sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Gaivotas




Gaivota-argêntea
Larus argentatus

"À parte serem lindas. Elas planam, na boleia do vento, curiosas acerca de onde ele as levará. Quando aterram, recolhem as asas com pressa de mais, como se não quisessem confundir-se com aves. Depois passeiam, mais pedantes do que pomposas, até pararem quietas, num vasto colóquio onde ninguém fala mas todos se conhecem, falando para dentro, como autoridades tão pançudas como dogmáticas, que mais ninguém entende.
Chegam sempre tardias, sozinhas ou em pares. Mas quando partem, partem todas ao mesmo tempo. Voam connosco e levam-nos com elas. Por muito que ouça difamá-la, não lhes acho um único defeito"
Miguel Esteves Cardoso, Ainda ontem, "As gaivotas ciganas", Público

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