A FIFA, através da sua International Board, decidiu não recorrer a ajudas tecnológicas. Apresentando uma razão fundamental: para preservar o futebol como jogo humano.
Melhor não conseguiria imaginar. Nem mais tonto.
Mas, pensando bem: sendo o erro, o engano, o roubo, a aldrabice tão humanos como o certo, o verdadeiro, a decência e outras coisas mais, o futebol limitou-se a manter a enorme abertura que o caracteriza - com excepção, claro, dos estádios onde a segregação social é total (aqui há direito a álcool, ali, nem pensar! etc., etc.)
Podemos ficar descansados. O perfume da dúvida, mantém-se. Iremos continuar a ver as mãos de Maradona, de Vata, de Henry a eliminar adversários; a saber de golos que, cheirando a linha, umas vezes são, outras não; a ver foras-de-jogo quilométricos - pela distância que nos permite abrir o ângulo de visão - que bandeirinhas nunca - a ciência avisa-o - poderiam ver. Enfim, o erro continuará a fazer parte da coisa - e os que pretendem evitá-lo (rugby, ténis, futebol americano, entre outros) não passam de senis humanóides...
Só me faz espécie que, sendo uma decisão notavelmente estúpida e sem sentido, não se queira ver o interesse que a promove. Duvido que seja para nos garantir, a nós espectadores, momentos de alívio da tensão, berrando contra o quarteto de arbitragem, jogadores e adeptos contrários. Quer dizer, que seja a função social do alívio...
Será então porque a dúvida, ao alimentar uma indústria envolvente do jogo e constituída por televisão, jornais, revistas, vídeos, sites e sei lá mais o quê, transforma o futebol num negócio que não se importa de viver paredes meias com a negligência? Será?
segunda-feira, 8 de março de 2010
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