terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A quantidade do ensino

Não tendo mais paciência para um pouco interessante Sporting-Benfica, zapei para ancorar num programa da SIC Notícias onde Nuno Crato e Maria do Carmo Vieira falavam sobre Educação com a presença ainda de Medina Carreira e a moderação de Mário Crespo. Não saí mais de lá. Excelente demonstração do que é o sistema de ensino em Portugal e da sua mediocridade. Percebi o fundo da questão: a dominância do contexto sobre o conteúdo. Pior: existe um manifesto desprezo pelo conteúdo – o conteúdo não interessa, o que interessa são as competências (alguém me explica o significado disto?). Compreendi: não se aprende nada! E percebi também o resultado: manter a ignorância, ignorante.

Porque este sistema que se apoia na valorização da quantidade e que se baseia em princípios bárbaros recheados de grandiloquências apenas garante uma coisa: quem é filho d’algo singra; quem não tem a sorte de casa, fica. O que aliás - não desalinhando da peregrina ideia de responsabilizar a família pela educação e desenvolvimento do saber de cada criança – garante a continuidade do quartel-general em Abrantes.

O exemplo e conclusão dados por Nuno Crato são elucidativos do método (cito de ouvido): não se pode saber que 7+7 são catorze; o que se deve saber é que 7 são 5+2 e que, sendo 5+5 igual a dez como todos sabemos e que 2+2, também como sabemos, são 4, então 7+7 será o mesmo que 10+4. Resultado: dificilmente se chegará a saber que 7+7 são catorze.

Assustador?! Medina Carreira anuiu, declarando: o país está a ser tomado lentamente pelos medíocres. Entre o que é e o que deveria ser existe uma óbvia conversa de surdos que atinge a idiotice completa com as soluções apresentadas. Resultando claramente num cada vez mais desastroso desempenho das escolas públicas e estabelecendo o primado dos economicamente poderosos.

É para isto que serve e foi pensada a escola republicana?! Ninguém, com poder e responsabilidade, se preocupa? O Cardoso Pires, na razão de Alexandra Alpha, tem razão? Isto é um sítio? Mal frequentado?

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