Na enorme barafunda em que se tornou a minha secretária – jornais antigos, notas, páginas de textos emendadas, livros, fichas e sei lá mais o quê (fora gatos a passear ou a procurar o teclado para dormir e marcar linhas e linhas com o mesmo símbolo) – não sei o que fiz a um recorte há tempos publicado no Público por Francisco Jaime Quesado, gestor do Programa Operacional Sociedade do Conhecimento, e titulado como “QREN: divergir para convergir” e onde – num interessante artigo em que dava conta da mudança estratégica que visiona para a continuidade assertiva deste pacote de fundos comunitários – chamava a atenção, referindo-se ao balanço dos 20 anos de Fundos Comunitários em Portugal e a propósito de uma lógica não raras vezes pouco coordenada e monitorizada, para a proliferação desnecessária (...) de pavilhões desportivos municipais.
Pese a simpatia, não é assim. E só por não ser, levanto o tema tanto tempo decorrido.
Não existem pavilhões desportivos a mais ou desnecessários em Portugal. Basta fazer contas: recomenda o Conselho da Europa o parâmetro de 0,15m2/habitante para pavilhões e salas desportivas na composição da dotação global de 4m2/habitante de equipamentos desportivos de base – isto é daqueles não especializados ou destinados ao espectáculo desportivo. Se este valor for multiplicado pela população portuguesa, ver-se-á que a totalidade dos pavilhões existentes não cumprirá o standard desejado para a prática físico-desportiva de uma população como a nossa.
Para exemplo serve que, quando da candidatura de Jorge Sampaio à Câmara de Lisboa, contas feitas com base nestes elementos do Conselho da Europa diziam que faltava à capital uma área de equipamentos desportivos de base equivalente a 90 Terreiros do Paço. Tendo em conta tratar-se do atraso da capital – e sabendo do enorme atraso recebido em todo o país – e mesmo sabendo das melhorias conseguidas, podemos afirmar estar-se ainda longe de atingir os valores internacionalmente recomendados.
O problema, nesta matéria, é outro. É o da iliteracia desportiva. O que traduz, algumas vezes, a construção de exageros sem nexo de equipamentos desportivos. Porque assim o dita o dirigente político municipal e assim o apoia a população – porque não sabem e julgam que as transmissões televisivas que vêem são a realidade que precisam; ou porque, se o vizinho tem, não há como ficar atrás. Enfim, exageros de quem não sabe e tem do desporto uma experiência nula – a que, aliás, nada ajuda a inexistência de uma estratégia de desenvolvimento desportivo clara e sustentada no ambiente escolar.
Durante o tempo do III Quadro em que coordenei a Medida Desporto – anteriormente não existiam quaisquer financiamentos directamente destinados às infra-estruturas desportivas - foi feito um grande esforço para evitar o exagero despesista, introduzindo conceitos de polivalência espacial que permitem a utilização permanente dos espaços para diferentes práticas desportivas, mas permitindo também o recurso, nas ocasiões necessárias, à colocação (amovível) de bancadas. Fazendo, no fundo, da mesma forma com que montamos as feiras anuais – quando é preciso, amplia-se. Mas deixando sempre o espaço utilizável para o que é, neste caso dos pavilhões, importante: a prática desportiva. E há bons resultados nessa matéria nos 39 pavilhões e 42 salas desportivas comparticipados pela Medida Desporto. Que espero possam servir como exemplo para a construção de outros novos que venham a surgir.
Pavilhões desportivos municipais que permitam uma prática desportiva sustentada e uma actividade física permanente não existem em demasia. Exageros de pavilhões que ultrapassam as necessidades, há-os – mas não tantos quanto se faz crer. Seja como for, ainda falta um bom número de pavilhões para garantir o equilíbrio territorial para um acesso generalizado que possibilite a igualdade de oportunidades desportivas aos portugueses.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
sábado, 26 de dezembro de 2009
Naturalizados
Volto a citar Eduardo Lourenço: "O nascer num sítio não é destino, é uma contingência.". Contingência que, de acordo entre partes, qualquer um pode alterar. Da naturalização, com excepção da candidatura a Presidente da República, resultam direitos de cidadania idênticos a qualquer cidadão português de nascimento. Segundo a comunicação social, José Mourinho, treinador de futebol, afirmou: "Se algum dia for seleccionador, direi não aos naturalizados". Como tal posição violará direitos de cidadania constitucionalmente estabelecidos, José Mourinho não poderá ser seleccionador nacional. Tão simples quanto isto!
A propósito: uma Selecção Nacional só existe se integrada numa Federação Desportiva detentora do estatuto de Utilidade Pública Desportiva. Que com esse estatuto e sendo assim a federação oficial da modalidade, passa a deter um conjunto de direitos e obrigações, entre os quais os direitos desportivos de organização das selecções nacionais, campeonatos nacionais e atribuição de títulos de campeões nacionais.
A propósito: uma Selecção Nacional só existe se integrada numa Federação Desportiva detentora do estatuto de Utilidade Pública Desportiva. Que com esse estatuto e sendo assim a federação oficial da modalidade, passa a deter um conjunto de direitos e obrigações, entre os quais os direitos desportivos de organização das selecções nacionais, campeonatos nacionais e atribuição de títulos de campeões nacionais.
Feriados
Os senhores empresários (suponho - espero - que sejam só alguns) querem diminuir o número anual de feriados. Já nem falo no contra-senso que, em época de crise e face à escassez de trabalho e elevado número de desempregados, a ideia representa. Diminuir o número de feriados como desculpa necessária ao aumento da produtividade é tão estúpido como aumentar as balizas de futebol para conseguir mais golos. Ou o mar, para que haja mais peixe. E que tal olhar para as questões essenciais que não deixam aumentar a produtividade - procura de novos mercados, adequação dos produtos ao mercado, definir a estratégia para a criação de valor, melhor preparação de empresários, formação para empregados, controlo de custos e despesas, etc. etc. Enfim, gestão empresarial à séria. Seria melhor começo de 2010...
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Pontapé na memória
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Em tempo: e daqueles que a memória não me garantiu na mistura das emoções - as voltas, mais a frio, acabam sempre por lá chegar - não quero esquecer o Zé Eduardo, músico, contrabaixista, e a primeira Escola do Hot que foi lançada quando da nossa direcção e que ele teve a enorme e bem sucedida tarefa de dirigir.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Comprar sonhos
A minha amiga Irene Pimentel (essa mesmo, a Prémio Pessoa) acenou-me, dizendo: "Tenho que ir comprar sonhos."
Estou com ela. Não sei aonde ir mas deve ser a única forma de aguentar o estado das coisas... Vou procurar.
Estou com ela. Não sei aonde ir mas deve ser a única forma de aguentar o estado das coisas... Vou procurar.
Uma coisa repelente
"Eu odeio racismo. Racismo é um sintoma do atraso da humanidade, uma coisa repelente, uma perda de tempo grotesca."
João Ubaldo Ribeiro (1941-), escritor brasileiro (vale a pena lê-lo).
Citado de Público, 18/12/09
João Ubaldo Ribeiro (1941-), escritor brasileiro (vale a pena lê-lo).
Citado de Público, 18/12/09
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
John Le Carré
“Uma secretária é um sítio perigoso para observar o mundo”
Gosto desta frase que serve para lembrar outro conceito importante e decisivo no entendimento do mundo que nos rodeia: na prática, a teoria é outra.
A frase de Le Carré esteve também nas paredes do meu gabinete de trabalho durante muito tempo e servia como lembrete para que todos nós, colaboradores e eu próprio, não perdêssemos de vista a realidade e os factos.
Qualquer decisor, para focar no que verdadeiramente conta, deveria sabê-la de cor. Para se lembrar sempre que há mais mundo do que a vista alcança. E ter dúvidas.
Gosto desta frase que serve para lembrar outro conceito importante e decisivo no entendimento do mundo que nos rodeia: na prática, a teoria é outra.
A frase de Le Carré esteve também nas paredes do meu gabinete de trabalho durante muito tempo e servia como lembrete para que todos nós, colaboradores e eu próprio, não perdêssemos de vista a realidade e os factos.
Qualquer decisor, para focar no que verdadeiramente conta, deveria sabê-la de cor. Para se lembrar sempre que há mais mundo do que a vista alcança. E ter dúvidas.
Lei de Percy
A competência de um líder é inversamente proporcional ao número de ‘yes persons’ que o rodeiam.
Gosto desta lei – muito transportável, de bolso e de uso imediato. Olha-se, conta-se e deduz-se.
Gosto desta lei – muito transportável, de bolso e de uso imediato. Olha-se, conta-se e deduz-se.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Justiça
Basta ser cidadão – não é preciso ser especialista – para que se saiba que a Justiça funciona mal em Portugal. É uma opinião generalizada à enorme maioria de portugueses. Mesmo se, na actual crise, não atribuem, por iliteracia ou receio dos efeitos de empobrecimento, qualquer exigência prioritária. Mas basta ler ou ouvir sempre que a Justiça for tema.
Também sabemos que sem Justiça a funcionar não há estado de direito nem Democracia capazes. Podemos então afirmar que uma Justiça capaz é uma opção estratégica essencial para que possamos viver melhor, com melhor qualidade de vida, com sentimento de pertença mais desenvolvido, sendo mais solidários e menos desconfiados – para que nos sintamos integrados numa cidadania plena. E sendo a República um espaço de cidadania, a Justiça é uma sua arma fundamental.
Sendo assim, a Justiça operacional, equitativa, célere e independente constitui um objectivo estratégico prioritário de qualquer Governo. Como garante da Democracia e do Desenvolvimento. E se o dizem, porque não o fazem ou fizeram?
Não consigo compreender porque tudo continua num estado deplorável, com queixas permanentes de todos e sem que alguém se entenda. A resposta justificativa é velha: não há dinheiro. Como assim? Não há dinheiro?! Para pôr a funcionar um braço do Estado essencial e prioritário? Alguém se lembra de dizer que não há dinheiro para o Governo poder funcionar? Ou a Assembleia da República? Ou a falha é, pura e simplesmente, de incapacidade de organização das diversas componentes que fazem o poder judicial?
Sejamos objectivos: o bom funcionamento da Justiça, a existência de condições para a sua operacionalidade em tempo útil, depende da vontade política necessária do executivo. E se é fácil perceber que é estrategicamente prioritário, é só necessário definir o que fazer e como fazer. O financiamento, se esse for o problema, esse arranja-se na escala de prioridades – passando para segundo plano, coisas segundas.
Também sabemos que sem Justiça a funcionar não há estado de direito nem Democracia capazes. Podemos então afirmar que uma Justiça capaz é uma opção estratégica essencial para que possamos viver melhor, com melhor qualidade de vida, com sentimento de pertença mais desenvolvido, sendo mais solidários e menos desconfiados – para que nos sintamos integrados numa cidadania plena. E sendo a República um espaço de cidadania, a Justiça é uma sua arma fundamental.
Sendo assim, a Justiça operacional, equitativa, célere e independente constitui um objectivo estratégico prioritário de qualquer Governo. Como garante da Democracia e do Desenvolvimento. E se o dizem, porque não o fazem ou fizeram?
Não consigo compreender porque tudo continua num estado deplorável, com queixas permanentes de todos e sem que alguém se entenda. A resposta justificativa é velha: não há dinheiro. Como assim? Não há dinheiro?! Para pôr a funcionar um braço do Estado essencial e prioritário? Alguém se lembra de dizer que não há dinheiro para o Governo poder funcionar? Ou a Assembleia da República? Ou a falha é, pura e simplesmente, de incapacidade de organização das diversas componentes que fazem o poder judicial?
Sejamos objectivos: o bom funcionamento da Justiça, a existência de condições para a sua operacionalidade em tempo útil, depende da vontade política necessária do executivo. E se é fácil perceber que é estrategicamente prioritário, é só necessário definir o que fazer e como fazer. O financiamento, se esse for o problema, esse arranja-se na escala de prioridades – passando para segundo plano, coisas segundas.
Espécie de silogismo
1º - É natural que um Governo democraticamente eleito queira governar com um orçamento feito por si, à medida das suas opções e que lhe permita cumprir o programa com que se apresentou ao eleitorado. Normal, portanto;
2º - Um Governo em minoria tem - pode ter - que se sujeitar às oposições presentes na Assembleia da República. Também normal;
3º - A AR pode portanto e através de coligações (normalmente negativas dada a demasiada distância positiva existente entre partidos) pretender que o Governo governe com diferente Orçamento. Men
os normal, mas acontece;
4º - Ao Governo assiste legitimidade para, desistindo, colocar a procura de soluções nas mãos do Presidente da República. Probabilidade aceitável.
Este é o cenário que qualquer lógica de aprendiz percebe.
Não podendo, pela demasiada distância positiva existente entre partidos, fiar-se nas vantagens de uma moção de censura mas juntando forças para a desistência do Governo e fazendo figas para que ao Presidente da República não passe a ideia de convocar eleições, as senhoras e senhores deputados, não se interrogando no porquê de fazerem o que fazem, movem-se na miragem de uma coligação governamental que sirva os seus interesses. A bem da Pátria, claro.
Este é o sonho da cegueira que provoca duas leis sobre o mesmo assunto.
2º - Um Governo em minoria tem - pode ter - que se sujeitar às oposições presentes na Assembleia da República. Também normal;
3º - A AR pode portanto e através de coligações (normalmente negativas dada a demasiada distância positiva existente entre partidos) pretender que o Governo governe com diferente Orçamento. Men
4º - Ao Governo assiste legitimidade para, desistindo, colocar a procura de soluções nas mãos do Presidente da República. Probabilidade aceitável.
Este é o cenário que qualquer lógica de aprendiz percebe.
Não podendo, pela demasiada distância positiva existente entre partidos, fiar-se nas vantagens de uma moção de censura mas juntando forças para a desistência do Governo e fazendo figas para que ao Presidente da República não passe a ideia de convocar eleições, as senhoras e senhores deputados, não se interrogando no porquê de fazerem o que fazem, movem-se na miragem de uma coligação governamental que sirva os seus interesses. A bem da Pátria, claro.
Este é o sonho da cegueira que provoca duas leis sobre o mesmo assunto.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
INOVAÇÃO
Não há quem não invoque, desde o Presidente da República até qualquer outro cidadão que tenha que botar discurso, a INOVAÇÃO como condição essencial para ampliar a competitividade que há-de aumentar a riqueza dos portugueses. INOVAR É PRECISO! é a palavra de ordem para ultrapassar a crise actual e garantir um desenvolvimento sustentável do país. Muito bem, inovar é bom.
Porém, como tudo, também a inovação tem duas caras – ou duas moedas, para utilizar expressão cara ao Presidente da República. Uma boa e uma má. E é a inovação má que parece estar a prevalecer em Portugal.
Sábado passado um aposentado Inspector do Trabalho, João Fraga de Oliveira, escreveu no Público um interessante artigo sobre o tema. Deu-lhe um título significativo e que explica tudo: “Salários e inovação empresarial: o mínimo da razão directa”.
O que diz esse artigo? Em resumo: que a única e importante atenção dada à inovação empresarial é aquela que permitirá despedir trabalhadores para pagar menos salários. Ou seja, inova-se, despedindo, no conforto da ausência de risco. Porquê assim? Porque, por um lado, os baixos salários continuarão – razão primeira para que não valha a pena inovar para produzir mais e melhor (o custo da pesquisa não é compensado …) e, por outro, o contingente de desempregados permitirá uma exploração desenfreada sustentada (más condições de trabalho, horários alargados, intensificação abusiva de ritmos, diminuição de direitos, desrespeito etc. etc.) numa também cómoda continuidade. Ou seja e como refere o articulista: “Afinal, as vítimas do desemprego não são apenas os desempregados mas, também, sempre, os empregados.”
Aliás outra não será a razão que leva ao posicionamento da Confederação patronal ao realizar que “A actualização do salário mínimo vai causar perda de competitividade, de encomendas e de emprego.” acrescentando a sua coerência na recusa de aumentos aceitáveis do salário mínimo. Porque, verdadeira e empresarioportuguesmente, a INOVAÇÃO é para entreter discursos. Lampedusa sabia muito quando dizia ser “preciso mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma”.
Porém, como tudo, também a inovação tem duas caras – ou duas moedas, para utilizar expressão cara ao Presidente da República. Uma boa e uma má. E é a inovação má que parece estar a prevalecer em Portugal.
Sábado passado um aposentado Inspector do Trabalho, João Fraga de Oliveira, escreveu no Público um interessante artigo sobre o tema. Deu-lhe um título significativo e que explica tudo: “Salários e inovação empresarial: o mínimo da razão directa”.
O que diz esse artigo? Em resumo: que a única e importante atenção dada à inovação empresarial é aquela que permitirá despedir trabalhadores para pagar menos salários. Ou seja, inova-se, despedindo, no conforto da ausência de risco. Porquê assim? Porque, por um lado, os baixos salários continuarão – razão primeira para que não valha a pena inovar para produzir mais e melhor (o custo da pesquisa não é compensado …) e, por outro, o contingente de desempregados permitirá uma exploração desenfreada sustentada (más condições de trabalho, horários alargados, intensificação abusiva de ritmos, diminuição de direitos, desrespeito etc. etc.) numa também cómoda continuidade. Ou seja e como refere o articulista: “Afinal, as vítimas do desemprego não são apenas os desempregados mas, também, sempre, os empregados.”
Aliás outra não será a razão que leva ao posicionamento da Confederação patronal ao realizar que “A actualização do salário mínimo vai causar perda de competitividade, de encomendas e de emprego.” acrescentando a sua coerência na recusa de aumentos aceitáveis do salário mínimo. Porque, verdadeira e empresarioportuguesmente, a INOVAÇÃO é para entreter discursos. Lampedusa sabia muito quando dizia ser “preciso mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma”.
Álvaro Siza
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Álvaro Siza é uma personalidade fascinante para quem conhece a sua obra e cativante para quem conhece a sua pessoa. Olhar a sua obra é um prazer para os sentidos e para a inteligência. E um exemplo ético para quem é da profissão.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Nem bom vento...
Pois é… devem ter razão: de Espanha nem bom vento, nem bom casamento. Depois de sabermos do mau vento da vontade mal-agradecida de Franco - ignorando pactos e desdenhando de convites para futuras caçadas - sabemos agora que Salazar mandou que os do Estado-Maior elaborassem os planos necessários para a defesa terrestre do país, não fosse vir aí uma catrefa de espanhóis. Os antigos tinham toda a razão - e os militares também - o IN estava em terras de Castela. Mas se caldos de galinha não fazem mal a ninguém, Salazar, sempre previdente, ordenou também, ao que dizem em conjunto luso-britânico, o estudo defensivo de Lisboa contra ataques aéreos ou vindos do mar. Não fosse o diabo tecê-las e a proposta obrigatória de noivado fosse outra.
domingo, 6 de dezembro de 2009
Stefano Allievi
“Ouvir as pessoas não quer dizer aceitar o que elas dizem.”, Stefano Alllievi, italiano, sociólogo, professor universitário e coordenador do estudo Conflitos sobre as Mesquitas na Europa – Temas e Tendências Políticas.
Se, para quem tem responsabilidades, é preciso (é um dever) ouvir as pessoas, o facto de as ouvir não obriga a aceitar ou concordar. Mas impede a ignorância…e obriga a pensar.
Se, para quem tem responsabilidades, é preciso (é um dever) ouvir as pessoas, o facto de as ouvir não obriga a aceitar ou concordar. Mas impede a ignorância…e obriga a pensar.
Joaquim Vieira
“O que significa que, quando o jornal nada mais publica após um desmentido, reconhece implicitamente que o reclamante tem razão ou que não possui dados que o contradigam.” in A verdade a que temos direito, Público, 6/12/09.
Mesmo entre parêntesis, tomarei como boa esta definição do Provedor do Leitor do jornal Público. Espero que assim seja reconhecido - pelos leitores e pelos jornalistas.
Mesmo entre parêntesis, tomarei como boa esta definição do Provedor do Leitor do jornal Público. Espero que assim seja reconhecido - pelos leitores e pelos jornalistas.
Manuel Alegre
“Há um poder dos cidadãos, a democracia é de todos, a República não tem donos.”
Um dos slogans de Maio de 68 de que mantenho a lembrança, dizia: os ouvidos têm paredes. Que se repita o conceito tantas vezes que não fiquem dúvidas sobre a Liberdade que nos assiste.
Um dos slogans de Maio de 68 de que mantenho a lembrança, dizia: os ouvidos têm paredes. Que se repita o conceito tantas vezes que não fiquem dúvidas sobre a Liberdade que nos assiste.
Para que conste
O Open Society Institute realizou um estudo que denominou como Muçulmanos na Europa – Um Relatório em 11 Cidades da União Europeia.
O resultado deste estudo (e cito a resenha do Público de 6/12/09) desmente três mitos:
- Primeiro, que os muçulmanos não se queiram integrar;
- Segundo, que as necessidades dos muçulmanos são diferentes;
- Terceiro, que os muçulmanos não se envolvem na vida política e cívica.
Ao contrário da vergonhosa imposição na Suiça – repetitiva, segundo Cohen Bendit, que lembra o comportamento suíço na II Guerra Mundial – é com os valores europeus de igualdade, justiça e respeito que a UE e os seus países-membros tem de enfrentar estes problemas étnico-religiosos, impedindo a aceitação da discriminação como normalidade.
30 anos do Panathlon
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O Panathlon Clube de Lisboa fez 30 anos. Realizou um jantar comemorativo onde estiveram presentes para além dos seus membros, o Secretário de Estado da Juventude e Desporto e diversos convidados (fui um deles), tendo a direcção do clube atribuído um prémio especial ao Luís Caldas, notável figura do Desporto e a quem me liga a amizade.
Sendo um clube com finalidades éticas e culturais e que pretende aprofundar e defender os valores do Desporto, a noite teve a intervenção de fundo de Bagão Feliz sob o título “A Ética e o Desporto”, muito interessante pelas relações multidisciplinares que apresentou.
O correr das coisas e das falas das diferentes intervenções tirou-me da memória uma frase de Roy Dysney, autor americano, de que gosto particularmente e que esteve anos nas paredes do meu gabinete de trabalho: “quando os teus valores são claros para ti, tomar decisões torna-se mais fácil.” O que, valendo para o bem e para o mal, para o dito e o não dito, possibilita sempre perceber o enquadramento de cada decisão e o valor de cada palavra, permitindo-nos aquilatar da ética que suporta as acções de cada momento e de cada um. Gosto da frase e mantenho-a presente.
Sendo um clube com finalidades éticas e culturais e que pretende aprofundar e defender os valores do Desporto, a noite teve a intervenção de fundo de Bagão Feliz sob o título “A Ética e o Desporto”, muito interessante pelas relações multidisciplinares que apresentou.
O correr das coisas e das falas das diferentes intervenções tirou-me da memória uma frase de Roy Dysney, autor americano, de que gosto particularmente e que esteve anos nas paredes do meu gabinete de trabalho: “quando os teus valores são claros para ti, tomar decisões torna-se mais fácil.” O que, valendo para o bem e para o mal, para o dito e o não dito, possibilita sempre perceber o enquadramento de cada decisão e o valor de cada palavra, permitindo-nos aquilatar da ética que suporta as acções de cada momento e de cada um. Gosto da frase e mantenho-a presente.
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Messi, Bola de Ouro 2009
Leonel Messi é produto de uma cantera que não se deslumbra com habilidades circenses – ensina futebol, inserindo a capacidade técnica num modo colectivo de entender o jogo. Por isso Messi – que mete a bola no bolso se preciso for - é capaz de pressionar, de recuperar bolas, de criar problemas a adversários e servir companheiros para que a equipa continue a pressionar o adversário e a dominar o jogo. Pela garra com que se bate, pela inteligência colectiva que coloca no jogo, Messi é um predestinado que gostaria, ao contrário de outros, de ter numa equipa que treinasse. Espero ainda que ganhe o título de melhor futebolista mundial.
Cristina de Kirchner, Presidente da Argentina
“Não há muita democracia ou pouca democracia: ou há democracia ou não há democracia. É como a gravidez: não se está muito grávida ou pouco grávida. Ou se está grávida ou não se está grávida.” (Lisboa, Cimeira Ibero-Americana, Dezembro 2009) .Clarinho como água.
Tratado de Lisboa
Enquanto europeísta convicto tenho grandes expectativas com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa. Espero assim que a Europa possa finalmente mostrar-se como o espaço geo-político que nos levou a ser favoráveis à adesão. Os dados estão lançados e será da exclusiva responsabilidade dos actuais políticos dos países da União qualquer falhanço da colocação da Europa na cena dos actores mundiais. Quem é a favor da Europa e da União sabe que existem as condições para garantir a esta massa de 500 milhões de cidadãos uma qualidade de vida decente, em liberdade e democracia. Basta que se entendam. Impondo as regras dos valores que nos são caros e clarificando exigências. Solidariamente. E que os europeus compreendam a razão do aviso de António Machado: “Caminante, no hay camiño/ se hace camiño al andar”.
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Centenário do COP
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O Comité Olímpico de Portugal fez 100 anos no passado dia 27 de Novembro. Desde 1912, Jogos de Estocolmo, que tem participado em todos os Jogos. É obra!
No jantar festivo, Carlos Lopes, o enorme atleta, recebeu o prémio de Atleta do Centenário. Jacques Rogge, Presidente do Comité Olímpico Internacional – e por acaso ex-internacional belga de rugby – esteve presente bem como Sebastian Coe, duplo campeão dos 1500m em Moscovo e Los Angeles e actual presidente do Comité Organizador dos Jogos Londres 2012 – e que, também por acaso, encontrei nas Açoteias, treinava eu a selecção nacional de juniores de rugby e ele, correndo à volta do campo na pista de 4 corredores, treinava para as medalhas olímpicas – que considerou Carlos Lopes como o atleta europeu do século.
Presentes, nos cerca de 900 convidados, muitos mais entre dirigentes olímpicos internacionais, atletas reconhecidos – como a Rosa Mota e o Sergei Bubka (que vi saltar por cima de dois andares no antigo Alvalade) – treinadores como o Moniz Pereira e inúmeros nomes ligados ao Desporto. Bom e festivo encontro de amigos da causa.
No jantar festivo, Carlos Lopes, o enorme atleta, recebeu o prémio de Atleta do Centenário. Jacques Rogge, Presidente do Comité Olímpico Internacional – e por acaso ex-internacional belga de rugby – esteve presente bem como Sebastian Coe, duplo campeão dos 1500m em Moscovo e Los Angeles e actual presidente do Comité Organizador dos Jogos Londres 2012 – e que, também por acaso, encontrei nas Açoteias, treinava eu a selecção nacional de juniores de rugby e ele, correndo à volta do campo na pista de 4 corredores, treinava para as medalhas olímpicas – que considerou Carlos Lopes como o atleta europeu do século.
Presentes, nos cerca de 900 convidados, muitos mais entre dirigentes olímpicos internacionais, atletas reconhecidos – como a Rosa Mota e o Sergei Bubka (que vi saltar por cima de dois andares no antigo Alvalade) – treinadores como o Moniz Pereira e inúmeros nomes ligados ao Desporto. Bom e festivo encontro de amigos da causa.
A quantidade do ensino
Não tendo mais paciência para um pouco interessante Sporting-Benfica, zapei para ancorar num programa da SIC Notícias onde Nuno Crato e Maria do Carmo Vieira falavam sobre Educação com a presença ainda de Medina Carreira e a moderação de Mário Crespo. Não saí mais de lá. Excelente demonstração do que é o sistema de ensino em Portugal e da sua mediocridade. Percebi o fundo da questão: a dominância do contexto sobre o conteúdo. Pior: existe um manifesto desprezo pelo conteúdo – o conteúdo não interessa, o que interessa são as competências (alguém me explica o significado disto?). Compreendi: não se aprende nada! E percebi também o resultado: manter a ignorância, ignorante.
Porque este sistema que se apoia na valorização da quantidade e que se baseia em princípios bárbaros recheados de grandiloquências apenas garante uma coisa: quem é filho d’algo singra; quem não tem a sorte de casa, fica. O que aliás - não desalinhando da peregrina ideia de responsabilizar a família pela educação e desenvolvimento do saber de cada criança – garante a continuidade do quartel-general em Abrantes.
O exemplo e conclusão dados por Nuno Crato são elucidativos do método (cito de ouvido): não se pode saber que 7+7 são catorze; o que se deve saber é que 7 são 5+2 e que, sendo 5+5 igual a dez como todos sabemos e que 2+2, também como sabemos, são 4, então 7+7 será o mesmo que 10+4. Resultado: dificilmente se chegará a saber que 7+7 são catorze.
Assustador?! Medina Carreira anuiu, declarando: o país está a ser tomado lentamente pelos medíocres. Entre o que é e o que deveria ser existe uma óbvia conversa de surdos que atinge a idiotice completa com as soluções apresentadas. Resultando claramente num cada vez mais desastroso desempenho das escolas públicas e estabelecendo o primado dos economicamente poderosos.
É para isto que serve e foi pensada a escola republicana?! Ninguém, com poder e responsabilidade, se preocupa? O Cardoso Pires, na razão de Alexandra Alpha, tem razão? Isto é um sítio? Mal frequentado?
Porque este sistema que se apoia na valorização da quantidade e que se baseia em princípios bárbaros recheados de grandiloquências apenas garante uma coisa: quem é filho d’algo singra; quem não tem a sorte de casa, fica. O que aliás - não desalinhando da peregrina ideia de responsabilizar a família pela educação e desenvolvimento do saber de cada criança – garante a continuidade do quartel-general em Abrantes.
O exemplo e conclusão dados por Nuno Crato são elucidativos do método (cito de ouvido): não se pode saber que 7+7 são catorze; o que se deve saber é que 7 são 5+2 e que, sendo 5+5 igual a dez como todos sabemos e que 2+2, também como sabemos, são 4, então 7+7 será o mesmo que 10+4. Resultado: dificilmente se chegará a saber que 7+7 são catorze.
Assustador?! Medina Carreira anuiu, declarando: o país está a ser tomado lentamente pelos medíocres. Entre o que é e o que deveria ser existe uma óbvia conversa de surdos que atinge a idiotice completa com as soluções apresentadas. Resultando claramente num cada vez mais desastroso desempenho das escolas públicas e estabelecendo o primado dos economicamente poderosos.
É para isto que serve e foi pensada a escola republicana?! Ninguém, com poder e responsabilidade, se preocupa? O Cardoso Pires, na razão de Alexandra Alpha, tem razão? Isto é um sítio? Mal frequentado?
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