domingo, 3 de julho de 2011

Os trabalhos do Gonçalo Byrne

Ouvi o Gonçalo Byrne na conferência da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva integrada no ciclo Do Conceito à Obra - uma organização da Estratégia Urbana sob a batuta do Nuno Sampaio.

Foi muito interessante e uma excelente lição sobre aquilo que eu entendo – ou seja: no significado que lhe dou – por espírito do lugar: sistema complexo de ligação de elementos tangíveis e intangíveis de um local e que admite e impõe a interpretação pessoal qualificada (dois arquitectos diferentes interpretam e desenham de forma diferente o mesmo programa para um mesmo local). Como exemplo a valer a conferência, o recente trabalho para o espaço mágico, misterioso e pousado na água de Veneza.

Aí, Byrne foi descobrir – num processo cultural de grande perspicácia analítica – uma síntese notavelmente contemporânea – lembrei-me da frase já aqui citada do italiano Francesco Dal Co a propósito da intervenção de Souto Moura em Portalegre - de elementos localmente relacionáveis pela vida quotidiana veneziana.

Pela primeira vez há a possibilidade de existir um edifício em Veneza sem o cumprimento regulamentar de telha na cobertura – porque a cobertura torna-se num espaço de passeio, num jardim, com jogos de terraços para deixar deslizar o olhar sobre o híbrido jogo dos telhados venezianos, permitindo fazer descobrir ao visitante aquilo que é previlégio particular dos iniciados.

Corto Maltese nas telhas de Veneza - Hugo Pratt
Disse-lhe no fim: Hugo Pratt iria gostar e deixaria Corto Maltese – como já o havia feito telhas fora - passear nesses teus jardins entre o suspenso e o suportado e a percorrerem o espírito dos espaços de ligação que articulam os acessos nos interiores dos edifícios.

Que esta arquitectura ganhe o edifício.

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