O rebuscar displicente do sr. João Duque do salazarento "A Bem da Nação", incomodou-me. Menos talvez do que a votação idiota de melhor português, mas incomodou. Pior, irritou-me o ar doutoral da ignorância da História transformada em brejeira e descontextualizada provocação. E reciei, como ainda receio, a sequência no desplante de "tudo pela Nação, nada contra a Nação."
Valeu-me, no mesmo sítio - SIC - e logo de seguida a tê-lo visto, ligeiro, a analisar as dificuldades dos outros neste país de fossos abissais entre uns e outros, ter assistido à entrevista de Mário Soares. Um filme da história, uma lição de convicções, um cofre de memórias. Uma lição de republicanismo, de democracia, de valores humanistas e de direito democrático. De socialismo democrático. Aqui sim, a História na sua grandeza: republicana, laica e socialista.
Com a entrevista por fundo revisitei momentos inesquecíveis da participação que tive no MASP da sua primeira campanha presidencial e que o tornou no primeiro Presidente da Républica civil depois do 25 de Abril. Lembro-me, no dia da sua tomada de posse e ao vê-lo, das escadas de S.Bento, despreocupado do "passo certo" enquanto passava revista às tropas, de ter pensado: nunca mais teremos um Presidente militar. Era o princípio de uma outra República.