sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Do Desporto à Empresa

Fui recentemente, em companhia do Manuel Pedroso Marques, convidado pela administração da EMEL – a empresa de estacionamento de Lisboa – para ir fazer uma palestra aos seus quadros sobre a construção das equipas, tendo por base a construção das equipas desportivas (Pedroso Marques falou de estratégia). Mostrar pontes entre uma equipa desportiva e uma equipa empresarial, assinalando as vantagens da relação, era o desafio que me era colocado.

O desafio não era simples – a EMEL tem uma espécie de dupla personalidade: por um lado, procura melhorar a qualidade de vida dos lisboetas (é isso que pretende mostrar na sua publicidade); por outro, não é vista como amigável por grande parte dos automobilistas que usam Lisboa – não lhes garante lugares, obriga-os a pagar por eles e multa-os sempre que pode. Comparando, poderia dizer-se que se comportam muitas vezes como Cardoso ao mandar calar a massa associativa benfiquista – desprezando, exagerando relativamente, aqueles que os sustentam.

A questão era portanto mostrar-lhes os princípios que permitem a construção de uma equipa capaz – propósitos definidos, perspectivas alinhadas e movimentos sincronizados – e como é possível aplicá-los às empresas no sentido de melhorar a sua capacidade e produtividade.

Mesmo atendendo às diferenças – numa equipa desportiva é, muitas vezes, a eficácia o factor determinante do sucesso; numa empresa a eficiência ganha uma importância relevante – há muito daquilo que se sabe, utiliza e procura nos desportos colectivos para utilizar nas empresas.

Foi divertido – eu gostei, eles gostaram (ou, porventura apenas por simpatia, assim mostraram).

Muitos dos quadros da EMEL talvez tenham percebido o funcionamento das equipas desportivas – o que, mesmo que não o tenham conseguido relacionar com a aplicação empresarial, pode permitir-lhes compreender melhor as prestações semanais das equipas dos seus clubes… – e que há um domínio na área do desporto que, por ser uma espécie de cadinho social – onde tudo se passa mais depressa e de forma mais intensa – permite ilações pertinentes para a produção empresarial.

A dificuldade do trabalho em equipa – forma complexa de organização onde se relacionam competição e cooperação – reside no facto de ser necessário articular as expectativas individuais e alinhá-las pela perspectiva dos objectos colectivos. Não é fácil mas as grandes equipas fazem-no: garantindo que o todo se torne maior do que a soma das suas partes.

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