sá da Bandeira, musica com Olga Prats e Heróis do Mar, José Mário Branco para surpreender a mulher do 1º Ministro austríaco que tinha vivido em casa dele refugiada da guerra, mais isto e mais aquilo, aproveitando o futebol para mostrar a austríacos que existíamos. Viena admirava-se - como é que vocês têm esta música? - com o que ignorava e nós, benfiquistas e lisboetas, enchíamos o peito de fezada. Nas bancadas do estádio, lançamo-nos... cantou-se o cheira bem, cheira a Lisboa. Contentes aplaudimo-nos a aquecer para a certeza de um fartote de golos encarnados.
A resposta veio de imediato. Muitos mais do que nós - quase o triplo - responderam com o Nabuco de Verdi, essa espécie de hino italiano.
O momento foi inesquecível.... e também a certeza que o jogo se começara aí a perder.