A estupidez humana é sempre muito pretenciosa.
corolário possível de As Lei Fundamentais da Estupidez Humana de Carlo M. Cipolla
A diferença entre um conhecedor e um amador convencido - situação muito próxima ou idêntica mesmo da estupidez - é que o último contenta-se sempre com a solução mais fácil, mais imediata, sem perceber nem causas nem consequências nem saber articular estratégias com objectivos - resultando daí efeitos prejudiciais indiscriminados - enquanto que o conhecedor analisa, articula, testa, ouve e propõe soluções que se articulam com os valores sociais essenciais - propondo assim soluções mais justas - que permitam chegar ao mesmo necessário objectivo.
Ao contrário do que mostram pensar os precipitados primários não há apenas uma solução. Seja para o que for. Há sempre outros caminhos. Há sempre escolhas.
E é obrigatório garantir respeito nas decisões de interesse público.
A este propósito cito Anthony Atkinson publicado no jornal Público de 2 de Julho p.p.
"[...] já há movimentos a defender ideias novas que o tornam possível. Em parte, é reconhecer que se queremos baixar o nível da dívida nacional - porque é um fardo para os filhos e netos - ter-se-á de reconhecer que também não é bom para eles caso se corte em infra-estruturas públicas, hospitais, estradas, etc.. E que, se o fizerem, será muito gravoso para a educação. As crianças são quem mais vai sentir esse esforço. É desonesto reduzir a divída nacional para ajudar os nossos filhos e netos e, ao mesmo tempo, passar-lhes um país sem bons hospitais, escolas ou estradas e onde não lhes são dadas oportunidades para trabalhar. As suas vidas serão afectadas para sempre. Há que reconhecer que, se estamos a alterar as regras orçamentais, as despesas de capital não deveriam fazer parte do cálculo do défice orçamental.
[...]
Temos de encorajar as pessoas. Ter-se-á de desenhar um pacote de austeridade que ajude esse esforço, e não o inverso. Pode ser feito, por exemplo, com impostos na área ambiental. Ou com impostos sobre rendimentos mais elevados."