domingo, 27 de março de 2011

Importam-se?

Primeiro pedido: aprendi História de Portugal pela visão do Estado Novo que os apaniguados do sr. Oliveira Salazar definiram em volta da propaganda do sr. António Ferro. Decorei coisas espantosas, cheias de heroicidades, cheias de super e suaves heróis cuja missão era civilizar (definir o bem ao mundo) e fazendo dos outros palermas. Mais tarde estudei eu a História de Portugal e pude perceber a aldrabice em que me tinham forçado a acreditar. Por isso - por conhecer a nossa história - agradeço que não me venham com as mentiras grandiloquentes do heróico passado e da nossa capacidade heróica de isto e heróica daquilo para vender uma qualquer solução da treta. Nas nossas crises vivemos como pudemos, não lhes demos nenhum heróico pontapé e, na sua enorme maioria, recebemos ajudas que nos garantiram algum norte. Sejam sérios – não somos nenhuns superes - e para heroicidades eleiçoeiras já chegam as muitas dificuldades de muitos portugueses. O facto de termos chegado até aqui e de podermos e devermos continuar - parafraseando Medeiros Ferreira - exige a percepção da realidade - a que formámos e a que nos envolve - e a proposta da sua adequada transformação. Não a mistificação e mitificação duma pretensa salvadora glória do passado.
in The Brain

 Segundo pedido: agradeço que se mostrem capazes de pôr o cérebro a trabalhar e mostrar um mínimo de pensamento que permita colocar as questões no seu devido contexto e articular soluções capazes e ficazes

Terceiro pedido (sendo mais exigência que pedido): façam o favor de tratar as pessoas com respeito – sejam decentes para com os portugueses e não nos tratem como se fossemos um bando de estúpidos imbecis. Agradecemos portanto que acabem com a retórica pretensiosa, interesseira e florentina e se mostrem intelectualmente sérios e respeitosos. Decentes e dignos. 

Nota: o espectáculo na Assembleia da República foi deplorável e a Democracia
e o respeito pelos eleitores não merecem isso.



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