terça-feira, 12 de outubro de 2010

Paulo-Guilherme

Se não sabes, pergunta.
Se não te respondem, procura.
Se não encontrares, inventa.
Vais ver que descobres...


Quando o conheci perguntei-lhe se ele era o menino preguiçoso do livro do seu pai*. Disse-me que sim - achei graça porque o tinha lido na escola primária. Foi na altura de uma palestra sua sobre a paixão do dito Poliptico de S. Vicente de Fora. Já então tinha lido o seu livro "...o segredo, o poder e a chave", um tratado pleno de relações matemáticas e proporções geométricas. Absolutamente genial. Logo no propósito: um manual de instruções para a leitura da Batalha e dos seus segredos - e da descoberta do tesouro dos templários que aí colocava porque Como diria o Senhor de La Palisse/ se o tesouro dos Templários/ não se encontrou/ em parte alguma/deve continuar a estar/ em qualquer parte. As tábuas em dois tripticos - a janela gótica a desenhar-se no capacete de um guerreiro. Lá em cima, Afonso Domingues, o arquitecto cego - já viram aqueles olhos?... - com a sacola de desenhos e a cofragem de madeira. O livro é belíssimo e cheio de geometrias notáveis, a ideia excelente - pouco importando se resulta verdadeira ou não.

Repito: genial! Que o procurem e leiam.

Também o seu O Dilúvio de Quéops notável.

Faleceu sábado passado. Tenho muita pena e sinto-o profundamente. Gostava da inteligência da sua cultura e criatividade.

* História de Portugal para meninos preguiçosos, Olavo D'Eça Leal com ilustrações de Manuel Lapa

Paulo-Guilherme D'Eça Leal (1932-2010), gráfico, pintor, designer, ilustrador, escritor, cenarista, arquitecto, fotografo, poeta e o que mais a criatividade permitisse.

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