Acho sempre graça que os comentadores que se afirmam da direita venham a terreiro levantar fantasmas que, mantendo uma visão académica do espectro, julgam atribuíveis à esquerda. E não deixa de ser curioso os avisos que lançam, com o ar de grandes defensores da coisa pública, sobre os malefícios disto e daquilo. Tão pouco se coibem de chamar a atenção - pretendendo tomar ares de cuidadosos - sobre os perigos que representará, neste tempo que decorre da escolha do próximo Presidente da República, a não eleição do seu protegido.
E são notáveis no faz-de-conta, fazendo de conta que o que defendem se baseia em princípios universais e não na defesa dos privilégios que garante o status quo.
Não me revendo também em algumas tretas de natureza pseudosocial - se eu lá estiver vamos todos ter emprego - detesto que façam de mim parvo. E há evidências irrecusáveis... e não explicadas.
E para que se veja que no mundo a divisão esquerda/direita existe lembro o que se passa nos Estados Unidos: depois do forró iniciado com Reagan do absolutismo do mercado livre e travado com Obama com a implementação da regulação conhecida por Dodd/Frank, como justificar o ataque cerrado da maioria republicana do Congresso para o retorno à situação anterior de interesse dos poderosos de Wall Street? A resposta justificativa salta à evidência: porque o desenvolvimento permitido pelo absolutismo do mercado irá permitir o reforço dos mais poderosos, dos mais ricos, e irá terminar num novo crash que, como hoje ressalta, permitirá novas concentrações, num ciclo vicioso de vantagens para os mais poderosos. Á custa dos mais desfavorecidos e mais desprotegidos.
Não há portanto nenhum interesse particular em garantir que não haverá mudança...
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
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