Há dias fui a A Barraca ver um dos Encontros Imaginários do Helder Costa. Juntava á volta da sua mesa o Zé do Telhado - peça para a qual, há anos, desenhei o cartaz que deixo aqui - o Swift que inventou o Gulliver e o Maomé que acabou por ser dado como inventor destas estórias de ódio religioso.
Os diálogos são notáveis, a articulação - os pontos comuns encontrados pelo Helder - entre diferentes personagens de tempos distantes da História é inteligentemente contada. Vale a pena ir ao bar de A Barraca no Cinearte de Santos na primeira e terceira segundas-feiras e cada mês.
Com a nota que o Hélder me deixou não podia deixar de estar presente. E o Zé do Telhado, reconhecendo-me - em tempos teve que posar para mim a entrar pela janela - veio, simpaticamente, dar-me um colar de ouro. Roubado a uma Viscondessa, pareceu-me ouvi-lo dizer.
No Encontro tudo se passa com o á-vontade de quem parece conhecer-se há muito tempo - como se a pertença à História lhes desse um espaço comum que partilham há séculos.
De Helder Costa já conhecíamos o interesse sobre a História - aqueles "diálogos históricos" na televisão foram a demonstração pública desse interesse. Mas estes Encontros são melhores. Mais inteligentes, mais interessantes, mais dinâmicos. E com uma demonstração de cultura superior. Muito bom. A exigir presença e que, embora a dimensão esteja adequada à situação ao vivo, os diversos Encontros possam ser mostrados de novo com outra dimensão - a da televisão.